P. O. V ALLAN
- Então, estou aqui aqui.- Digo seco puxando uma cadeira para me sentar.
Marquei o encontro com o Marconi em um café reservado, claro que está vazio, mas não o queria em minha casa. Não que isso realmente vá me impedir de matá-lo agora. Mas estou curioso pra saber o que ele quer comigo além de acabar com a porra da minha vida.
- Sabia que viria. Vou ser direto, você vai se casar com a Giovana, precisamos de herdeiros, e ela é a mulher perfeita.- O olho sem expressão.
- Eu já tenho a minha mulher.- Ele ri e a vontade de matá-lo só aumenta.
- Ela não passa de uma namoradinha da adolescência. Não vou deixar você por os negócios em risco por causa de uma qualquer! Deu muito trabalho matar seus pais pra você estragar tudo agora!- Já chega! Olho em meu celular e tem uma mensagem do Tony falando que eles já deram um jeito nos capangas do Marconi.
- Nunca mais se refira a minha mulher como uma qualquer! Velho desgraçado.- Ele ri.
- Guarde sua raiva é boa para os negócios.- Sorrio.
- Eu vou matar você.
- Faça isso e a pequena Lize morre. Giovana está com ela... Digamos que ela não é muito delicada.- Soco a mesa de raiva.
- Nesse momento estão tirando a minha irmã da sua casa.- O sorriso que estava em seu rosto sumiu.
- Você está blefando.- Começo a rir.
- Você deveria saber que não estou, vovô.- Ele pega o celular e saco uma arma.- Não vou deixar que você atrapalhe.- Atiro nele. Bem que eu queria que fossem balas de verdade, mas é apenas tranquilizante.
[...]
- A bela adormecida acordou. Hora de brincar um pouco...- Me aproximo com o alicate e ele me olha assustado. Ele está amarrado à uma cadeira.
- Você não torturaria um velho...- Sorrio.
- Você deveria ficar feliz, finalmente conseguiu o que queria... Acordou um lado meu que é tão sombrio quanto você. É uma pena que ele só exista com você.- Pego sua mão.- Vamos começar pelas unhas... Depois os dedos, não vamos esquecer de usar a faça não é? Se lembra de quando me deu essa cicatriz em minha sobrancelha? Eu me lembro.- Digo dando a volta na cadeira.
- Você não quer fazer isso, eu posso te ajudar a tornar Suzani a mulher perfeita, faremos os negócios aumentarem.- Começo a rir.
- Você nunca vai chegar perto dela...NUNCA!- Dou um soco em seu olho e me controlo.- Eu ainda não terminei de te contar o que vou fazer, depois de fazer alguns buracos em você, vou usar aquele cano ali.- Aponto pro cano fino cercado de arame farpado.- Acho que você pode imaginar onde vou enfiar aquilo, não é? E por fim vamos reencenar sua não morte, mas dessa vez vou me certificar de que você estará morto quando tudo acabar.- Sorrio ao ver o pânico em seu rosto.
- Eu sou seu avô garoto! VOCÊ ME DEVE TUDO O QUE TÊM!- Arranco a primeira unha e ele ele grita de dor.
- Você queria que eu fosse um monstro como você, parabéns, conseguiu. Sinta-se orgulhoso agora. Porque essa é a primeira é última vez que você verá minha pior versão. Quando tudo isso acabar eu vou cair fora... Sabe, ser chefe do tráfico nunca foi o que eu quis.- Arranco outra unha.- Eu vou tirar férias com a minha mulher, vou pedi-la em casamento e finalmente vou viver a minha vida. Sem ter que me preocupar com você.- Arranco outra unha.- Ou qualquer outra pessoa. Seremos apenas nós dois.- Mais uma unha.
- E ela... Conhece esse seu lado? Ela sabe que você é igual a mim?!- Ele sorri e só de raiva aproveito o alicate para arrancar um dente.
- Eu não disse que você podia falar. Da próxima vez será a língua.- Acelero o processo de arrancar suas unhas, tenho que dizer que é bom vê-lo sofrer.- Respondendo a sua pergunta, ela sabe o suficiente e sabe o que é mais engraçado, ela continua me amando depois de toda a merda que eu já fiz pra ela no passado, ela ainda confia em mim... Eu nunca deixaria você se aproximar dela, você envenena as pessoas a sua volta, envenenou meu pai até que ele conheceu a minha mãe, envenenou Antônio e tentou envenenar o Castelli.- Arranco a última unha.-Agora estou curioso. Porque você sequestrou minha irmã?- Ele continua chorando.- RESPONDE O CARALHO DA PERGUNTA!- Ele abre um sorriso nojento.
