Capítulo 12

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Apesar da nossa conversa de segunda, não nos vimos muito durante a semana, infelizmente. Queria que fosse diferente. Sim, eu realmente queria resgatar aqueles poucos minutos em que ele simplesmente fala comigo, ou, sei lá, só ficarmos um perto do outro. Não tenho ideia do que se passa na cabeça daquele louco, mas ele está tão agradável, sempre me fazendo sorrir.

Hoje é sábado e, mais uma vez, não consegui prolongar meu sono até meio dia, como gostaria. Desvio alguns cachos do meu rosto, tentando rabiscar algumas palavras na folha do meu caderno. Eu devia estar escrevendo uma dissertação para entregar na aula, mas não consigo pensar em nada. Mesmo pesquisando sobre a intolerância religiosa e tendo a estrutura em mente, não consigo fazer as palavras fluírem.

Que raiva!

Mordisco a ponta da caneta, pensativa. Pela música alta que ecoa pelas paredes do meu quarto, mal ouço as batidas na porta. Três batidas. É Adam.

– Entre! – Grito.

– Eu não achei que você seria do tipo que escuta Rock. – Comenta, parando ao meu lado.

– Jake me influenciou, mas as letras são ótimas: no final, no cair da noite, quem contará a história vida? E quem se lembrará do seu último adeus? – Uma pequena curva se forma no canto do seu lábio.

– Um tiro na alma.

– Exatamente. – Sorrio.

Adam olha os cadernos por cima do meu ombro, franzindo o cenho.

– Está estudando?

– Não, eu costumo revisar as matérias durante a semana e descansar aos sábados e domingos. Estou tentando escrever uma redação, mas não consigo pensar em nada. – Respondo, torcendo o nariz.

– Ótimo! Hoje eu tenho o dia inteiro livre, o que acha de dar uma volta por aí?

– Adoro quando você especifica as coisas... – Reviro os olhos.

– Não seria surpresa se eu especificasse.

Solto um suspiro indignado; Adam ri.

– É um lugar um pouco mais frio do que aqui e nós vamos andar, então melhor vestir alguma coisa mais confortável. Espero você lá embaixo. – Diz, deixando o quarto.

– Eu nem disse se iria ou não! – Exclamo.

– Com esse sorrisinho, eu não preciso que diga nada. – Lança-me um olhar astuto antes de sumir pelos corredores.

Solto mais um suspiro para tentar apagar o tal "sorrisinho" do meu rosto, fechando os cadernos. Estamos no meio do outono e, aqui na minha província, o clima é muito estranho. Muito mesmo. Durante o inverno, a temperatura despenca, durante o verão, sobe rapidamente, mas o que me dá raiva mesmo é o fato de não nevar, salvo em pouquíssimos lugares.

Na minha cidade, por exemplo, é mais que necessário usar ar-condicionado, assim como casacos pesados. Já que Adam disse que onde vamos é mais frio do que aqui, procuro uma blusa de lã e uma jaqueta jeans que um dia pertenceu a Jake e, levando em consideração o que ele falou sobre andar, calço um tênis surrado e velho que eu adoro. Levo comigo meu celular e o volume de O Conde de Monte Cristo que Willian me deu há tanto tempo.

Desço as escadas correndo. Adam está me esperando no hall de entrada, como disse que estaria. Sorri para mim e me conduz à garagem, onde um carro branco nos espera.

– Você vai me levar...?

– Já disse, é uma surpresa.

– Diz isso porque tem medo de eu não gostar ou o quê? – Resmungo, revirando os olhos.

Sombras da Luz (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora