– Ai Hermione!
– É bom que doa mesmo.
Estávamos nos jardins de casa, eu deitado no colo da Hermione e ela aplicando
pequenas gotas de ditamno em meus machucados visíveis.
– Enfiar a verdade ao Harry através de socos? Isso foi horrível Rony!
– Mas deu certo – eu sorri.
– Eu quero falar umas coisas, e como agora você parou de fugir, por favor, me escute?
A voz era do Harry, ele e minha irmã estavam na beira do lago. A Gina estava com os braços cruzados na frente do corpo e com a cabeça abaixada, escondendo seu rosto como se estivesse com vergonha.
– Posso dizer? – Harry pediu gentilmente.
Gina limitou-se a sacudir afirmativamente a cabeça.
– Eu tinha aquela falsa sensação de que as coisas mudariam logo depois que Voldemort morresse... – Harry falava com os olhos fechados, como se lesse as palavras em sua mente – Ledo engano – ele fungou.
Gina virou seu rosto o encarando e o menino que sobreviveu duas vezes voltou a falar:
– Tem uma frase famosa que diz: "Quanto mais às coisas mudam mais permanecem iguais" e isso se enquadra a mim. Eu sempre soube que as mortes na guerra não eram minha culpa mas eu era incapaz de enxergar, como na época da morte do Sirius. Sempre minha culpa, sempre! Mas sabe? Agora sei o porquê – ele se permitiu sorrir e abriu seus olhos – Eu queria permanecer imóvel, na penumbra, no meu esconderijo, que era a culpa. Vai que saísse dessa redoma de dor e o outro lado fosse pior. Como se eu fosse um viciado, onde o medo de dar um passo ao desconhecido me impedia de prosseguir e isso me matava aos poucos.
Cara! Eu nunca vi o Harry falar bonito desse jeito e acho que é por isso que minha irmã deixou que lágrimas caíssem de seus olhos.
– Sabe Gina, o problema é que me permitir amar as pessoas, e esse sentimento estragou tudo – minha irmã enrugou a testa e sacudiu a cabeça – Eu devia saber, que nessa guerra que eu tive que entrar, iria me fazer perder. E eu digo perder em vários aspectos, perder pessoas, perder a inocência, perder minha esperança. Mas mesmo assim, depois de tudo, eu achei que as coisas iam finalmente se resolverem, mas eu acabei me encasulando por causa da culpa.
– Harry – Gina sussurrou.
– Mas mesmo que o "amor" tenha me colocado no escuro e cego pela culpa, foi esse mesmo sentimento idiota que está me fazendo mudar. Eu tenho medo da mudança, eu a temo. Mas eu decidi e essa mudança que comecei a fazer hoje, e vou continuar com sua ajuda, é tudo. E sabe? Eu cruzei a linha do receio e posso dizer que esse lado, é bem melhor do que onde eu estava.
Ele terminou sorrindo.
A Gina mordeu os lábios passando seus dedos em seu rosto limpando às lágrimas.
Ela suspirou.
Dava para ver que provavelmente iria bombardear meu amigo. Gina era assim.
– Você é sempre o herói. – Gina disse encarando os olhos verdes de Harry, os olhos dele também estavam lacrimosos. – Sempre o herói que escolhe entre o certo e não entre o que quer.
– Gina... – Harry tentou.
Coitado dele, minha irmã agora vai fazer com que ele se sinta um idiota. Eu sei. Ela sempre fez isso comigo. Gina é daquelas: "Tem certeza que vai mexer comigo? Posso te deixar no chão". Às vezes penso se ela não usa isso como um escudo.
Não! Ela realmente é assim...
– Harry... Você falou e agora é minha vez. – Ele se calou na hora, quem não se calaria com essa voz da Gina? Ela continuou. – Como não percebeu que eu queria fazer o mesmo?
– Como assim?
– Eu estava fazendo o certo. Me manter distante de você era o certo. – Gina disse segurando as lágrimas, ela quase nunca chorava.
– Como poderia ser o certo?
– Harry eu não queria ver a minha tristeza te contaminando. Eu iria acabar me culpando, te culpando, culpando o mundo. E a sua dor já era suficientemente grande para ainda compartilhar a minha. – Gina suspirou. – Como pode ser tão inteligente para derrotar o Lorde das Trevas e tão burro para decifrar um simples sentimento.
– Nunca fui bom com isso. – Harry admitiu.
– Eu fugia de você, porque queria fugir de mim e do meu doce e terrível desejo de te ter sempre. Como pode ter sido tão idiota?
– Desculpa Gina. – Harry ao sabia, mas minha irmã já tinha lhe desculpado.
– Posso deixar essa desculpa mais interessante? – ela levantou a sobrancelhas sorrindo.
– Como?
E então ela jogou seus braços envolta do pescoço do Harry selando seus lábios, o impacto do abraço foi tão grande que meu melhor amigo se desequilibrou caindo na água. Ambos entretanto fingiram não notar o ocorrido e continuaram a se beijar, deitados na água rasa do lago, ambos ensopados.
– Eu levaria mil socos só pra ver as coisas voltarem a seu eixo, como agora – eu disse sorrindo olhando para a Mione que observava a cena dos namorados.
Ela levantou as sobrancelhas e me olhou sorrindo:
– Eu parei de tentar imaginar o futuro.
– Hã?
O que ela está tentado dizer.
– Sabe Rony sinceramente, agente se preocupa com o futuro, planeja o futuro, idealiza o futuro. Agente imagina como se isso fosse realmente acontecer, mas quando ele se revela é de um jeito inimaginável, como agora. Quem diria que Ronald Weasley, possessivo e ciumento, estivesse sorrindo olhando sua irmã beijar seu amigo, sem ao menos o ameaçar de morte.
Ela sorriu e eu deixei um pequeno riso escapar.
Me ajeitei no colo dela e fechei os olhos.
– Eu vivo imaginando o futuro – confessei.
– Sabe que a realidade é aqui e não no mundo dos sonhos?
– Eu sei.
Me lembrei de todos meus sonhos de um futuro com ela.
– Então é "agora ou nunca".
Ela disse fazendo eu levantar minha cabeça pra encará-la.
Quer indireta mais reta que essa?
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FanfictionUm mês depois do fim da guerra Rony alimenta um ódio enorme por Voldemort, tudo porque o cara de cobra acabou com o mundo que ele vive, sua casa está de pernas pro ar e um dia ele grita olhando para cima que quer mudanças, que faria todo o possível...