- Eu só queria uma cachorrinha de estimação, que falasse e fizesse tudo o que eu mandasse. Mas como ela ainda era muito pequena, meu sócio, o Castelli,pai do Fernando, ficou responsável por ela. Então ele a levou pra sua casa, fez sua esposa cuidar dela o suficiente para não morrer. Com o tempo percebemos a ligação entre o Fernando e ela, o pirralho fazia qualquer coisa para não vê-la machucada... Usamos ela a nosso favor, ele não queria se envolver com os negócios, mas ele não tinha escolha ou se envolvia ou nós a matariamos. E depois veio você, foi divertido fazer você se sentir impotente...- A voz dele sai baixa.
- Filho da puta!- O soco de novo, e de novo, e de novo... Até eu ver que ele está quase inconsciente.- Não Tão rápido, ainda nem começamos.
Sei que perdi o controle, sei que estou fora de mim e pela primeira vez na vida eu não me arrependo disso, não me arrependo de causar dor nesse filho da puta. Não agora.
[...]
Eles conseguiram, resgataram a Lize. Castelli levou um tiro no peito e está em uma cirurgia, Lize está recebendo atendimento médico também, L. K levou Giovana e Luís para um dos depósitos. Aparentemente elas se odeiam e para terminar descobri que quem havia tirado aquelas fotos da minha mulher era a secretária que se fazia de amiga, amiga uma porra!
E eu? Estou socando esse saco de pancadas há horas. Mas não importa o quanto eu o soque,não consigo me acalmar, não consigo esquecer toda a merda da minha vida... Os nós dos meus dedos já estão sangrando de tanto socar isso.
- Allan?- Escuto a voz da Suzani e tudo o que eu quero é que ela vá embora, não quero que me veja assim. Ainda não estou totalmente no controle.
- Você. Não. Devia. Estar. Aqui.- Digo socando cada vez mais forte. Sinto ela me tocar e instantaneamente meu corpo reage ao seu toque.
- Olhe pra mim.- Continuo sem a olhar.
- Vá em bora, Suzani.- Digo um pouco mais calmo. Acho que nunca vou entender como só ela consegue fazer isso comigo.
- Eu não vou a lugar nenhum. E sabe por quê?- Ela se coloca na minha frente.
- Você não sabe o que eu fiz! Deveria ficar longe de mim.- Digo puxando uma respiração.
- Eu não me importo com o que você fez... Já acabou Allan. Tudo acabou.- Ela coloca as mãos em meu rosto, me afasto e me sento num banco.
- Eu... Eu o matei. De verdade. Eu torturei ele até a morte... E eu... Eu gostei.- Espero que ela me olhe com medo ou repulsa mas ela não o faz.- Você tinha razão, eu não deveria ter ido atrás de você.
- É um pouco tarde pra perceber isso Allan. Ficou tarde no momento em que você bateu na minha porta, você fez de tudo pra me ter de volta e agora que conseguiu quer desistir?! Esse não é o Allan que eu conheço, não é o Allan que eu... Que eu amo.- Ela disse? Ela realmente disse?!
- Eu não sou um homem bom. Marconi tinha razão eu sou igual a ele.- Ela sorri.
- Você é bom, eu aprendi uma coisa durante a minha vida. Todo mundo tem um lado ruim, alguns são piores que os de outros mas ainda sim, todos têm. E você tinha todos os motivos possíveis para abrir mão do seu controle mas você não o fez. Isso faz com que você seja diferente, você nunca será igual a ele, você lutou contra sua escuridão.- Ela me abraça e algo que eu não faço a muito tempo acontece. Eu choro como uma criança.- Vai ficar tudo bem Grandão, estou aqui com você.
A puxo pela cintura e fico abraçado a ela, ela faz um carinho gostoso em meu cabelo. Seu celular começa a tocar mas não presto atenção na conversa.
- Lize vai passar a noite em observação, o Castelli ainda está em cirurgia parece que teve alguma complicação, Alexa e L. K vão ficar no hospital... Vêm.- Ela me estende a mão.
- O que vai fazer?- Pergunto a olhando. Porra, nunca me senti tão vulnerável em toda a minha vida.
- Cuidar de você,amor.- Ela sorri e retribuo.
Finalmente acabou.
A linda da @MariaClaraDavid fez uma observação sobre a cronologia da história, já consertei. Então uando tudo começou Allan tinha 6, Lize quase 3, Fernando 4... O bônus foi há 11 anos ... Allan tinha 17, Lize 14, Fernando 15... Se passou mais 11 anos... Agora o Allan tem 28, Lize 25, Fernando 26.

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O Traficante - Livro 4
ChickLitSÉRIE: POSSESSIVOS IRRESISTÍVEIS LIVRO 4. Somos humanos, consequentemente erramos em algum momento de nossas vidas. Alguns erros menos graves, outros quase imperdoáveis. Porém no meio dessa balança se encontra o amor. Li em algum lugar por aí que o...