Ele Vai Ser Meu

Capítulo 22-Ameaças (Parte 1)

  "A melhor ginástica respiratória que existe é a leitura, em voz alta."

(Mario Quintana)

Luna

Ela continua com os olhos revirados para cima enquanto seu Dry Martini está descendo por sua garganta em um só gole. Sua mão está suspensa no ar em um gesto de "pare". Acho que foram muitas informações de uma vez, talvez tenha sido muito para processar.

Quando penso que está terminado e por isso voltaremos a conversar, ela gesticula para o garçom pedindo outra bebida. Eu sabia que ela iria ficar chocada, mas não sabia que seria tanto.

– Chega Jô. Diz alguma coisa. – peço aflita.

– Ele não é mais...

– É. É claro que é gay.

– Então agora ele é ...

– Não. Jô, é claro que ele não é bi.

– Como isso é possível?

– Jô, é um acordo. Ele está me ajudando e eu estou "suprindo" suas necessidades. Ai! Não me pergunte o que é. Eu ainda não sei o que é.

O garçom traz seu par de bebidas, Jô prontamente as pega e voltamos para o ponto inicial com seus olhos para cima, goles e goles em apenas um único fôlego. Agora seu dedo indicador pede um segundo de pausa.

Eu não iria contar agora, está tão recente, só que não tive muitas opções, com aquela jornalista de uma figa me cercando. Eu estou enrolando para nos encontrarmos. Já dei todos os tipo de desculpas possíveis para adiar. Resolvi falar com a minha amiga para ela me ajudar. Então aqui estamos na hora do meu almoço e ela com seus olhos orientais revirados, parece que eles estão tentando fazer um volta de trezentos e sessenta graus em seu rosto.

– Vamos ver se eu entendi. Você e o Ricco fizeram um acordo para ter aulas de sexo, mesmo ele sendo totalmente gay. O que é no mínimo esquisito. Daí então, vocês vão ficar nessa? Aulas práticas de sexo? – ela parece uma metralhadora de palavras.

– Exatamente. – sinto alívio com seu entendimento.

– OoooK. Juro que estou tentando com cada fibra da minha perseverança, achar normal tudo isso e podermos passar para o próximo tópico da conversa, mas Luna ele é gay. Gay, gay. Ele.é.gay. – ela sibila várias vezes com os olhos puxados bem arregalados. – A palavra está perdendo mais o significado a cada pronuncia. – ela põe as mãos sobre os olhos e respira fundo, volta a olhar-me. – A pergunta que não podemos calar. Ele é gostoso?

– JÔ! – brado pasma com o rumo da conversa.

– Nem vem. Não seja uma vaca comigo, você me deve isso. Poderia ter me contado há muito tempo. Pelo menos da proposta que você fez. Então se quiser continuar com seus olhos, porque estou com vontade de arrancá-los, me conte tudo com riqueza de detalhes. – apalpa o ar nas últimas palavras.

– Eu não tenho como comparar. – tento escapar do assunto.

– Para! Você ouviu Enya?

– Enya? Por quê?

– Você sabe. Durante o orgasmo. Aquela cantora com voz de anjo e um coral celestial que parece que você entrou no céu. Acho que os melhores orgasmos da nossa vida possuem Enya cantando ao fundo.

– Japonesa você é louca. – digo gargalhando. – Bom, eu não sei se foi Enya, mas estive no céu com certeza.

– Comece pelo número de orgasmos. – arqueia as sobrancelhas.