Armas a posto

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Schiacciare.

Uma palavra estranha que significava transar, Laura descobriu após escutar Rico resmungar inúmeras vezes desde que entraram no carro ao seguir para uma clinica. A jovem se permitiu o silêncio tentando ignorar a visível frustração na face de seu, agora, marido ao fazer menção da noite em que passaram juntos. Ela não estava feliz, mas ainda assim não transparecia o desprezo que sentia como Rico.

Um suspiro escapou de seus lábios atraindo a atenção dele. Rico olhava incrédulo para Laura tentando compreender o silêncio e a sua falta de medo. Se ele estivesse em seu lugar estaria histérico, se deu conta.

Seu olhar percorreu o corpo dela ao mesmo tempo em que tentava se lembrar de algo, sem sucesso. Ele sabia que jamais se lembraria, sempre era assim ao beber vodka. Cruzou os braços em frente ao corpo sem conseguir desviar sua atenção dela. A saia de pregas subira levemente quando ela se sentou e a blusa de botões conseguia evidenciar seus seios. Pigarreou e resmungou algo antes de fechar os olhos. A clinica para onde se dirigiam pertencia a uma conhecida dele. Uma colega com quem estudou anos atrás, e não conseguia esconder a vergonha que sentiria diante do olhar incrédulo e lascivo dela. Ela vivia querendo lhe arranjar companhia.

O carro estacionou em frente a uma clinica extravagante minutos depois, Laura saiu assim que Julio abriu a porta sendo seguida por Rico.

— Eu falarei tudo – Rico a informou assim que passaram pelas portas de vidro. Laura deu de ombros ao olhar em volta. As mulheres conversavam entre si e ela percebeu que a riqueza parecia ser o fator predominante. – Ela irá lhe atender agora. Deseja que fique ao seu lado? – Laura percebeu que ele estava envergonhado devido ao seu rosto avermelhado.

—Não sabia que poderia ficar constrangido – Disse sem se dar conta sorrindo, e diante do olhar incrédulo dele, calou-se.

— Vamos – Rico olhou para a atendente que sorria para eles indicando uma porta no final do corredor. Rico seguiu em frente tentando não olhar para atrás, com receio de que ela percebesse sua vergonha. Abriu a porta encontrando o sorriso gentil de Gabrielle. A médica ainda continuava da forma como se lembrava, jovem e sorridente – Gabrielle – A saudou ao vê-la sorrir e olhar para Laura – Esta é Laura Domeni, minha esposa – Esclareceu sem jeito ao ver o olhar que lhe foi lançado. – Devo sair? – Perguntou rogando aos céus para que ela confirmasse, mas a viu sorrir com escarnio.

—Não precisa, sente-se – Gabrielle disse indicando as duas cadeiras confortáveis que ficavam em frente a sua mesa. Ela esperou paciente para que o casal se acomodasse antes de encarar Rico com fúria. Ela não conseguia acreditar que ele escondera um fato importante daquele quando ela se empenhava em encontrar uma mulher compatível com o seu gosto excêntrico. Ele sempre afirmara que uma mulher para lhe atrair deveria ser independente e não possuir nenhum tipo de vícios além de gostar de viver fora dos holofotes. – Laura Domeni, é um prazer conhece-la – Gabrielle disse educada ao olhar para a garota com cuidado – Fui colega de seu marido no ensino médio e continuamos amigos – Sorriu estranhando a expressão séria de Laura – Bem, o que lhe trouxe aqui hoje?

Laura se remexeu na cadeira ao olhar de relance para Rico. Ela se sentia cada vez pior.

— Fizemos sexo – Rico começou tentando manter-se frio – Era a primeira vez dela, e estávamos bêbados, não lembro se usamos proteção.

Gabrielle segurou-se para não gargalhar ao ver Rico se esforçar para não sentir vergonha. Ela o conhecia bem demais para compreender suas expressões.

— Parece que foi emocionante – Comentou ao se levantar – Venha comigo – Disse a Laura e viu o alivio em seus olhos ao se afastar de Rico – Ele consegue intimidar um juiz então não seria difícil entender o que está sentindo. Abriu uma porta que dava acesso a uma sala com aparelhos e uma cama – Pode se trocar ali atrás – Apontou para um biombo – E se deitar aqui, tudo bem? Seremos apenas nós duas.

A Herdeira [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora