Um telefonema

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– Mione?

– Rony é você?

– Sim, sou eu.

– Onde está? – a voz dela surpresa questionou.

– Bom, eu fui até uma cabine que tem feletone na Londres trouxa, ai olhei um livro cheio de nomes e números. Procurei por Granger, errei umas cinco vezes até acertar e bom...você atendeu.

Pude ouvir um pequeno riso da voz vinda do fone.

– Você é louco e eu amei isso – ela disse.

– Amou? – eu sorri e encostei na cabine vermelha, escorregando devagar até chegar no chão e sentar.

– O que fez hoje? – ela perguntou fugindo de meu questionamento.

– Salvei a Gina.

– Completou sua missão?

– Ahan.

– Que bom, Rony.

– E você? Me conte seu dia.

– Bom, acordei, tomei café da manhã, chequei meus e-mails, esperei o telefone tocar, li um pouco, almocei, chequei meus e-mails, esperei o telefone tocar, li um pouco, jantei, chequei meus e-mails, esperei o telefone tocar, e você ligou. O ponto alto do meu dia.

O ponto alto do seu dia?

Não pude deixar de sorrir.

– Pensei que ia vir aqui hoje – ela continuou – porque não veio?

Como responde-la que estava com medo?

Como responde-la que estava com receio?

Como responde-la que estava chateado?

Com medo dela não ter gostado do fato de eu quase a tê-la beijado ontem.

Com receio da nossa amizade ter acabado por causa desse quase ato estúpido.

Chateado pelo "Só o Rony" que ouvi sair de sua boca.

– Eu só... – comecei a responde-la – eu só queria fazer uma surpresa.

Ela suspirou e não disse nada.

– Sabe Mi – voltei a dizer bem baixinho – às vezes eu queria te dizer umas coisas.

– Que coisas? – questionou curiosa.

– Coisas que rodeiam a minha mente o tempo inteiro, coisas sobre nós dois...

– Diga – me implorou.

– Tenho medo – confessei.

– É mais fácil pelo telefone – ela me encorajou.

– Acho que não está na hora ainda Mi, acho que preciso percorrer uma etapa de cada vez, sabe?

– Sei sim – ela disse tão baixo que quase não identifiquei suas palavras.

– Sabe aquele sentimento que te consome inteiro? Que o tempo todo quer sair mas que não sai por receio?

– Hum?

– Então...o que eu faço?

Fechei os olhos, para me concentrar nas palavras dela.

– Deixe esse sentimento sair – ela disse firme.

– E se eu fizer besteira?

Ela riu.

– Ai Rony...

Fiquei ouvindo o nada e esperando, até que ela rompeu o silêncio.

– Desculpe pelo "Só o Rony", você nunca foi só o Rony.

Suspirei aliviado e respondi:

– Que bom...Acho que vou desligar.

– Vem aqui amanhã? – ela prontamente perguntou.

– Ok.

– Vem mesmo?

– Vou...Tchau Mione.

– Tchau Rony.

E voltei a esperar.

– Desliga – a voz dela ecoou do fone.

– Já já desligo.

Ela riu.

– A gente está parecendo um casal de... – e então Hermione parou de falar.

– É difícil falar não é?

– Aí Rony...

– Tchau Mi – voltei a despedir.

– Tchau – ela sussurrou.

E voltei a esperar.

– Como que desliga esse negócio? – pergunto segundos depois.

Escuto a risada gostosa dela.

– É só colocar no lugar que estava.

– Hum, agora aprendi, vou desligar mesmo, até amanhã.

– Até amanhã.

– Tchau de verdade.

– Tchau de verdade – ela repetiu rindo.

– Eu te... – ouvi um tu tu tu – Amo!

Minha frase finalmente saiu quando ela não estava ouvindo.

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