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Matth me olha como se eu tivesse três olhos.

- Você o quê? - pergunta ele ainda não acreditando.

- Eu consegui uma bolsa em uma das melhores escolas dos Estados Unidos. - digo devagar para que ele entendesse melhor.

- Você vai aceitar essa bolsa? - pergunta ele.

- Eu ainda não sei...

- Só me avisa então, quando tiver a resposta. - diz ele e eu assinto.

··················

Acabou de tocar o sinal e finamente poderei ir para casa.

Saio apressadamente e passo pelos portões que eu nunca mais verei se escolher estudar para fora do país. Deixo esses pensamentos de lado e continuo o meu caminho.

Quando chego em casa vejo Bernardo e Elise; minha "mãe". Eles pareciam conversar algo sério e assim que me viram pararam a conversa.

- Lau, como foi na escola hoje? - pergunta meu irmão me dando um abraço aconchegante.

- A mesma coisa de sempre... - digo um pouco pensativa - Tirando que...-deixo a frase morrer no ar.

- Tirando o quê, Laura Maria? - pergunta Bernardo e me parece que ele ficou bem curioso, pois até não me chamou pelo apelido.

- Consegui uma bolsa para uma das melhores escolas dos Estados Unidos. - digo e ele me encara. Elise se levantou do sofá onde estava sentada.

- E você...aceitou? - Bê pergunta e eu nego.

- A, garota. Por que não aceitou? Está pensado o quê? Já está mais que na hora de pegar suas coisas e sair dessa casa. - diz ela com ódio em cada palavra que proferia.

Meus olhos se enchem de lágrimas, mas eu não soltarei nenhuma lágrima por essa mulher.

- Não fale assim com ela. - diz meu irmão.

- Não, irmão. Não precisa falar nada, porquê ela está certa e eu acabo de tomar uma decisão. - digo impedindo uma lágrima que já estava escorrendo.

- Que decisão você tomou, Lau? - pergunta meu irmão.

- Eu irei aceitar essa bolsa. - digo confiante nas minhas palavras.

- Não tome decisões precipitadas, irmã. - diz Bernardo.

- Não mudarei de decisão, tenho que pensar no meu futuro. Não posso mais viver em um lugar onde todos me rejeitam e me menosprezam. - digo o encarando com firmeza - E não se preocupe, "mamãe". Até o final de semana você me verá e depois não precisará me rejeitar como sempre fez, eu não estarei mais aqui. - digo saindo dali e indo para o meu quarto.

*********
O final de semana finalmente tinha chegado, minhas malas já estava feita e o passaporte também.

- Vamos, Lau, ou vai perder o vôo. - diz meu irmão batendo na porta do meu quarto.

- Já estou indo. - digo puxando minha mala de rodinha.

Nessa semana eu não falei com Adrian, eu não o procurei na escola e sempre tentava ficar o mais longe possivel dele.

Mas a partir de hoje tudo mudará. Desse dia em diante eu não serei mais aquela Laura Maria, e sim uma nova mulher nascerá. Espero que esse mundo e as pessoas que nele vive estejam dispostos a receberem essa nova pessoa que serei.

Chegamos no aeroporto e ao longe avisto Anne e Metth, junto com eles estava Ari.

Caminho até eles e logo atrás de mim Bernardo vem com minhas malas.

- Vou sentir tantas saudades, amiga. - diz minha melhor amiga me dando um abraço super apertado - Me promete me ligar todos os dias?

- Não todos os dias, mas prometo que ligarei sempre que puder. - digo chorando em seus ombros.

- Eu prometo ir te visitar e espero que até lá a gente jamais perca o contato. - diz Anne me enchendo de beijinhos na bochecha.

Matth vem me dar um abraço e eu dou alguns passos em sua direção, me encaixando em seu abraço de urso.

- Lau, você foi a primeira pessoa que eu conheci quando cheguei aqui, você é a garota mais adorável e doce que conheci e não importa o momento pode contar comigo sempre. - diz e eu o abraço forte. Dou um longo beijo em sua bochecha. - Não importa o momento, sempre estarei aqui e sabe onde me encontrar.

- Ah, Matth. Nem sei o que dizer, você foi o primeiro amigo homem que tive e o primeiro também que não me fez bullying, não sei mais o que falar, mas saiba que eu também sempre estarei ao seu lado para o que precisar. - digo e sinto seu abraço me apertar e logo me soltar.

Olho para o lado e vejo a irmã de Matth com um sorriso no rosto.

- Ah, Lau, eu vou sentir saudades de você. Pode me ligar quando precisar conversar algo diferente e descontraído. - diz Ari me abraçando rindo e eu dou beijinho em sua bochecha gordinha e fofa.

- Pode me ligar também, Ari. E acredite, eu irei sentir muitas saudades de você, minha pequena Ari. - digo e ela dá um longo beijo em minha bochecha.

Ouço a primeira chamada para o meu destino, então me viro para o meu irmão que está do meu lado. Lhe dou um abraço e muitos beijos em seu rosto, minhas lágrimas escorrem e Bê me aperta em seus braços.

- Minha irmãzinha está crescendo e me arrependerei para o resto da minha vida por tudo que já fiz de mal a você. Sinto muito por nossos pais serem assim, mas uma hora eles irão perceber o que estão perdendo e não terão como voltar atrás. Saiba que eu sempre estarei ao seu lado, vou te ligar todas as horas que eu sentir saudade. - diz ele e vejo que também está chorando.

-Ah, irmão, eu já te perdoei pelo o que aconteceu no passado, também sentirei saudades. - digo chorando muito mais do que já estava.

Saio de seus braços e limpo as lágrimas olhando o rosto de cada amigo meu ali e gravando cada traços de seus rostos.

- Tenho que ir, até breve. - digo já andando e acenando.

Vejo o Sr. Edmundo me esperando para entrar no avião.

O cumprimento e ele se oferece para pegar a mala e aceito a sua ajuda.

Olho para trás uma última vez e penso ter visto Adrian, mas deve ser coisa da minha cabeça, então logo entro no avião.

Uma nova vida.
Um novo recomeço.
Uma pessoa diferente...é assim que serei.

A Gordinha Rejeitada.Onde histórias criam vida. Descubra agora