Jin, Desculpe-me por estar na defensiva em relação a você, mas pela sua carta vi que compreende. Sou uma pessoa solitária para cacete, todos os dias to sozinho. Passo a maior parte da porra do tempo trancado dentro de casa, amigo íntimo da televisão, relacionamento sério com meus livros, casado com meus medos e fodo com meus discos. Se tive três ou quatro amigos em meus 16 anos de vida, foram muitos e passaram depressa: tão depressa que esqueci a maioria desses cuzões. Os amigos por correspondência não passaram também deste número. Tenho um medo paranoico de errar, de ser surpreendido errando, de me magoar. Temo a decepção e, por isso, fujo de envolvimentos. Amei, mas amei em segredo, corações rabiscados no caderno, flechados pela impossibilidade e pela angústia do amor reprimido, feito de olhares, de palavras ao acaso, de poeminhas melosos e ridículos.
Não sei, mas há momentos em que sinto que perdi algumas coisas da vida, talvez ela própria. Sinto que cresci depressa demais, que perdi minha infância fingindo felicidade, fingindo ser alguém que eu não era, porra. Fui exibido como troféu por minha mãe que queria que eu não me aparecesse com a droga do meu pai e se irritava até com os gesto e a maneira de falar que se pareciam com os deles. Não sei onde ela encontrou tantas razões para odiar meu pai, não sei por que tanta necessidade de odiá-lo.
Passei muito tempo tentando ser o melhor e até agora não sei exatamente por que fiz essa merda. Sinto-me sem porra nenhuma dentro de mim. Sinto-me completamente vazio. Poesia e músicas são refúgios seguros, neles e apenas para mim mesmo posso falar de minha solidão, de minhas decepções cotidianas, de meus amores arrebatados, mas inteiramente sem sentido, amor de olhares e corações solitários.
Sabe, há instantes em que sinto medo desse nosso envolvimento, do que serei levado a fazer e ver quando resolvermos nos encontrar. Temo decepcioná-lo, temo o seu jeito decidido, temo o seu otimismo, não sou otimista, sou cético, melancólico, até mesmo bastante cuzão, quando quero. Será que sou eu ou realmente é muito difícil ver as coisas belas e boas neste mundo? Acho que vejo apenas o lado filho da puta das pessoas. Não sei o que fazer, faz parte de mim. Talvez eu seja sensível demais aos pequenos e grandes gestos de maldade do mundo. Crianças são cruéis e, quando crescem, apenas aguçam sua crueldade.
Mas você tem razão, é melhor não dar importância para tanta coisa agora. Precisamos nos conhecer melhor e descobrir se podemos ajudar e descobrir se podemos ajudar um ao outro: apesar de sinceramente, em acreditar que você tem muito mais a dar do que a receber ;) entende?
Gosto de tua amizade, Namjoon
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Boa noitinha. Sim, att pq to feliz.
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