Projetor de lembranças

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Tive uma idéia bem impossível que a Mione disse que ia tentar torná-la possível.

Já que meu pai queria assistir suas lembranças porque não transportá-las para esse aparelho trouxa, a tal da tevelisão?

A Hermione me disse que uns feitiços ajudariam e que ela tinha um aparelho em sua casa perfeito para reproduzir esses pensamentos.

E então estávamos os dois, na frente da casa dos Grangers, tínhamos acabado de aparatar.

A casa dela é modesta, com dois andares, um jardim pequeno na frente dividindo espaço com uma garagem.

Notei que a Mione respirava forte olhando para a residência.

É claro! Era a primeira vez que ela voltava a sua casa depois da guerra.

Tirei uma coragem inexistente de mim mesmo e beijei sua testa tentando confortá-la.

– Tudo bem se não quiser mais entrar.

– Não! – ela afirmou derramando algumas lágrimas. Apenas segure minha mão.

Entrelacei nossas mãos fortemente e caminhamos até a porta de entrada.

Hermione pegou a chave e tentou colocá-la na fechadura, mas tremia tanto.

Não posso dizer qual o sentimento dela, mas deve ser horrível.

A sua família é seus pais e teve que sacrificar-se, ficando sem eles, para um bem maior.

Um bem maior que só nos faz sofrer?

Que bem maior é esse afinal?

Com muito custo Hermione conseguiu destrancar a porta.

Entramos a passos curtos dentro da sala.

Era espaçosa, tinha uma estante com a tal da tevelisão e outros aparelhos trouxas. Um tapete retangular e dois sofás. Havia uma bancada e a cozinha era vista do lado oposto.

– É tão estranho – Hermione disse ao meu lado – Voltar sem eles, sempre imaginei voltar com eles.

Ela visitou todos os cômodos da casa comigo, totalmente calada. O que me chamou a atenção foi quando ela abriu a porta de seu quarto.

As paredes eram beges, tinha um guarda-roupa e uma cama branca, várias prateleiras pregadas na parede com livros e mais livros.

– Cheira velho, parece outra realidade.

Ela soltou pela primeira vez minha mão e abriu a porta do guarda-roupa. Tirou um aparelho trouxa bem diferente, parecia uma luneta.

Hermione montou um suporte com três pés pra esse negocio esquisito. Voltou ao guarda-roupa e pegou um rolo.

– Esse é o aparelho de cinema do meu pai. Ele é obcecado por filmes antigos, lembra seu pai na verdade. Bom, funciona assim. Esse projetor – ela apontou para o objeto esquisito – passa as imagens do filme – ela ergueu o rolo que segurava – para uma parede ou um painel. A parede precisa ser branca e o ambiente precisa estar escuro.

Ela foi até um botão na parede e o apertou apagando as luzes.

– O filme é um conjunto de fotos que quando reproduzidas rapidamente formam um vídeo. Para reproduzir essas fotos precisamos disso – ela apontou para o objeto esquisito – Está entendendo?

– Mais ou menos.

– Vai entender melhor quando ver.

Ela andou até o aparelho e encaixou o rolo num espaço especifico, apertou um botão. E uma imagem surgiu na parede.

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