Nove

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            Penny Stone

— Esse lugar está vazio...
       Meu sussurro flutuou no ar, enquanto minha mão pairava na espada de prata em minha cintura.
— Eu posso sentir uma perturbação — Ashley sussurrou em resposta.
       Coloquei a mão sobre o portaozinho e empurrei, fazendo o objeto ranger por todo o percurso, num lamento agourento.
— Tomem cuidado...
         Eu fui em frente, enquanto os outros se espalhavam pelo jardim, cercando a casa velha. Subi os três degraus da varanda e mexi no trinco da porta.
          Trancada.
— Ashley...
          Me afastei para que Ashley pudesse usar um de seus feitiços para abrir a porta. Dei as costas e fui analisar a lateral da casa.
         A porta explodiu, e Ashley voou no ar, caindo na grama lá embaixo com um baque surdo e um gemido. Imediatamente uma mulher se virou para mim, dentes arreganhados.
— Olá, Majestade.
          Ergui o braço e sacudi para baixo no momento em que a bruxa me lançou um jato de luz roxa. O escudo de proteção enfeitiçado que Ashley fez para mim absorveu a luz, vibrando.
         Girei no ar, batendo um pé na parede e outro no rosto da bruxa. Enrosquei minha perna livre no pescoço dela e caí para baixo, jogando-a no chão ao lado de Ashley, que enfiou uma adaga no peito da mulher.
        Olhei para dentro da escuridão, tentando ver algo. Empunhei minha arma e entrei na cova dos inimigos.
        Precisei de alguns segundos para minha vista se adaptar. A sala estava vazia, exceto por uma criança sentada no chão, olhando para mim com olhos verdes vivos. Seus cabelos eram cor de mel, caindo em ondas pequenas até a cintura.
— Quem é você?
         A garotinha apenas me olhou impassível, sem se mexer um milímetro.
— Quem é você?
        Tive um fração de segundos para me abaixar, quando a outra mulher pulou sobre mim, dentes e unhas à mostra. Ela fedia, e conseguiu me morder antes que eu a acertasse no estomago.
        Puxei uma faca da bota e outra de dentro do cinto. Começamos a girar em círculo, e a bruxa achou melhor me amaldiçoar. Ativei meu escudo, e atirei uma faca no peito da mulher com uma precisão incrível, fazendo-a tombar morta.
— Desculpe por isso — falei para a menina que assistia tudo com curiosidade. — Era eu ou ela.
— Não se culpe quando a hora chegar — a menina falou sem pestanejar. — O destino foi bem claro, chamando uma para a luz e outra para a escuridão.
— Do que você está falando? Quem é você? O que está fazendo aqui?
— Perguntas demais, Penny. Acho melhor você ir embora, antes que elas voltem, as outras que saíram.
— Venha comigo!
        Ela olhou para mim com perspicácia, e se levantou. Devia ter uns sete anos. Estendi minha mão, e ela a segurou.
         Ashley estava esperando lá fora, e arregalou os olhos quando viu a garotinha.
— Quem é essa?
— Elise — a menina respondeu por mim. — Mas a maioria de vocês me conhecem por Oráculo.
        Ashley arquejou, assim como muitos ali presente.
— Oráculo? — franzi a testa.
— Vossa Majestade nunca ouviu falar?
— Teremos tempo para isso, agora vamos — Ashley falou sem paciência. — Não quero ter que enfrentar um exército sozinha.

Alma SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora