Treze

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Arthur

Abby parou abruptamente assim que bateu a porta do seu quarto no final do corredor.
Droga! Eu não fazia ideia que ela tinha sido colocada nesse andar.
Enormes olhos azuis me encaravam com surpresa. Gigantesca surpresa, eu arriscaria dizer. Ela parecia muito decepcionada a olhar de mim para Maya.

Pigarreei, ouvindo sua voz soar bastante irritada quando falou sobre eu estar atendendo pacientes tão cedo. Maya me lançou um olhar incomodado logo depois de virar para encarar Abby de uma vez.
Observei as duas sustentarem o olhar uma da outra sem recuar. Abby fechou a cara e cruzou os braços, se aproximando um pouco mais. Maya apertou meus dedos, mas ainda manteve seu olhar nela e em seus passos premeditados.

- É melhor você ir agora. - sussurrei para ela, sendo açoitado pelo cheiro gostoso do seu longo cabelo.

Ela me fitou com a sobrancelha arqueada e seu olhar de repente se tornou furioso.

- Eu não vou me esconder dela. - grunhiu ao se referir a Abby.

- Não é isso que importa aqui. - a alertei.

Abby esperou pelo fim da nossa conversa com irritação.
Maya bufou baixinho, soltando minha mão.

- Te vejo mais tarde? - falei, encarando sua cara emburrada.

Ela se afastou sem confirmar e rapidamente sumiu dentro do elevador.
Só faltava mais essa agora.

- Então era ela o seu rolo? - Abby perguntou.

- Não, não é. - disse, e era uma verdade, Maya não era só um rolo. Era mais que isso. Bem mais que isso...

- Mas então... O que ela fazia na porta do seu quarto tão cedo? - exigiu, me olhando aborrecida.

- Acho que você sabe, Abby.

Ela levantou os olhos, mais uma vez pega de surpresa por minhas palavras e exalou com força, encarando algum ponto qualquer até voltar a me olhar novamente.
Ela estava muito, muito magoada agora.

- Quando você disse que estava envolvido com outra pessoa, eu realmente achei que fosse algo sem importância. Mas depois de ver isso... Ela é uma Miss, Arthur! - falou agitada, sacudindo as mãos a minha frente.

- Abby, por favor... - pedi, olhando para os lados com cautela.
Eu realmente não precisava que isso fosse parar nos ouvidos de Jenna bem agora.

- Caramba, ela é uma Miss e é uma de nossas candidatas, sua paciente! - apontou irritada. - Você é consciente do regulamento. Como você pode?

- Eu não sei. Aconteceu. Eu não podia evitar de qualquer maneira. - confessei cansado.

Ela piscou várias vezes. Seus olhos lacrimejantes. Eu sinceramente sentia muito por isso.

- Ela é uma Miss... - voltou a resmungar debilmente. - Ela é a porra de uma Miss, como eu posso competir com ela?!

- Abby, não faça isso. Não há competição porque não há dúvidas quanto a escolha.

Seu olhar brilhante me encarou.

- Eu sei. Mas dói ainda assim.

- Eu sinto muito. - falei sincero.
Ela riu, limpando o canto dos olhos discretamente.

- A culpa não é sua. Eu entendo, Arthur.
Ainda a olhava apreensivo.

- Você entende?
Ela balançou a cabeça.

- Você não vai levar isto a Jenna, vai?
Seus olhos ficaram em mim por longos segundos até finalmente responder.

- Não. - disse e eu soltei um suspiro aliviado.

Belos PedaçosOnde histórias criam vida. Descubra agora