Capítulo 38

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Era duro pensar que por mais que eu tentasse arrumar as coisas elas só pioravam.

Quando recebi a mensagem da Maggie não consegui ficar em Guaíra sabendo que iria precisar de mim lá. A Brenda também estava comigo indo para Foz do Iguaçu e eu esperava que o Derek também fosse. Havia mandado uma mensagem há dias dizendo que a Maggie estaria precisando dele depois de saber que sua mãe estava morrendo.

Derek não sei se você já sabe, mas a mãe da Maggie morreu. Espero que possa vir.

Não sabia o que dizer e era exatamente assim que me sentia sobre tudo ao redor. Não sei o que fazer. Hoje não era dia para pensar nos meus problemas. Seria tudo sobre a Maggie e farei de tudo para aliviar um pouco de sua dor.

Quando chegamos já estava no meio da tarde e o velório já iria se iniciar. Maggie estava com vestido preto na altura dos joelhos, deixara os cabelos soltos e seu rosto havia um quê de tristeza, mas não estava do jeito que eu esperava. Ela sorriu quando nos viu e fomos até lá a cumprimentando com abraços. Era incrível olha-la e não ver a ruina que pensava que iria encontrar. Ela acabara de perder a mãe. Um pedaço dela. Mas se mantinha firme e forte, se permitindo sorrir.

A vida continua depois da morte. Disse Ari com um tom de tristeza.

- Como você está? - perguntei.

- Indo. Não sei o que sentir e nem o que pensar no momento. Quando eu a encontrei sem vida no quarto, pensei que iria chorar e que um buraco abriria do chão, mas não senti nada disso. Eu simplesmente a encarei e chamei minha tia. - em seu semblante não via nenhuma emoção enquanto falava e isso me preocupava. Ela já havia guardado magoa dentro de si e quase não se permitiu se aproximar das pessoas, do mesmo modo que eu fiz. Sei como é guardar algo para si e o acumulo de dor iria derruba-la.

- Mag... - estava dizendo quando eu o vejo se aproximar usando um terno todo preto e com os cabelos mais curtos desde a última vez que o vi.

- Mags. - diz quando fica bem atrás dela e toca em seu ombro, então a vejo encolher. - Eu sinto muito pela sua mãe.

- Derek. - diz enquanto o abraça, mas nem de longe é um simples abraço. Ela agarra seu paletó com tanta força e desespero que parece que ela tem medo de que ele possa ir embora a qualquer momento e deixe-a sozinha. Ele passa as mãos em seus cabelos e sussurra algo em seu ouvido que a faz chorar. Ouvimos toda sua dor agora. Derek é uma parte dela também. Uma pela qual pensou que havia perdido e que precisava se acostumar com sua ausência. Ele nunca a deixou porque todos sabem como eles pertencem um ao outro. Ela o amava e ele correspondia a esse amor durante quase 11 anos. Longos anos em que sempre esperou o momento em que estivesse pronta para viver desse amor. Finalmente esse dia havia chegado.

Junto com a Brenda deixamos os dois sozinhos e seguimos para uma área mais calma do cemitério. Olhando para as lápides pensava quantas almas tinha retirado da Terra. Eu sou a morte e sou vida. Sou a dor e a alegria. Um anjo que vem a anunciar a morte ou libertar dela. Eu e Ari somos uma. Todas às vezes eu precisava me lembrar disso e aprender a ouvi-la, mas existe algo que me faz não querer e seguir somente com os meus pensamentos.

Observava de longe aos dois que continuavam abraçados.

- Eles são o complemento um do outro. - disse e Brenda me olhou estranha.

- Não acredito nessas coisas, mas que eles se amam isso não tenho a menor duvida. Durante anos os vi se apaixonando. Espero que fiquem juntos de uma vez por todas.

- Você sente falta do Jeferson? - perguntei sem nem saber o porquê.

- Não sei como explicar isso Haley. Eu nem sei se realmente o amei para sentir realmente falta dele. Não que eu não sinta, mas é algo que não volta a cada vez que me lembro de algo que sei que ele iria gostar ou de quando estou em algum lugar que estivemos juntos. Antes ouvia sua risada quando estava tudo quieto, agora nem me lembro de como ela é. Eu sei que a Maggie deve sentir como se uma parte dela estivesse morrendo hoje e pensei que também havia sentido isso, mas não. Só senti um vazio, algo faltava e era ele. Comecei a beber e comecei a sentir uma falsa felicidade que me preenchia. Quando se ama alguém não tem como substituir essa pessoa e pensando bem não parece esse o caso do Jefferson.

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