Perplexa

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Olhei para o meu pai assustada, ele era um homem grande e preenchia todo o vão da porta, imagens minhas deitada em seus joelhos levando umas palmadas por ter me comportado mal invadiram minha cabeça. Não havia como esconder meu mal comportamento, não havia possibilidade de esconder essa gravides e infelizmente este era o momento de decepcionar meu pai e assumir meu erro.

- Pai, eu estou grávida - disse com a cabeça baixa.

Eu retorcia o lençol da cama em minhas mãos nervosas e suadas, não tinha coragem de levantar o olhar para o meu pai e ver refletido em seus olhos o quanto estava decepcionado comigo, ele estava muito calado, talvez em choque com a noticia, fiquei ali sentada na cama com a minha mãe ao lado esperando o veredito. Será que ele iria me expulsar de sua casa? Iria gritar comigo? Me dar uma bronca e planejar toda a minha vida como a minha mãe? A duvida estava me corroendo e lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto cada vez que tecia uma teoria pior do que a outra de o que meu pai poderia fazer.

De repente meu celular começou a tocar dentro do meu bolso e eu o atendi no automático, sem nem sequer olhar direito para ele.

- Alo? – minha voz saiu rouca, embargada pelas lagrimas que não paravam de cair.

- Aline, tudo bem com você? – Eduardo parecia assustado do outro lado da linha – você está chorando?

- Sim – não adiantava mentir – está tudo bem, posso te ligar depois? – eu estava no meio do meu julgamento final, não tinha cabeça para falar com ninguém nesse momento, nem com o meu mais que gostoso deus grego Dr. Eduardo.

Nós não havíamos nos encontrado desde quarta, quando ele me deixou no trabalho depois de uma noite muito “caliente”, apesar de me ligar diversas vezes desde então, eu não sabia como nosso relacionamento iria se desenrolar, se é que tínhamos um relacionamento.

- Claro – ele respondeu – mas está tudo bem mesmo? Você chegou a casa dos seus pais?

- Sim, sim – respondi a ele – estou contando para eles agora da gravides, depois eu te ligo. – não esperei uma resposta e desliguei.

Ergui meu olhar e meu pai ainda me observava, sua expressão não revelava nada, não dava nem para imaginar o que estava passando por sua cabeça, ele respirou fundo e veio sentar ao meu lado na cama.

- Você vai tirar? – era obvio que ele estava perguntando se eu iria fazer um aborto.

- Não – respondi com a minha voz tremula – resolvi seguir adiante com a gravidez e ter esse bebe.

- Bom – ele respirou fundo novamente – e o pai dele?

Eu esperava uma explosão, um sermão interminável, mil vezes pior do que o da minha mãe. Eu esperava até mesmo uma surra de vara, não essa calma toda dele.

- Nós terminamos antes de eu descobrir e ele não vai assumir nada. – pronto, eu falei, agora tinha de vir o surto.

- Tudo bem, nós vamos fazer isso dar certo – ele disse me dando um beijo nos cabelos - só preciso de um tempo para me acostumar com a ideia.

Eu fiquei olhando-o de boca aberta enquanto ele saia do meu antigo quarto com a minha mãe atrás dele, eu estava perplexa com sua atitude, mas também aliviada, parecia que o peso do mundo havia saído das minhas costas.

E Agora? - rascunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora