A Gordinha Rejeitada.

♥️28♥️

O beijo de Adrian era diferente de todos os outros que eu já havia provado.

Apesar que no começo Adrian não se moveu e nem retribuiu o beijo.

Mas no momento em que sua ficha caiu, ele retribuiu o beijo como se aquele momento fosse único. Como se aquele beijo dependesse de sua vida. Eu não tinha dúvidas que aquele era o melhor beijo que eu já havia provado.

Seus lábios são macios, seu beijo é suave e selvagem ao mesmo tempo.

Me afasto rapidamente. Mas que porra eu havia feito? Eu beijei um homem que está noivo. AH, MEU DEUS!

- Me desculpe, eu... eu... - a verdade era que eu não sabia o que dizer e aqueles olhos verdes piorava a situação me tirando toda concentração.

- Laura, calma. - diz ele e sua expressão não é de alguém que está furioso ou algo parecido. Eu apenas o encaro surpresa. - Só... só vamos esquecer que isso aconteceu.

Ai é que está o GRANDE PROBLEMA! Como raios eu ia conseguir esquecer isso que acabou de acontecer?

- Ok. - digo por fim e caminhamos para fora do restaurante. Não sem antes olhar para trás e ver o projeto de lambisgóia loira me olhando furiosa. Tudo que eu faço é sorrir provocativa para a mesma que bufa com ódio.

Entramos no carro em silêncio e Adrian dirige calmamente. Suspiro sem saber o que dizer.

Ele para ao lado de uma praça que eu logo reconheço.

Era a mesma praça de anos atrás no qual Giovana veio proferir ofenças a mim e também a mesma praça no qual eu havia dormido no banco gélido após ver Adrian e Giovana juntos no shopping.

Todas as vezes que algo acontecia era ali que eu ia anos atrás.

E apesar de eu me mostrar forte o suficiente e de não ter mostrado, mas as palavras daquela mulher me atingiram como uma faca entrando e saindo lentamente do meu coração e isso doía. Oh, como doía!

Adrian desce do carro e eu também desço rapidamente antes que ele venha abrir a porta para mim. Coisa que eu acho um ato de cavalheirismo e tanto, mas eu não esperei por ele desta vez.

Caminho silenciosamente até o mesmo banco que eu estava acostumada a me sentar anos atrás.

Me sento e Adrian senta ao meu lado.

Suspiro e engulo a vontade de chorar.

Chorar por tudo que já me aconteceu, vontade de chorar por o que aquela mulher disse. No fundo eu me importava com o que os outros pensavam e diziam.

Tento em vão não chorar, mas aquilo foi mais forte e a primeira lágrima desceu. Outras rolaram em meu rosto em seguida.

Sinto Adrian me abraçar. Talvez tentando me confortar, certamente percebeu que eu estava chorando.

Me aconchego em seus braços e um soluço escapa de meus lábios e Adrian fica rígido. Talvez não sabendo o que fazer, mas logo o sinto relaxar e o mesmo começa a passar a mão em meus cabelos tentando me confortar e admito que funcionou, pois o choro já se foi.

Adrian passa o polegar sobre meu rosto limpando minhas lágrimas de minutos atrás.

Continuo abraçada a ele e o mesmo rodeia seus braços musculosos em volta do meu corpo.

- Sabe...eu sempre vinha aqui quando tudo dava errado. - digo suspirando e Adrian começa a passar a mão pelo meu cabelo novamente em sinal de conforto. - Eu não suportava ficar em casa com aqueles olhares dos meus pais. Eles me olhavam com nojo e eu...eu não sabia o que dizer nem como agir, pois esses olhares e as palavras que eles me direcionavam me magoavam. As coisas pareciam ficar pior na escola e em casa. Na escola não teve um dia em que eu não fui humilha por Giovana e seus amigos. Em casa meus pais e meu irmão me tratavam com nojo e desprezo. Eu não entendia o porquê, afinal, eu nunca fiz nada de errado. Nunca disse algo ruim ou fiz algo ruim, até que meu irmão e eu nos tornamos amigos. Meus pais me lançavam aqueles olhares, mas já não diziam mais palavras ofensivas. A não ser Elise, é claro. Meu pai com o tempo não nos vimos mais até que eu conheci Mattheus e as coisas pareciam que ia mudar. Pensei que seria diferente.

Eu não sabia o porquê eu estava me desabafando com Adrian, mas eu precisava contar como eu me sentia a alguém.

