Acordei no dia seguinte com o médico e a tia Ana, ambos no meu quarto. Eles falaram por uns instantes, até que a tia Ana assinou uns papeis, provavelmente os papéis da minha alta. Ele estava de costas para mim, fiz um barulho com a garganta, numa tentativa de dizer que acordei. Tia Ana virou-se e fez um gesto de gratidão para o médico, em seguida ele me cumprimentou e saiu.
-Como se sente querida?.- Tia Ana falou.
-Bem.-Falei sentando na cama.- E o rodrigo? ele acordou? está bem?
-Ele ainda está dormindo querida..- Tia Ana falou me olhando com receio.
-Eu quero o ver!
-Tudo bem, eu passei em casa hoje mais cedo, e peguei umas roupas para você. Tome banho, e em seguida iremos ver o rodrigo. Tudo bem?
Fiz que sim com a cabeça, e fui em direção ao banheiro, fechei a porta atrás de mim. Parei em frente a um espelho rente a parede, e me olhei. Meu corpo todo estava marcado, meu tórax estava num tom tão avermelhado, que chegava a ser quase roxo. A região dos meus seios doía muito. Tive dificuldade de tirar a roupa que o hospital me cedeu, meu braço estava machucado, e a dor causada pelo corte, impediu de levanta-lo. Quando enfim consegui tirar toda a roupa, entrei no box e liguei o chuveiro. Fiquei embaixo da água gelada durante um tempo. Enquanto a água atingia meu corpo, com a força de um caminhão de carga colidindo contra uma parede sólida, eu sentia cada gota me atingir, uma atrás da outra, continuamente sem parar. E foi aí que eu desabei, sentei no chão com os braços e a cabeça entre as pernas, e chorei. Chorei por mim, pela Vanessa, pela tia Ana, e principalmente pelo rodrigo. Eu queria que ele acordasse, queria que nada daquilo tivesse acontecido, queria não ter atirado, queria não ter causado tanta dor a quem amo, queria não ter sido fraca, não ter dito medo. Eu queria que tudo aquilo parasse!
Depois de um tempo, sai do box e me vesti. Fitei a mim mesma no espelho, e depois sai do banheiro. Havia uma bolsa em cima da cama, com creme, pente, e algumas outras coisas. Apenas a fechei e a levei comigo. Parei em frente a porta, e dei uma ultima olhada naquele quarto de hospital. Pensei comigo mesma, que nunca mais voltaria para esse lugar. Fui de encontro com a tia Ana, ela estava sentada na recepção, assim que me viu se levantou, e veio de encontro a mim.
-A Vanessa já está lá com o rodrigo, vamos?
Fiz que sim com a cabeça, e seguimos até o quarto do rodrigo. Entramos, e lá estava ele... Ainda desacordado. Sentei ao seu lado e segurei sua mão. Um médico nos acompanhou até lá.
-Ele está reagindo bem, ele é um garoto forte. Já está respirando sem ajuda dos aparelhos, é só questão de tempo para ele acordar.
Fitei o médico por alguns instantes, e dei de ombros. Ele saiu da sala, e nos deixou lá.
-Você, acha... acha que ele vai acordar?-Falei por fim.
-Sim, Alice. O rodrigo é um garoto muito forte. Ele vai sair dessa, aposto que amanhã ele já vai esta ai de volta, implicando com você, como sempre fez.- Vanessa falou sorrindo.
-Isso, ele vai acordar, e vai voltar a te chamar de bonitinha. Não é assim que te chama? Bonitinha.- Tia Ana falou, apertando minhas bochechas.
-Para. Falei sorrindo. Em seguida o olhei, e desejei que ele acordasse logo. Levei sua mão, que estava enlaçada a minha e a beijei.
-Isso não pareceu afeto de amigos, Alice.- Vanessa falou sorrindo.
-Tá mais para, eu estou apaixonada por você, mas não quero admitir. Tia Ana falou.
-Ah, vão se catar.- Falei dando língua.
Depois de alguns minutos, a Vanessa e a tia Ana, saíram do quarto. Ficamos só eu e o rodrigo lá, levantei da poltrona, e deitei na cama ao seu lado. Não importava tempo que levaria para ele acordar, eu só sairia dali, quando ele estivesse acordado.
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Mas, E Se ?
Любовные романыEla deve seguir seu destino, Alice. Uma garota que tem que se adaptar a ausência dos pais. E ao convívio diário com seu melhor amigo por quem é apaixonada. Se vê entre um dilema de vida ou morte, ao se deparar com terríveis histórias do passado. U...