Capítulo 54

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Estou começando temperando o frango para colocar para assar quando recebo uma mensagem da Cinderela dizendo que só vai dar para ela vir mais tarde. Deixo o assado para o jantar então e esquento a comida de ontem para comer. Sento no sofá e pego a caixinha que está na mesa de centro abro e fico admirando o anel que descobri estar no criado mudo do quarto da minha mãe. Ele era banhado a ouro e tinha uma delicada pedra de safira. Não sei como ele acabou parando lá, mas fico feliz por estar com ele sabendo que minha mãe iria querer que a mulher que eu escolhesse fosse a dona dele. Havia tanta coisa que não conseguia entender, como o porquê da Parker ter me falado sobre a essa casa, ela pertencia a minha mãe e não havia mais ninguém de sua linhagem vivo, sendo assim o conselho pegam os bens que pertenciam a eles tomando para si. Eu só ficara com a fortuna e alguns bens do meu pai, mas o mais importante para mim era sua espada. Essa era a única coisa que o Parker fez de bom para mim ao me entrega-la quando era uma criança e soube no momento em que a peguei que deveria honra-la. Que deveria honrar o nome dos Holder, sendo o ultimo daquela linhagem.

Com o anel eu também achei um diário que pertencia a minha mãe, contudo não conseguia lê-lo, porque sabia que assim que o abrisse iria conhecer a mulher de verdade a pessoa que me deu à luz. Não queria ter esse conhecimento preenchendo o vazio que sempre existiu dentro de mim. Não queria ter mais motivos para ter tido a oportunidade de ter a conhecido em vida. Mas no fundo eu queria saber o que estava guardado ali. As páginas estavam amareladas pelo tempo, contudo a sua caligrafia ainda era visível e via da onde veio o meu hobbie de sair escrevendo versos por todos os cantos. Nas outras páginas tinham algumas fotos dela quando pequena com seus pais. Meu avô era muito parecido comigo, já minha avó era totalmente diferente. Sua pele era morena e seus cabelos pretos cacheados com olhos cor de avelã, só alguns traços eram encontrados em minha mãe e em mim, como o formato dos olhos e os lábios. Vendo ali as duas sorrindo para a câmera fez meu coração doer. Eu queria ter pelo menos ter uma foto dos meus pais comigo assim. Passei as próximas fotos vendo aquela menina se transformar em uma mulher e em todas conseguia notar a caçadora nata que era. Nunca gostei que os caçadores fossem separados por números, porque duas mulheres me mostravam nitidamente que isso estava errado. Minha mãe era uma 4, mas era uma caçadora muito melhor que muitos que estavam no conselho. Esse ciclo continua comigo, porque sei que sou capaz de lutar contra muitos daqueles 5. Continuo folheando o diário e encontro fotos de minha mãe com seus amigos caçadores e em algumas delas vejo meu pai ali presente, contudo só em uma foto em que ele está por trás dela que os vejo realmente próximos. Leio um pouco do que ela escrevera sobre meu pai e rio.

Ele irá me dar um belo trabalho para transforma-lo em um bom caçador. Hoje ficamos até o anoitecer treinando e ele não fora nem capaz de acertar um misero golpe em mim. O pior de tudo é que eu facilitei para ele e mesmo assim não conseguiu. Parece que os meus esforços são em vão, contudo não vou desistir. Eu prometi para eles que iria fazer dele um bom caçador e vou cumprir minha promessa. O Ian irá se tornar um dos melhores caçadores.

Nunca teria imaginado que minha mãe foi à treinadora do meu pai. Leio seus relatos de como meu pai era um fraco nas lutas, mas depois de algumas páginas vejo sua letra rabiscada e meu pai sendo amaldiçoado.

Mentiroso, cretino, idiota, burro e argh! Não acredito que ele e até a sua família apoiara essa mentira. Hoje eu o vi lutar contra demônios e... não tenho palavras para descrever o quanto ele era habilidoso. Sua espada não era uma arma e sim uma extensão de seu braço. Seus movimentos eram certeiros e com pouco tempo de luta os três estavam mortos antes mesmo de meu cérebro raciocinar o que estava acontecendo naquele momento, porque aquele cara não era o mesmo que eu estava ensinando a lutar. Ele não precisa de mim para ser um bom caçador, quando já era um e dos melhores, mas então porque sua família me pedira para treina-lo? A resposta veio quase que imediatamente e quando ele percebeu minha presença veio correndo para conversar comigo. Mas eu já sabia. Seus pais queriam que nós se aproximássemos e arrumaram essa desculpa para isso acontecer. Meu ego tinha ido às alturas quando recebi o convite, mas me sentia uma idiota por ter caído nessa mentira. Não queria ouvir nada dele, mas seu braço segurara o meu e sentir seu toque naquele momento foi totalmente diferente das outras vezes. Eu enxergava uma suplica em seus olhos para que eu ficasse que fez com que minhas pernas derretessem. Eu não devia me sentir assim agora, deveria chuta-lo onde mais dói nele e ir embora, contudo eu fiquei e ouvi tudo que tinha para me dizer. Quando estava prestes a abrir a boca para dizer algo ele me pega desprevenida e me beija. Só que o pior era que o correspondi, gostei de me sentir desejada daquela forma por ele e quando seus lábios se separam dos meus senti uma vontade enorme de puxa-lo para mais perto e beija-lo de novo e de novo. Mas eu não deveria me sentir assim. Nunca senti nada comparado com agora e isso me deixava preocupada. Não sabia lidar com aqueles sentimentos e eu precisava ter controle da situação se não tudo estaria perdido. Com muito esforço fui embora mesmo ouvindo ele me chamar, contudo não me virei e segui em frente. Era melhor assim.

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