Adrian não disse nada esperando que eu continuasse.

- Mattheus com o tempo se mostrou ser um amigo adorável, estava sempre ao meu lado. Anne também me ajudava e ficava ao meu lado, mas a mesma tinha seus próprios problemas para resolver. - digo dando uma pausa. porquê eu estava contando tudo aquilo a ele? Eu também não sei. - No dia em que vi Giovana e Mattheus se beijando, aquilo me partiu o coração. Ela sempre conseguia, sempre achava um jeito de me atingir. Preferi esquecer que eles haviam se beijado. Ele me chamou para uma festa e meu irmão também foi conosco, e foi quando conheci você; o garoto do sorriso mais convencido que já havia conhecido. Foi a melhor noite que eu tive, eu nunca havia dançado com ninguém e foi você o primeiro a falar comigo sem me ofender, apesar que Matth nunca me ofendeu também. Eu não sabia que você estudaria na mesma escola que eu e quando eu te vi entrando na sala sabia que as coisas iriam mudar novamente. Quando vi você e Giovana se beijando foi ainda pior do que ver ela e Matth juntos. Sei que eu não tinha direito a nenhuma explicação. Mal éramos amigos, e foi naquele momento que eu percebi que Giovana sempre estaria um passo a frente. Ela sempre me humilharia. Depois de um tempo eu fiquei sabendo que consegui uma bolsa para estudar nos Estados Unidos e não pensei duas vezes em aceitar. Ninguém me queria aqui, então eu não faria falta.

Olho para Adrian e o mesmo está encarando o nada.

- Mudar de país me fez ver que existe um mundo grande e que nem todos me desprezariam. Conheci duas grandes amigas que me ajudaram muito. - digo continuando. - Quando voltei para cá, as coisas mudaram. Fiquei feliz por meu irmão estar namorando com minha amiga. Ari havia se tornado uma jovem incrível. Conheci Reene. - digo rindo me lembrando da mesma. - Uma mulher adorável e persistente. Me chamou para trabalhar na mesma empresa que ela, só não imaginava que ela era sua irmã. Te rever fez eu sentir novas sensações que eu não sei descrever, mas o pior foi ver você e Giovana. Me fez lembrar que ela sempre estaria um passo a frente.

Eu não consegui parar de falar e eu já tinha contado praticamente toda minha vida a ele nesses poucos minutos.

- Laura, eu... - Adrian começa a dizer e eu o interrompo o mesmo.

- Não precisa dizer nada... - digo suspirando. - Com tudo isso que aconteceu em minha vida eu tomei uma decisão.

- Laura, não tome decisões precipitadas. - diz ele me olhando com aqueles olhos verdes.

- Eu já havia pensado nisso faz algum tempo. - digo e vejo que Adrian está curioso querendo saber que decisão tomei. - Sei que acabei de voltar para a cidade, mas vejo que não importa o que aconteça eu sempre vou ser humilhada.

- Não estou entendo, Lau. - diz ele confuso.

- Uma mulher me disse umas palavras hoje. Claro, eu não me importo com o que os outros digam, mas suas palavras apesar de me magoar me fez ver que tinha um pouco de verdade. Eu nunca vou ter ninguém, vou sempre ser humilhada.

- Laura, você sabe que isso não é exatamente verdade. - diz ele e eu dou de ombro, pois para mim aquilo parecia ser verdade ou eu não sabia mais distinguir o que era realmente.

- Eu tomei a decisão de que me mudarei para outra cidade, não será...

- Não, Laura. - diz Adrian me interrompendo e eu o encaro. -Você não deve mudar de cidade, sei que as pessoas dizem coisas horríveis mas nem todas são assim, você não deve se abalar por palavras de ninguém.

Eu realmente fiquei chocada por tais palavras. Ele tem razão, eu não posso me abalar por algo sem importância.

- Talvez você tenha razão. - digo sorrindo para Adrian.

- Eu sempre tenho, baby. - diz ele piscando para mim e sorrindo. Aquele sorriso que só ele sabe dar.

- An... Adrian eu sei que o beijo foi algo que eu não devia ter feito... - digo dando uma rápida pausa. - Por isso quero me desculpar.

- Não precisa se desculpar, eu também lhe beijei. - diz ele dando um risinho.

- Mas e a Giovana? - pergunto e ele dar de ombros.

- Eu terminei meu noivado.