Um sonho improvável

Capítulo 01

- Bom gente, pra quem não me conhece, eu sou o Márcio Ballas. Pra quem já me conhece, continuo sendo o Márcio Ballas - todos riem - e eu serei o professor de vocês. Antes de começarmos eu gostaria que todos vocês se apresentassem, falassem um pouco sobre vocês e as experiências que já tiveram com teatro e improvisação. Quem quer começar?!
O Márcio estava em uma sala com mais ou menos 10 alunos, a sala tinha um chão de madeira e paredes em tom pastel. O professor e os dez alunos estavam todos sentados no chão de maneira de forma muito descontraída. Uma mulher de mais ou menos 45 anos levantou a mão e perguntou se podia começar, e se levantou após o Márcio confirmar com um sorriso.
Aos poucos, cada aluno se apresentou, até chegar a vez de Sofia. Ela se levantou e, nervosa por causa de todos os olhares, principalmente o do seu professor e ídolo, começou a falar.
- Olá, meu nome é Sofia Britto, eu tenho 25 anos e sou natural de Salvador. Eu vim para São Paulo para tentar uma carreira na música e aqui acabei conhecendo os Barbixas, me interessei pelo teatro e já até tive um grupo, mas infelizmente nos separamos. É uma honra enorme e um sonho se realizando estar aqui sendo sua aluna, mestre Ballas. - após dizer tudo em um só suspiro, Sofia volta ao seu lugar sentindo as mãos frias e o rosto corado.
- Nossa, que bom ouvir isso! Seja muito bem vinda, Sofia. - Ballas diz com um sorriso mais aberto e Sofia, tímida, sorri de volta.
As apresentações continuaram, e logo depois todos se alongaram.
Depois de um breve discurso, Márcio deu início ao curso. O Professor falou sobre Keith Johnstone e como ele foi importante para o teatro de improviso, e em seguida apresentou vários jogos criados por Keith à sua turma. Depois de um tempo Márcio anunciou um breve intervalo e todos aproveitaram para beber água ou ir ao banheiro. Sofia aproveita para conversar com seu ídolo
- Oi, Márcio Ballas, eu posso me sentar aqui? - Sofia disse tentando não gaguejar
- Claro, moça! Mas, pode me chamar só de Márcio!
- Ah, é que eu fico meio nervosa de falar com o senhor.
- Não precisa me chamar de senhor - disse Ballas rindo do nervosismo de Sofia - é Sofia seu nome, né?!
- Sim! - Sofia confirma.
- Você está se saindo tão bem nos jogos, não entendo o motivo de seu grupo ter se desfeito!
- Ah, eramos em três, assim como os Barbixas - Márcio ouvia atento - mas, um dos integrantes conseguiu um papel em uma novela e teve que se mudar para o Rio de Janeiro, então nós decidimos dar um tempo do grupo.
- Poxa, é uma pena... Você tem algum registro de suas apresentações?
- Eu tenho sim, nós costumávamos mandar para a página dos Barbixas, mas a qualidade dos vídeos era tão ruim que eu acho que eles nem quiseram ver - os dois riem
- E você já foi assistir eles no teatro? - Ballas diz mudando de posição
- Já, várias vezes! Mas, nunca comentei isso com eles... - Sofia diz olhando para baixo
- Por quê não? - indaga Márcio
- Ah... Acho que tinha medo deles falarem que não gostaram.
- Tenho certeza que eles iriam adorar!
- Você acha? - Sofia diz voltando a olhar para Márcio
- Eu tenho certeza! Você é super descontraída e sabe fazer piada, se seus outros colegas forem como você, então eu acho que os Barbixas precisavam muito ver isso!
- Nossa, Márcio... Você não tem ideia de como é bom ouvir isso de você! Muito obrigado! - Sofia diz feliz com os elogios vindos de seu mestre.
- Imagina - Ballas diz sorrindo.
- Eu posso te dar um abraço? - Sofia diz nervosa
- Claro! - Ballas diz surpreso
Eles se abraçam e Sofia o agradece mais uma vez, após esse abraço o improvisador retoma sua aula e Sofia segue o impressionando.

Sofia chega em seu pequeno apartamento depois da incrível aula que tivera, ela se joga no pequeno sofá de dois lugares e suspira...
- "De todas as vezes que eu sonhei com esse dia, nenhuma delas foi tão incrível como hoje! Obrigado, meu Deus!" - Sofia diz em pensamento.

Do seu escritório, Márcio liga para seu amigo

- Alô, Márcio?!
- Oi Dani, tá ocupado? - Márcio diz querendo não incomodar
- Um pouco, mas pode dizer! - Daniel Nascimento responde
- Cara, vocês precisam conhecer uma menina, ela veio na minha aula de improviso hoje e disse que é muito fã de vocês. Cara, ela é muito boa!
- Sério, cara?! Que legal... Quem é?
- O nome dela é Sofia Britto, ela disse que já até teve uma cia de teatro, mas eles acabaram se separando. Ela disse inclusive que mandava alguns vídeos das apresentações para vocês. Dê uma olhada na página de vocês! - aconselha
- Tá bom, eu não costumo ter tempo para olhar as mensagens dos fãs, mas você me deixou curioso sobre essa Sofia Britto. Assim que eu tiver um tempo vou olhar.

Daniel se despede do velho amigo e volta para o camarim, ele se preparava para mais uma apresentação. Era sábado e eles estavam fazendo as últimas apresentações de sua turnê pelo Brasil.

Depois de dois espetáculos e muitos abraços e declarações de fãs, os Barbixas voltam para o hotel. Eles tinham mais três espetáculos domingo e, só então, voltariam para casa.
Elídio falava com Samara pelo celular, Anderson estava atualizando suas redes sociais e Daniel tinha acabado de desligar o celular quando lembrou dos vídeos da fã que Márcio Ballas havia recomendado.

Ele pega o seu velho computador e chama os outros, contando da ligação. Na caixa de mensagens da página no Facebook estava, entre milhares de fãs, o nome da soteropolitana. Ele clica na mensagem de mais ou menos um ano atrás e inicia um dos vídeos. O jogo que passava era uma adaptação do só perguntas, todos os jogadores encenavam uma história falando somente perguntas e se alguém afirmasse, teria que sair da cena.

- Até que são bons, mesmo! - exclama Anderson.
- Essa que é a Sofia? - pergunta Elídio apontando para a única mulher do trio.
- Eu acho que sim, mas... - Daniel chega mais perto da tela e ajeita seus óculos - Quem é ela?