Capítulo 6-BHG

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"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde"

(André Maurois)


Ricco

Ela está em meus braços.

Desmaiada e linda. Tão indefesa e angelical. Seu perfume está estimulando o meu corpo de uma forma que não tolero. Como ela entrou em minha vida? Como conseguiu alcançar essa parte que até então mulher alguma havia conseguido?

Vou me arrepender por me deixar envolver nisso, mas não pude negligenciar o que o babaca doente do Irysso sempre fez, não dessa vez, não com ela. Sei que essa é uma das atitudes mais idiotas que já tive. Mas ela não é como as outras. Ela não sabia no que estava se metendo.

Presenciei muitas vezes, garotas sendo drogadas pelo verme. Mas todas elas estavam se divertindo com drogas, álcool e com ele. Não que eu concorde com esse tipo de coisa, na verdade tenho asco. Apenas não vou bancar o anjo da guarda de garotas ricas e mimadas que se colocam nessa situação.

O pior é que na semana seguinte elas voltavam e se ofereciam espontaneamente. Elas sabiam no que estavam se metendo. Todo mundo sabe.

Frequentadores assíduos da boate conhecem o filho covarde e criminoso de Rodolfo Irysso, um dos sócios do lugar. Mas como eu todos fazem vista grossa, pois as "vítimas" não são tão inocentes assim. Uma vez, uma das garotas implorou para que ele fizesse novamente seja lá o que ele faz quando as leva dali.

Só que dessa vez, eu a vi entrar. Percebi seu olhar perdido, ela estava uma confusão, com um sorriso forçado, talvez para não decepcionar a amiga que parecia estar se empenhando em agradá-la. Mesmo com a escuridão foi possível acompanhá-la com olhos por todo seu trajeto até o bar, quando tomou duas tequilas e foi para a pista de dança.

Chegou minha vez de assumir o som do lugar como todos os sábados. Toquei todas as músicas que planejei para hoje, mas resolvi tocar uma só pra ela. Eu a vi desabrochar, como uma linda rosa no meio da pista. Estava sorrindo, o que aqueceu meu coração. Ela possui essa luz interior que a faz brilhar. Não consigo parar de olhá-la.

Agora eu sou a porra de um poeta.

Começou a se mover levada pela melodia, como se quisesse anestesiar sua dor. Cantou e pulou com a música Faded de Alan Walker. A letra me pareceu certa naquele momento. Não sei o que ou quem a deixou assim, mas eu queria apenas tirar seu olhar triste e perdido. Ela estava tão perto de mim, que senti raiva por não me perceber, tentei me acalmar com o pensamento de que ela estava bêbada e não poderia me notar ali.

Desde o nosso desastroso encontro na piscina, não parei de pensar em seus olhos verdes Ágata. Sua gargalhada quando disse que não era namorada do meu vizinho. Não sei explicar o porquê, só sei que senti alívio. Reprimi automaticamente não vou permiti esse tipo de sentimento.

Ela dançava como se estivesse flutuando na pista de dança, todos estavam olhando-a. Tive vontade de socar cada um que se aproximava colocando as mãos sobre ela. Não sei o que ela dizia, mas eles saíam apressados em direção oposta. O que me fez sorrir várias vezes.

Ela estava radiante, até o verme se aproximar, colocar as mãos em sua delicada cintura, e falar próximo ao seu ouvido. Ela pareceu ficar tensa, logo depois colocou sua expressão irônica, que eu bem conheço, virou-se e o respondeu, ele riu o que despertou algo ruim em mim. A minha vontade foi arrancá-la daquele lugar.

Ele Vai Ser MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora