Capítulo 31

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Acordo com um pressentimento ruim. Minhas veias queimam e meu coração se aperta me sufocando. Levanto da cama e me olho no espelho. Me assusto ao ver minha pele completamente pálida e meus olhos vazios. Não a cor. Não a vida ali. Cambaleio ao me afastar do espelho e quando vejo que bem atrás de mim está Lúcifer.

- Olá Ari. – diz sorrindo e percebo que seus olhos estão da cor dos meus olhos. Azul e verde. Ele roubara os de mim.

- O que está fazendo aqui? Você não pode ser real. – digo sem entender o que está acontecendo.

- Minha querida é claro que sou real. – diz se aproximando e tocando de leve minha bochecha. Eu me afasto procurando alguma coisa para feri-lo, mas não a nada que seja letal.

Você não precisa de arma Haley. Você é a própria arma. Ouço Ari falar e com isso procuro dentro de mim o fogo, contudo não consigo encontra-lo. Não há nada.

- O que foi Ari? Está procurando por alguma coisa? – diz rindo e então fogo começa a incendiar sua mão. Aí está, digo a mim mesma sorrindo, mas de repente percebo que o fogo não está o queimando como deveria. – Eu acho que isso é seu. – diz lançando uma bola de fogo em minha direção, contudo consigo desviar dela.

- C-como? – digo gaguejando.

- Não se esqueça de que já fui um anjo. Ou melhor, um arcanjo. Você me conheceu Ari, só não se recorda disso agora por estar presa nesse corpo humano. A fera imponente do céu. O leão de Deus. Você era tão fraca antes. Era apenas um anjo qualquer que Jeová decidiu fazer de ti importante junto a Miguel, mas tudo isso para que? Se através das suas pequenas mãos vai dar a liberdade ao verdadeiro Rei dessa Terra. Por isso eu te agradeço Ari, por ter deixado a sua inocência para trás para se tornar a própria espada de Miguel. Por isso posso até poupar a sua vida depois que retornar a Terra e das pessoas que você ama.

- Você pode continuar governando o seu reino. O inferno. Porque de lá você nunca sairá. – digo com frieza.

- É aí que está enganada a cada dia que passa eu estou mais próximo de ter o que quero. A Terra me pertencerá e nem você e nem Jeová poderá fazer nada. Pense bem na chance que estou te dando de ter as pessoas que ama ao seu lado, porque sei quanto elas são importantes para você. E quanto irá te machucar perde-las. Eu posso te ajudar nisso, mas para isso terá que escolher se tornar uma pobre humana sem poder nenhum. O que será mais importante para você Ari? E para você Haley?

- Você não vai viver para saber a resposta. – digo e então sinto o fogo consumir meu banheiro. Me consumindo.

Abro os olhos e estou deitada na minha cama. Mas sei que nada disso foi um sonho. Ele estava aqui, mas como se não há como demônios se aproximarem daqui? Levanto da minha cama e vou até o banheiro. Então tenho a confirmação de que tudo foi real mesmo. No espelho algo está escrito com sangue:

EU ESTOU CHEGANDO E NÃO HÁ NADA QUE POSSA FAZER PEQUENA ANJO.

Ouço um grito vindo do corredor e saio correndo para ver o que aconteceu. Então vejo meu pai lutando contra um caçador que está ao lado dos Edwards. Ele tinha garras e presas como as de uma pantera e avançava como o próprio felino. Meu pai estava com um corte feio no peito e sua camisa estava toda rasgada. Ele tenta soca-lo, mas é vão quando o caçador já está o atacando depois de desviar. Meu pai bate contra a parede e saio correndo para socorrê-lo.

- Pai! – digo ao apoiar sua cabeça em meu colo, mas quando vejo seus olhos o encontro vazio. Eu já tinha visto isso antes quando o Alaric e o Nathan lutavam um contra o outro por conta de encanto de Pruslas. Então toco em seu braço e deixo a minha magia quebra-lo, mas sou atirada para longe pelo caçador que rosna para mim ferozmente. Seus olhos estão negros e não há nada humano ali. O que aconteceu com ele? – Por favor, eu não quero te machucar. Se me deixar ajudar posso te fazer voltar ao normal. – digo tentando me aproximar mostrando que não quero realmente feri-lo. Por um segundo vi seus olhos vacilarem e compreendimento, mas no outro a escuridão volta e ele salta para me atacar. Não posso deixa-lo me ferir e muito menos a matar meu pai. Então deixo o fogo surgir e lanço boa parte dele em direção do caçador. Meus olhos permanecem abertos enquanto vejo a chama dourada queima o corpo o caçador que grunhi de dor. Quando o fogo se cessa vejo só as cinzas do caçador. Dói pensar que acabei de matar um caçador. Um aliado que já sofreu tanto e só estava sobre efeito de um encanto. Ele tinha sangue de bruxo dentro de si e o fogo celestial é a única coisa que pode mata-los de verdade. O Parker os transformou em grandes caçadores, mas também em seres híbridos que não podem sobreviver quando o poder de algum demônio os controla.

Encantos SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora