O Cavalo

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Eu estou suando frio.

Parece que tenho trinta anos.

Estou horrível.

Resolvo ir para o banheiro tomar um banho.

Fico quase uma hora sentindo a água quente escorrer no meu corpo.

E fico pensando.

Pensando em tudo.

"Isso é muito maior do que imagina"

"Ainda não sacou a para, Ronald?".

"Ou pensou que só você que está recebendo peças de xadrez por uma coruja?"

Cara eu jurava que era alguém da minha casa que estava mandando essas mensagens, mas agora...

No momento estou realmente morrendo de medo da carta que provavelmente está no meu quarto.

"Para o bem da humanidade"

Meu pensamento grita.

"Pare de ser covarde, Ronald!"

Ordeno a mim mesmo e começo a colocar meu pijama me preparando para dormir.

Ando a passos curtos em direção ao meu quarto. Abro a porta devagar e o envelope branco brilha em cima da cama.

"Para o bem da humanidade"

Meu pensamento grita novamente.

Sento no colchão e pego o envelope na mão.

Quase rasgo o pedaço de pergaminho de tanto tremer quando resolvo abrir.

Cai um cavalo preto.

O pego na mão e vejo o "RW" brilhar em baixo.

"Para o bem da humanidade"

Meu pensamento volta a gritar.

Pego o pedaço de pergaminho e vejo a mesma letra de sempre.

Começo a ler:

"Caro Ronald,

Se você estiver lendo esta carta provavelmente está tudo bem. Tomara que Miller e Marvin tenham mencionado que estamos satisfeitos com seu progresso.

Agora novos desafios aguardam.

Uma peça maior

O cavalo tem um bom valor num jogo de xadrez.

Não deixe que essa peça se perca.

O menino que nos salvou"

O Harry.

O cavalo é o Harry

"Para o bem da humanidade"

"Eu já sei" respondo.

"Salve o menino que nos salvou Ronald"

"Como?" pergunto "Se não faço idéia qual é o problema do meu melhor amigo?"

"Encontre a resposta para o bem da humanidade"

Para o bem da humanidade.

Maldita frase!

Um peso enorme nas minhas costas que eu pensei que não existisse.

A mensagem do meu pai era clara: tinha que fazê-lo sair daquela garagem.

Com o Percy teria que fazê-lo parar de encontrar a resposta impossível.

Com a Gina fazê-la parar de correr do que quer que ela corresse.

Mas o Harry...

Não faço idéia do que tenho de libertá-lo.

Tenho um pressentimento diferente com ele. Parece que o negócio sempre esteve por perto e eu nunca percebi. Devo ver o negócio todo dia, mas existe uma grande diferença entre ver e encontrar.

De alguma forma, Harry precisa de mim.

Só não sei o que fazer.

Repasso tudo mentalmente: o que ele disse nos últimos tempos e o que ele fez.

E então me lembro: É claro! A casa! Sua estúpida idéia de se mudar daqui.

O duro é descobrir para onde quer se mudar, tem haver com o lugar, eu sinto isso.

Penso em táticas de como tirar essa informação do Harry.

Primeiro: discutir com ele.

Esta é mole, é só falar que ele esta ocupando espaço demais aqui em casa e que ninguém aguenta mais seu mau humor.

O perigo é o Harry ficar com tanto ódio e me deixar falando sozinho, no escuro, sem descobrir porcaria nenhuma. Seria um desastre.

Segundo: Usar Veritaserum.

Eu colocaria um pouco da poção no seu copo, ele bebe sem perceber, eu começo a fazer as perguntas e ganho as respostas, fácil, fácil.

O problema é que o Harry iria ficar com raiva quando o efeito da poção passa-se e depois com certeza não conseguiria solucionar seu problema.

Outro problema é que não tenho essa poção e nem me atrevo a prepará-la.

Terceiro: Perguntar na lata.

É a opção mais insana, ele pode simplesmente virar a cara e não me responder e aí minha missão inteira vai por água a baixo.

Mas por outro lado.

É honesta, direta e consideravelmente simples. Ou dá certo ou não dá, só depende muito mais de agir no momento certo, do que de qualquer outra coisa.

Eu vou ter que pensar muito antes de usar qualquer uma delas. Mas o que eu não contava era com uma quarta opção na manhã seguinte:

– Oi Rony – a Gina me cumprimentou no café da manhã.

– Não vai correr hoje? – não pude deixar de perguntar.

Ela olhou para baixo e sussurrou:

– Cale a boca.

Eu sorri.

– Não vai se mudar de casa, não? – ela perguntou displicentemente.

– Que?

– Ah, você sabe, já tem dezoito anos Rony, a Mione está na casa dela, o Harry

procurando uma e você não vai fazer nada? Só vai ficar aqui morgando o resto da vida?

"Se mudar é isso!"

– Gina você é um gênio! – eu disse levantando da cadeira e seguindo para fora procurando o Harry.

– Só agora percebeu? – ouvi o grito sarcástico de minha irmã ao longe.

– Oi Harry – disse assim que o encontrei perto do lago olhando pro nada.

– Você tem aquela sensação que os dias não passam mas sim se arrastam?

– É – eu confirmei sem ouvir direito o que ele falou – Escuta cara! Me ajuda a procurar uma casa?

Sorri para ele quando me melhor amigo me olhou confuso.

Era agora ou nunca.

– Pra você morar?

– É.

– Em que lugar?

– Ah, não sei cara! Talvez no mesmo lugar que pretende morar – tentei parecer desinteressado.

– Em Godric's Hollow's?

Foi mais fácil que ganhar detenções do Snape.

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