Capítulo 5 - Novo Dia.

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  - Não posso dizer que aquilo foi fácil ou difícil pra mim superar,
Eu era apenas uma criança e tinha acabado de receber minha luz celestial e evoluído como um anjo.
Por teoria, lembro vagamente do que havia acontecido ali naquela noite.
O vento frio e o céu estrelado foram as últimas coisas que vi antes de virar minha cabeça para o lado e ver o desespero de Uriel reclinado em cima do corpo dos meus pais.
A aglomeração de anjos passou como um filme em minha mente, lembro de ver meu corpo e de meu irmão arrastados em câmera lenta, enquanto ouvia o bater das asas dos anjos que se aproximavam.
Vi mesmo ao longe o desespero de todos ao redor dos corpos dos meus pais, eu queria ter forçar para conseguir ir até lá, mas eu não conseguir mover um músculo.
Desviei meu rosto para o corpo de Arthur que também estava sendo arrastado por outro anjo e tentei locar sua mão, mas sem grande sucesso.
Por mais que eu tentasse meu corpo não respondia meus comandos, eu só queria acordar daquele pesadelo e abraçar minha família.
Em meio a tudo que acontecia e o sofrimento que estava instalado em todo o lugar, senti algo tocar a minha mão e rapidamente virei minha cabeça ainda meio tonto e olhei para minha direita onde vi uma mão de luz tocando a minha.
Isso me assustou e levantei meu rosto, enquanto ouvia o anjo que me carregava me pedindo para calar.
Vi o rosto de minha mãe refletindo uma imensa luz com um grande sorriso e dizendo que jamais iria me deixar.
Segundos depois ela desapareceu como cristais jogados ao vento.
Em meio a um piscar longo e cansado, lembro de abrir os olhos novamente em um quarto branco e me ver deitado em uma cama com meu irmão repousando na cama ao lado.
Tentei me levantar várias vezes, mas ainda sem sucesso.
Como um anjo criança de apenas 4 anos poderia se levantar estando tão fraco? Era meio impossível.
As mudanças na transformação para o Anjo Completa foi tão grande que pra mim passar diretamente de um bebê para uma criança de 4 anos acabou sugando todas as minhas energias, o mesmo aconteceu com meu irmão.
Mesmo sabendo que não poderia não fazer nada, tentei descansar para que pela a manhã tudo isso não tivesse passado de um imenso pesadelo e eu pudesse abraçar meus pais no primeiro raiar do sol.
Em frente ao meu quarto vi dois anjos parados antes que eu conseguisse dormir, era Uriel e Aramis conversando.

- Como vamos contar a eles Uriel? - Disse Aramis meio incomodado.
- Hoje não contaremos nada a eles, deixem-os descansar, ninguém esperava que Audrey fosse tão cruel assim. - Disse Uriel olhando para mim e meu irmão que estávamos deitados.
- Uriel? Mas como vamos treina-los sem Jensen e Alice que guardavam a luz de ambos? E se Audrey voltar? - Disse Aramis.
- No momento eu vou treinar o mais velho e vou apagar a Luz dos dois garotos assim vão achar que estão mortos e ficará difícil de os reconhece-los em meio aos demais anjos. - Disse Uriel caminhando com Aramis até perto de minha cama e de meu irmão, nesse momento eu fingia dormir.
- Mas, porque o interesse no mais velho? O mais novo foi criado com o mesmo intuito - Disse Aramis.
- O mais novo...  o mais novo tem uma grande carga pela a frente, mas nesse momento não passará de um anjo guardião. - Disse Uriel passando a mão pela a minha cabeça.

- Naquela época eu não entendia o que seria um anjo guardião e no que isso poderia me ser útil, mas foi aí que toda a história começou a surgir.
Aramis e Uriel saíram do quarto e escutei forte o bater da porta e mesmo pensativo, logo cai ao sono,  como eu disse eu esperava que tudo isso não passasse de um grande pesadelo e que abrir os olhos na manhã seguinte, tudo estivesse em seu devido lugar.

- Na manhã seguinte pude ouvir o caminhar do lado de fora do quarto, uma agitação que não parecia normal, então eu tive certeza que realmente não era um sonho e olhei para minhas pequenas mãos e senti minhas pequenas asas mexerem.
Me levantei rápido da cama e corri até a cama de Arthur ainda meio sem jeito e comecei a balanca-lo.
- Arthur acorda, acorda...  - Comecei a saduci-lo, enquanto ele relatava para acordar.
Ele me mexia e tentava me tirar de cima dele enquanto eu o empurrava.
Logo Arthur se levantou assustado e me olhou fixamente.
- Ian? - Disse Arthur me olhando e encostando em meu rosto... 
- Você está mais velho - Disse Arthur me olhando fixamente.
- Sim...  a transformação estava completa eu tenho 4 anos agora. - lembro de ter dito isso na brincadeira.
- Não, Não... você parece ter 8 anos e eu...  12. - Disse Arthur assustado olhando seu reflexo em um enorme espelho que tinha no quarto.
Meu irmão se levantou correndo e foi até o imenso espelho e ficou tocando seu rosto e olhando suas asas enormes e as escrituras em seu peito.
- Isso não pode ser real, vamos ficar envelhecendo diariamente até ficarmos adultos? - Sussurou meu irmão para ele mesmo.
- Art... olha pra mim e se concentra.
Algo aconteceu com o Pai e a Mãe, ontem a noite antes de nos trazerem para cá eu os vi ao chão e toda uma aglomeração de anjos em sua volta e mais tarde eu senti a mamãe me tocar como uma luz. - Eu disse me levantando e indo em direção ao espelho que meu irmão tanto se olhava.
- Temos que ir atrás de Uriel e ver o que está acontecendo...  - Disse Arthur ainda se olhando muito no espelho.
- Bobão... para de se olhar e vamos - Eu disse puxando seu braço.

Arthur estava maior e era inevitável sua semelhança com nosso Pai, desde a voz até a aparência física.
Enquanto saímos do quarto e caminhávamos em pelo o corredor, os anjos nos olhavam e sussuravam entre si nos apontando.
Não entendíamos bem o que estava acontecendo, mas seguimos nosso caminho até o pátio celestial.

- Chegando ao pátio o sinal de destruição agora era bem mais visível e em nossos rostos estavam estampado o medo, lembro de abraçar rapidamente Arthur que retribuiu o abraço.

- Vários anjos trabalhavam e reconstituiam o lugar enquanto Uriel os ordenavam.
Um dos anjos cutucou Uriel e apontou pra gente que caminhava com passos calmos olhando toda a destruição.
Uriel respirou fundo e voou até meu irmão e a mim e se abaixou de joelhos.
- Meninos... vocês não deveriam estar aqui - Disse Uriel me pegando no colo.
- Cadê meus Pais?  - Disse Arthur.
- Isso não é uma conversa para termos aqui, venham...  vou contar tudo a vocês em outro lugar - Disse Uriel se levantando comigo no colo e guiando a mim e meu irmão por um outro caminho se afastando de toda a confusão que se encontrava o Pátio Celestial naquele momento.

IAN - SPIN-OFFOnde histórias criam vida. Descubra agora