Sete

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                     Maya


Observei suas malas no chão e praguejei internamente, sentindo um arrepio na espinha. Ela ainda me olhava com desaprovação e eu me amaldiçoei mais uma vez por ter saído de cara limpa e vestida casualmente.

- Mãe... O que aconteceu? Por que está aqui?

- Você não respondeu minha pergunta, Maya. – lembrou levantando seu queixo em desafio.

Gemi desconfortável pelo seu olhar questionador.

- Apenas fui... Respirar um pouco. É nosso dia livre antes da final. – completei apressada.

Ela vasculhou meu rosto, procurando algo que denunciasse que eu estava mentindo, mas assentiu minutos depois e se voltou para a moça da recepção, pegando de volta o cartão que ela a oferecia antes de me fitar novamente.

- Não parece feliz em me ver aqui. – comentou. – E também parece que anda esquecendo tudo que eu te ensinei. Pelo amor de Deus garota, como você ousa sair vestida dessa maneira? Com essa cara amassada e sem um pingo de maquiagem? – bufou.

- Eu não...

- Você e eu precisamos ter uma conversa séria. – suas palavras me fizeram disparar um alerta vermelho dentro de mim e pensar no que ela poderia estar sabendo.

Talvez Jenna tivesse descoberto minhas fugas e tenha a avisado sem me deixar perceber que ela sabia mais do que deixara transparecer.

- Onde fica seu quarto? – perguntou, já indo em direção ao elevador e deixando uma mala para trás, para que eu levasse.

Enquanto o elevador subia, minhas pernas estavam bambas e senti minhas mãos suarem sob a alça da mala. As luzes dos botõezinhos no painel piscavam, indicando os andares que ficavam para trás. Anne ainda me olhava entediada e eu evitei encara-la até chegarmos no quarto.

Empurrei a porta, encostando a mala no canto e ela fez o mesmo. Observou todo o ambiente com atenção e caminhou até a janela, afastando a cortina um pouco. Olhou a cama de Skye com o cenho franzido e voltou a se aproximar.

- Você divide o quarto com alguém?

- Sim. – murmurei e ela bufou.

- Que coisa mais absurda! Isso é completamente desapropriado. Como os organizadores do concurso permitem algo assim?

- Não é tão ruim... – sussurrei e ela me lançou um olhar enviesado.

- Que tipo de absurdo é esse, Maya? O que eu te disse sobre não confiar nessas garotas?

Respirei fundo.

- Mãe eu não...

- Você realmente está encarando isso aqui como uma colônia de férias para fazer um monte de amiguinhas? Ah, pelo amor de Deus!

- Eu estou levando a serio mãe.

- Ah, eu estou vendo. – debochou. – Você está mesmo vestida como uma Miss. – sentou na poltrona, mantendo sua postura reta que me doía as costas só de olhar. – Eu viajo duas horas para ver a final do concurso mais importante da vida da minha única filha e ela nem ao menos parece estar feliz em me ver. Sem falar que o estado em que eu a encontro é inaceitável, e ela parece ter desaprendido tudo que eu levei anos para ensina-la. – falou muito irritada.

Soltei uma longa lufada de ar e sentei na minha cama arrumada.

- Me desculpe. É claro que estou feliz em te ver... Só não esperava que fosse vir para...

- Como que eu não iria vir? Esse concurso é tão importante para mim quanto para você.

Se ela soubesse o quanto eu me importava com essa droga de concurso...

Belos PedaçosOnde histórias criam vida. Descubra agora