Arthur
Um barulho insistente me fez abrir os olhos contra a vontade. O quarto estava mergulhado na escuridão e eu me inclinei acedendo o pequeno abajur perto da cabeceira da cama.
Maya dormia enrolada feito uma bola contra meu peito e eu sorri satisfeito por tê-la ali.
O barulho continuou e eu notei a tela iluminada do aparelho sobre a comoda. Desvencilhei-me dela com cuidado, indo até o responsável pelo incômodo e o nome Lorenna piscava na tela. Atendi a chamada com um sorriso, ouvindo a voz preocupada do outro lado.- Caramba Maya, onde merda você se enfiou?
- Nesse momento ela está enfiada na minha cama, Lorenna. Dormindo pacificamente. - disse e a ouvi ficar num longo silêncio.
- Arthur?
Ri da confusão em sua voz.- Sim. Sou eu, pode ficar tranquila. A Maya não está em perigo.
- Oh meu Deus! Merda! O que... Como...
- Está tudo bem Lorenna. Eu a encontrei hoje mais cedo e ela está aqui comigo.
- Minha nossa! - exclamou.
- Precisa dizer algo importante a ela? - perguntei ainda sorrindo.
- Não! Não, não, está tudo bem. Eu converso com ela em casa. Tchau Arthur.
- Tchau Lorenna.
Sorri para o aparelho, a reação dela foi divertida. Já ia devolvendo-o para a cômoda outra vez quando lembrei que precisava fazer uma coisa que teria evitado muitos problemas se eu tivesse feito antes.
Liguei para o meu número usando o celular dela e salvei meu nome ali, em seguida fiz o mesmo no meu, adicionando seu nome em meus contatos.
Voltei para a cama, com cuidado, tentando não acorda-la. Beijei sua nuca quando me aconcheguei em suas costas, e ela se remexeu, suspirando.
Eu ainda não conseguia acreditar que isso era real.
Tinha medo de tirar os olhos dela e de repente ela não estar mais ali. Ainda estava assimilando sua presença e a história que ela me contou sobre os últimos quatro meses. Senti a ardência em meus olhos, quando mais uma vez, me peguei pensando no bebê que nós dois nunca iríamos conhecer.
Eu poderia matar Anne com minhas próprias mãos se a desgraçada cruzasse meu caminho algum dia.Maya virou, ficando de frente pra mim, e piscou com sua cara bonita amassada de sono. Eu passei a mão pelo rosto rapidamente, afastando algumas lágrimas que escaparam e sorri para ela, beijando sua palma.
Acho que perdi mais um pouco do meu coração. Já era todo dela.- Por que está me olhando assim?
- Assim como? - perguntei.
- Não sei. Assim meio estranho.
Gargalhei.- Acha estranho eu te olhar como se fosse a melhor coisa que eu já quis na vida?
Ela corou e foi malditamente fofo.
- Arthur... - murmurou envergonhada escondendo o rosto em meu peito.
- Eu amo isso em você Maya. - disse afagando seus cabelos. - Eu amo essa garotinha tímida e doce que ninguém conseguiu arrancar de você. Apesar das coisas cruéis pelas quais você passou, ainda existe a minha Maya, a minha garota corajosa e sonhadora que sempre quis ser livre. E agora é.
- Eu amo você... - ela disse com os olhos brilhando.
Meu coração disparou feito bobo.
- Você nem faz ideia de como é bom poder ouvir isso. Realmente acreditei que tinha te perdido pra sempre. - encostei minha testa na dela.
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Belos Pedaços
RomanceUma infância baseada em concursos de beleza, e a briga constante para ser sempre a melhor. Maya Thomas, aos Vinte e Um, dá mais um passo tentando alcançar a coroa e ganhar o tão almejado título de Miss Universo. Ela só não imaginava que essa seria...