Capítulo 15

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Chegamos em sua casa depois de um voo de quase cinco horas, sendo que por conta de um imprevisto tivemos que ir até a cidade de Toledo, o que era mais quase duas horas em um carro com uma mulher mais do que irritada. A Luna era o tipo de pessoa que planejava as coisas nos mínimos detalhes e tudo tinha que acontecer na forma que planejou, quando isso não acontece é pedir para se preparar para ouvir suas reclamações constantes de como a companhia de voo é uma incompetente por avisar em cima da hora sobre o problema. Chegamos em Toledo quase 10 horas da noite, fizemos nossos check-in e agora teríamos que esperar até ás 23h. Enquanto ela dava uma volta pelo aeroporto me sentei na sala de espera e fiquei vendo as pessoas correndo de um lado para o outro para embarcarem. Humanos. Pessoas que se preocupavam com coisas simples comparadas as minhas. Como eu queria poder ter essa vida. Querer não, eu vou tê-la, só não sei quando.

Fico jogando um jogo maldito no meu celular. O bendito Flappy Bird, mais conhecido como o jogo do capeta, porque realmente quem criou essa porcaria de jogo era completamente demoníaco. Minha pontuação até agora era só 10 e olha que eu estava jogando ele já há mais de meia hora e não conseguia sair do bendito 10 pontos. Aquele jogo era totalmente irritante, mas viciante. Quando Luna se aproximou e viu o que estava fazendo revirou os olhos balançando a cabeça em reprovação. Com certeza estava me achando um moleque agora brigando com meu celular por causa de um jogo idiota.

Embarcamos no avião 10 minutos antes do horário e quando chegamos em Belo Horizonte já eram quase 4 horas da manhã. Por conta do meu sono pesada ela teve que me acordar com tapas em meu rosto e eu tinha certeza que estava se divertindo horrores de judiar de mim desse jeito. Saí do avião morrendo de sono e fomos até o ponto esperar o ônibus que iria até Ouro Preto. Meia hora depois estávamos embarcando e com mais uma hora e meia de viagem chegamos finalmente em nosso destino. Pedimos um taxi e mais 15 minutos chegamos em sua casa. O dia já estava quase amanhecendo e se não fosse por eu estar tão cansada teria parado para admirar o céu. Desde que comecei a acordar antes do dia nascer fiquei fascinado por como o céu ficava com cores muito lindas. Meus dedos estavam pedindo por desenhar aquela paisagem de Guaíra, mas ao chegar aqui percebi que o nascer era mais deslumbrante ainda com seus montes verdes e sua arquitetura colonial. A Juliette realmente estava certa ao dizer que aquela cidade era apaixonante.

Em frente a casa da Luna havia um enorme jardim que estava repleto de flores e algumas arvores carregadas de frutos. Mais para os fundo havia uma piscina de mais ou menos 20 metros. Tudo ali era incrivelmente de bom gosto e bem amplificado. Como a minha a sua também continha muitos quartos para hospedes e cômodos bem espaçosos. Por fora ela era cheia de tijolos como em muitas outras casas que vi pela cidade. Sua arquitetura continuava antiga, mas isso era só do lado de fora porque por dentro tudo era bem moderno. As paredes eram pintadas com cores bem vivas e pela casa se encontrava muitos tipos de flores.  Se fosse para imaginar como seria a casa da Luna nunca teria imaginado assim, ali tudo era vivo demais e bem pelo tempo que estava convivendo com ela sabia que a única coisa que podia afirmar era que não passava toda essa vivacidade. Talvez essa seja algo dela que esconde das outras pessoas, uma nova face dela que estou conhecendo.

- Bom dia, senhorita, Luna e senhor Scott. – diz uma mulher aparentando já ter passado dos 50 anos em um uniforme azul escuro. – Posso ajuda-los em alguma coisa?

- Bom dia, Cinthia. Acho que nosso hospede agora precisa descansar.

- Claro! Queira me acompanhar senhor Scott.

- Por favor, não me chame assim, Nathan é bem melhor.

- Como queira, senh... Nathan. – assenti e a acompanhei até uma escadaria que me levou até o segundo andar.  Entrei no quarto que continha uma cor verde e no momento em que os olhei lembrei-me dos olhos da Luna. Era dá mesma tonalidade. Mas porque ficar pensando nisso, Nathan? É só uma cor. Uma muito bonita, contudo só uma cor.

Cinthia me deixou sozinho e então fui até o banheiro tomar um banho. O clima daquela cidade estava escaldante, então tive que ligar o chuveiro no frio para me refrescar e para dormir preferi ficar só de cueca. Guaíra já teve seus dias quentes, mas nada comparado a como era aqui. Eram 6 horas da manhã e a temperatura já passava da casa dos 23º graus. Não sei porque estou com esse calor todo sendo que em Manaus é temperatura é muito mais alta. Acho que acabei me acostumando com o frio do sul.

Deite na cama, mas mesmo com aquele calor todo precisei pegar um edredom. Não conseguia dormir sem ter algo por cima de mim. O banho frio pareceu ter me despertado, já que estava encarando o teto por alguns minutos esperando o sono vir. Fiquei pensando em como serão que as coisas estão lá em Guaíra. No carro a Luna me garantiu que iria conseguir convencer os caçadores que eu não era culpado, já que não havia provas concretas para isso, mas me pediu para que não fizesse nenhuma besteira para estranhar tudo. Ela estava trabalhando duro para me ajudar e não queria que ele fosse todo em vão, então prometi fazer de tudo para me controlar.

Eu sei onde está a minha confiança e em quem devo confiar.

Essas palavras não saiam da minha cabeça desde que ouvi de sua boca. Não conseguia entender em que momento eu ganhei a confiança de uma mulher que se mostrava tão dura para todos nós. Eram muitos mistérios e segredos que aqueles olhos esmeralda guardavam e isso aguçava a minha curiosidade de uma forma que não sei controlar. Com A Haley era algo diferente, porque mesmo eu não querendo que ela tivesse alguma coisa relacionada aos caçadores sabia que poderia se isso que me encantava nela. O mistério era descobrir o que ela era, contudo eu sei o que a Luna é. Nunca agi assim antes, mas preciso conhecer as outras faces dessa lua em forma de pessoa. Quem diária que essa mulher me fascinaria tanto assim para que não conseguisse parar de pensar nela. O detestável passou a ser admirável. Uma bela mulher com um coração que é capaz de ter compaixão, mas não de criar afeto com ninguém. Ela vendia a imagem de fria, contudo no fundo não era assim. O que aconteceu com ela para ser alguém assim?

Todas eram perguntas que talvez nunca consiga alguma resposta, mas vou fazer de tudo para tê-las, mas depois que eu descansasse. Meu corpo começara a adormecer e logo me desliguei de tudo, contudo antes de fechar meus olhos veio em minha mente os pares de olhos esmeralda. 

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