Encantos Sombrios

Capítulo 46

Acordo com meu corpo bem dolorido, mas não tanto graças a Juliette. Quando a vi entrando em minha cela pensei estar alucinando por conta do veneno de demônio que estava naquele maldito chicote. Minha pele estava em carne viva e se não fosse pelas ervas do Alaric eu poderia muito bem-estar morto em poucas horas. Eu sabia que era esse o objetivo do Alexander. Se livrar o quanto antes de mim, mas lutava com todas as minhas forças para que consiga o que quer. As memorias do dia anterior ainda estão em minha mente e revivo cada dor que aquelas chibatadas me deram. Meu corpo estava suspenso e meus braços era a sustentação dele no ar. Meus braços pareciam que iria se separar do meu corpo a qualquer momento e cairia sobre o chão para nunca mais me levantar, mas eu engolia a dor e arranjava forças pensando nas pessoas que amo. Eu até podia ouvir cada um deles me dizendo algum incentivo. Contudo havia um rosto que ficou fixo ali na minha mente sem dizer nada, mas seu olhar já dizia tudo.

Mostre para ele a força que por tanto ficou adormecida. Mostre o que um Scott é capaz de suportar.

Eu sentia aquelas palavras vindo daqueles olhos verdes e com isso respirava fundo e cerrava meus punhos. Alexander sabia exatamente como transmitir dor que faria qualquer um pedir pela morte. Ele esperava alguns segundos de uma chibatada entre a outra sabendo que doeria mais se a dor não fosse absorvida de uma vez só e assim pudesse se recuperar para a próxima. Seus olhos transmitiam exatamente o que sentia. Ele estava extasiado sabendo que de uma vez se livraria do seu maior problema. Eu sou uma ameaça, sempre fui e agora ele podia acabar com isso.

- Se levante. – diz uma voz de cima de mim, mas demora um tempo para ver que é aquele caçador com o olho roxo que a Juliette o dera. – Agora vai começar o seu interrogatório e até o fim do dia a seu julgamento já terá sido anunciada sua condenação.

Eu não podia dizer que estava surpreso que tudo estava indo tão rápido. Geralmente pode até se demorar semanas para a condenação ser anunciada. Muitos caçadores sofreram antes de ter sua morte que no momento era tudo que eles queriam. Mas comigo é claro que seria diferente. Eles não queriam se divertir com meu sofrimento e sim se livrarem de mim de uma vez por todas.

- Anda se levante. – diz me chutando e tenho uma vontade louca de ir para cima dele, mas não tenho forças para lutar. Me levanta cambaleando um pouco e vejo seu sorriso que seria tão fácil acabar com ele só com um golpe.

Ele me algema e sinto novamente minha pele queimar. Eu o sigo até o salão principal que é mais iluminado e lá se encontra um tribunal. Há quase 30 caçadores sentados em fileiras e todos me olham com um desprezo que me faz estremecer. Pela primeira vez estava diante dos caçadores que mais desprezei em minha vida e agora ela estava nas mãos deles. O conselho se levantou quando Kosvac surgiu e fez um gesto para que meu guarda me levasse até o centro. Caminhei tentando o máximo transmitir superioridade, minha cabeça estava levantada e meus olhos seguiam cada rosto do conselho. Mulheres e homens de todas as idades fazia parte dele. Doía ver que caçadores da minha idade apoiavam o Parker.

- Nathan Duke Scott, assassino de Marcio Serrano. Um dos nossos melhores caçadores que levava a justiça em primeiro lugar e sabia qual era seu verdadeiro dever e era leal a ele. Contudo ele nos deixou um bem precioso que agora será nosso dever cuidar dele. – com isso uma criança que não tinha visto se levanta da última fileira e vem até minha direção. Ela não pode ter mais de 5 anos e como se as palavras do Kosvac fossem tiros me acerta em cheio. Olhando bem para ela reconheço os olhos que perderam a vida em minhas mãos. Esse garoto é filho do Marco. Era. Por pouco não acabo caindo sobre o chão quando ele fica bem diante de mim. – Veja Scott o mal que fizera a essa pobre criança. Sua mãe morrera poucos meses depois de ter dado à luz e a única família que tinha era o Marco. Você a fizera um órfã que vai viver para sempre com a dor de terem tirado a pessoa que mais ama.