Capítulo 36

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Rock

Eu levo Abby para fora do prédio e em direção ao carro de Brad que peguei emprestado, torcendo para que o encontro seja bom. Meu coração bate com tanta força que é surpreendente que ninguém além de mim escute. Eu tento controlar minha ansiedade enquanto abro a porta do carona para Abby, mas o modo como ela me encara faz com que eu perca o ar. Rapidamente dou a volta no carro e me sento, ansioso para levá-la logo até o restaurante antes que eu mude de ideia.

Levei uma semana inteira para decidir qual seria o lugar ideal para levar Abby, até que tive uma ideia arriscada. Estou torcendo para que ela aprecie meu plano, mas sinto um medo tão grande com a possibilidade de que Abby pode não entender o significado do que estou prestes a fazer que mal consigo aproveitar estar sozinho com ela dentro do carro.

Para aliviar a tensão, coloco uma música para tocar enquanto dirijo para fora da cidade. Ao ver a saída para a autoestrada, Abby solta uma pequena exclamação e vira para mim. Eu me concentro no asfalto à frente, torcendo para que ela não note a pressão dos meus dedos ao redor do volante.

— Você está me levando para a minha casa? — Ela zomba, porém, parte de mim preferiria que ela não tivesse falado isso porque chegou bem perto da verdade.

— No momento não, — respondo começando a me arrepender pelo que planejei.

— Você vai me levar para a minha casa mesmo? — Ela pergunta em um misto de choque e nervosismo e por um momento eu viro o rosto para a encarar. Abby sorri para mim. — Não sei se isso é muita criatividade ou falta dela.

— Você não pode dizer isso até ver o que vamos fazer, — diante das minhas palavras Abby perde a fala e seu rosto adquire um tom intenso de vermelho, me fazendo perceber o duplo sentido. — Desculpa. Não quis dizer nesse sentido! Eu só estava dizendo que você não sabe para onde vou te levar então não pode dizer que eu não tenho criatividade até chegarmos lá.

— Tudo bem, — apesar de rir, noto que ela fica aliviada.

Decidindo voltar a conversa fácil, opto por um assunto mais seguro e Abby volta a relaxar ao me ouvir falar sobre a fantasia dos meus amigos para a festa da fraternidade. Aparentemente este é o evento do ano e eu e Abby seremos os únicos a perder. Eu não me importo nem um pouco com isso se significar que estarei ao lado da garota que eu amo por algumas horas. Além do mais, essas festas são todas iguais e não vamos perder absolutamente nada.

Quando por fim chegamos Abby está rindo histericamente por causa da foto de todo o time vestido de bombeiro. Eles dispensaram as camisas depois que Chuck os convenceu que não estava frio o bastante para esconder os músculos e até mesmo Elton entrou na brincadeira quando Skyler aprovou o visual. Imagino que meus amigos sejam o centro da atenção essa noite e isso me faz rir também.

— Você não quis fazer parte da equipe de resgate? — Abby pergunta com dificuldade depois de rir tanto. Ela volta a encarar meu celular e sacode a cabeça. — O Chuck está ótimo com esses óculos escuros, apesar de eu não entender para que usá-los durante uma festa à noite.

— Você o conhece, sabe que ele é meio excêntrico.

— Eu acho que ele é egocêntrico, isso sim — ainda achando graça, Abby me passa o celular e finalmente repara que o carro parou. — Nós chegamos?

Ela olha para fora da janela, reconhecendo a rua movimentada e volta a sorrir. Eu gosto de a ver tão tranquila, como se não se preocupasse com nada. Esse é um lado dela novo para mim e eu decido que é o meu preferido. Quero puxá-la para mim e a beijar até que não haja nada em sua mente além de felicidade, mas ao invés disso eu saio do carro e o contorno para abrir a porta dela.

Um olhar para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora