Capítulo 14-Baby Class

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"Borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar"

(Fernando Anitelli)

Ricco

- Bom dia Ricco.

- Bom dia Iara.

- O que vai ser hoje?

- Capuccino italiano, brownie de chocolate com avelã, cupcakes de nozes, blueberry, canela e framboesa para viagem e pra mim um expresso, pães de queijo e torradas com geleia de romã. Vou tomar agora.

- Só isso?

- Não. Por favor, coloque o bendito sanduíche de pão árabe que tem gosto de papel também. Ela está de TPM, não quero ouvir nenhum discurso do tipo "você é culpado por eu ter engordado".

- Tudo bem. Como ela está? Senti falta das nossas conversas matutinas ontem e pelo visto hoje também não virá.

- Ela está ok. Apenas com problemas, que na situação dela parecem questões de vida ou morte. Nada que esse café da manhã não ajude. - sorrio e pisco para Iara.

Enquanto aguardo seu café da manhã, penso na noite passada. Lembro como ela parecia apreensiva.

- Então? Qual será o seu presente?

- Você.

- O-o que? O que quer dizer com isso?

Sua resposta demorou novamente, ela morde o interior da boca como sempre e algo que cintilava em seu olhar sumiu dando lugar ao que parecia constrangimento. Umedece os lábios em sinal de nervosismo.

- Sua amizade Ricco é o meu maior presente. É isso que quero pra sempre. Só quero você ao meu lado como tem sido.

Fiquei nervoso com seu pedido. O que mais me intrigou, foi como eu quis dizer sim. Por sorte ela não concluiu o pensamento e mudou de assunto. Senti alívio, mas senti também uma ponta de decepção.

Não sei o que esperava que ela pedisse. Só sei que naquele momento devido a dança, eu tentava controlar uma furiosa ereção, a qual eu tentei disfarçar desde o nosso banho.

Pode parecer que sou masoquista, por brincar com fogo dessa forma. Eu seria masoquista mesmo, se morasse ao lado dela e não a tocasse ou ignorasse sua voz melodiosa, o som do seu sorriso.

Não posso começar a definir meus sentimentos por ela, no entanto, não penso muito nisso. Sou um filho da puta viciado nela desde aquele dia. O dia em que senti seu gosto pela primeira vez, a porra do gosto mais doce e sensacional que já senti. Uma imensa onda de paz irradiou por meu corpo enquanto estive ao seu lado. E até hoje sinto isso.

Agora as palavras de Jô fazem sentido. Ela é um ponto luz onde há escuridão, minha vida é escura ou era. Ela com seu jeito de menina, sua mania de andar descalça; morder o interior da boca enquanto pensa; umedecer os lábios quando está nervosa... Tudo isso mudou a forma como eu a via.

Depois de sair da Coffee Coffee Cake, vou para seu apartamento. Hoje quero acompanhá-la ao trabalho que faz na comunidade. Vou conhecer esse lado dela que fugi por todo esse tempo temendo me envolver demais. No início ainda lutei contra essa aproximação, tive medo que ela confundisse devido ao ocorrida na praia. Aos poucos ela rompeu as os muros que ergui por tanto tempo. Não é que confio completamente, mas para o relacionamento que temos é o suficiente.

Entro em seu apartamento com minha chave, uma vez que ela insistiu que seria bom para casos de emergência. Não que usemos em emergência, ela usa a sua chave o tempo todo quando não estou em casa. Ela gosta de fazer-me surpresas, seja com comidas deliciosas ou com presentes.

Ele Vai Ser MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora