Capítulo 36

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Minhas mãos haviam criado vida própria, porque quando as palavras saíram da boca da Haley foi como dar vida a minha fúria novamente e dar forçar a elas. O pior de tudo é que só quando me separara da Haley que realmente percebi o que tinha feito. Os caçadores que ajudou ela me olhavam com desconfiança. O que eu tinha feito? Cambaleei para trás e nem sabia o que fazer. Me sentia terrível que nem olhar para a Haley conseguia.

- Me desculpe, eu... sinto muito. – não aguentei mais ficar um segundo sequer ali e então fui em direção à saída, mas dois caçadores impediram a passagem. Eu sabia que podia contra eles, mas não estava em condições de criar mais intriga.

- O deixe ir. – diz uma voz lá de cima e reconhecia muito bem quem tinha dito isso. Luna.

Com isso eles liberaram a passagem e nem pensei duas vezes em sair daquele lugar. Era demais que ela me vesse daquele jeito. Eu acabei de ferir a Haley, a pessoa pela qual nunca fez mal a mim. A que está todo esse tempo ao meu lado sem nem que eu merecesse. Raios o que estava acontecendo comigo? Ela está certa em dizer que não sou assim. Eu estava presente vendo como os bruxos vieram e retiraram a vida daqueles caçadores. Vi bem quando a bruxa fez a Sky se contorcer de dor e ouvi toda sua agonia sem sentir um pingo de piedade. A Haley acabara de dizer que a Sky me ama e eu não me importava que ela estivesse sofrendo não só por isso, mas por tudo que está acontecendo em sua vida. Eu não sou assim. Não sou esse monstro que está se apossando de mim. Ando sem destino, mas por algum motivo estou indo para casa. Era melhor assim. Eu precisava ficar sem ninguém por perto. Meus pais estavam viajando, a Luna não apareceria tão cedo agora e a Juliette estava a caminho de alguma festa essa noite. Subo até meu quarto e resolvo tomar um banho, mas quando olhava para minhas mãos as sentia tremulas ao lembrar-se de como elas estavam tão firmes no pescoço da Haley. Encostei a testa na parede e deixei a agua cair sobre meu corpo, queria tanto que a agua pudesse limpar minha mente, mas a imagem da Haley não saía da minha cabeça.

Saí do banho meia hora depois e quando termino de vestir minha calça vejo a Luna parada na porta.

- O que está fazendo aqui? – digo não conseguindo olhar para ela também e então começa a se aproximar até ficar bem na minha frente.

- A Hassel pediu para vir. Ela está bem agora.

- Nada está bem, Luna. – digo agora olhando em seus olhos tentando enxergar ali decepção de eu continuar falhando com ela, mas acabo enxergando o que pensei que nunca teria por mim. Compaixão.

- O que está acontecendo com você Scott? Por que feriu a Haley sem motivo algum? Desculpe eu acho que devo estar te chamando pelo nome errado não é Anjo Vingador? Ou melhor, seu verdadeiro nome, Leviatã?

- Luna... – digo a advertindo com os punhos cerrados ao ouvir ela me chamar assim e começar a se aproximar mais de mim. Nossos corpos ficam próximos de novo e sinto seu hálito em meu rosto.

- O que foi? Está começando a ficar com raiva de mim, por te chamar pelo seu nome? Por finalmente falar a verdade na sua cara e mostrar que não tem como me esconder quem é de verdade? Eu sempre suspeitei de você Scott, fora por isso que me aproximei justamente de ti e fiz tudo que fiz para conseguir chegar ao que queria. – seus olhos brilham e é incrível o como isso só aumenta a minha raiva. – me afasto dela, mas ela continua falando. – Sempre te achei um covarde, mas nunca como achei agora. Nathan Duke Scott o desonrado da linhagem dos Scott. O caçador medíocre que não sabe controlar o demônio que está dentro de si, mas acho que foi por isso que Leviatã te escolheu não foi? Porque você já era o próprio demônio ao deixar seu irmão ser morto para salvar a sua vida inútil.

Não aguentei mais ouvir tudo aquilo e foi para cima dela. Seu corpo se chocou contra a parede, mas não mais do que meus punhos que se quebram ao bater com tudo na parede. Eu não podia feri-la. Seria o fim ver um hematoma na Luna que fosse por minha culpa. Vejo seus olhos vacilarem por um momento e o medo estava ali presente.

- Luna vá embora. – digo me controlando ao máximo para não acabar ferindo-a.

- Eu não vou. Me bata, me estrangule, me mate demônio. Faça isso Scott. Faça o que sempre quis fazer comigo. – diz com os olhos fixos nos meus mostrando totalmente firmeza. Ela não vai embora até que eu faça o que quer que eu faça com ela.

- Eu quero te machucar Luna. Quero que sinta sua pele sendo dilacerada em minhas mãos. Sentir seu coração parar de bater e saber que fui eu o responsável. Eu quero tudo isso, mas não posso deixar que esse querer tome posse do que eu verdadeiramente quero. Não posso permitir que eu te machuque e por isso peça, imploro para que saía e me deixe sozinho. Eu estou me controlando demais, Luna, mas não sei até aonde vai.

- O que te faz querer isso, Scott? O que tem dentro de você que te faz virar um sanguinário?

- Eu não sei Luna! – grito com ela batendo mais forte meus punhos contra a parede. – Por favor, saía daqui, porque se eu acabar te machucando nunca vou conseguir me perdoar por isso. – digo em forma de sussurro bem próximo a seu rosto. Se eu não estivesse me controlando para não machuca-lo já teria perdido a cabeça a roubado um beijo seu. Era irresistível estar ali tão perto, sentindo seu cheiro de flores silvestres e não poder fazer o que realmente eu quero fazer que é amar essa mulher.

- Eu já disse que não vou. Você não quer me machucar de verdade, só precisa controlar essa raiva dentro de si e eu sei que você consegue. – quando disse isso e eu olhei em seus olhos enxerguei ali uma esperança para escuridão que tinha em mim. Seus olhos iluminavam a minha alma e me transmitia uma paz que não parecia real. Suas mãos tocaram as minhas delicadamente que estava cheia de hematomas. Não havia sentido dor quando os bati com tudo contra a parede, mas agora a dor vinha com força. – Você pode controlar viu? Não deixe que a raiva se alimente de quem você é e faça com que se torne o monstro que alguém quis te transformar.

Com isso ela soltou minhas mãos e estava indo em direção à porta quando a paro para dizer:

- Por que disse todas aquelas coisas se sabe que não sou o Anjo Vingador?

- Eu precisava deixar que a raiva se liberasse e mostrar que você consegue doma-la. Lute contra ela e mostre que você é mais forte, não deixe o que aconteceu hoje com a Haley te derrubar e sim leve como um aprendizado, se hoje fui fraco e a deixei ser mais forte amanhã mostrarei que não há nada mais forte que eu. – com isso ela se foi pela porta, mas suas palavras ficaram ecoando na minha cabeça.

E então prometi a mim mesmo que sempre que a raiva viesse mais forte eu lutarei com mais força mostrando que não deixarei que vença. Que eu guardaria as palavras da Luna em minha mente e em meu coração.

z}@K

Encantos SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora