Rico fechou os olhos com força após desligar o celular. Tudo acontecia mais rápido do que ele havia esperado. Seu olhar foi em direção a jovem sentada a alguns metros de si em um café. O sorriso dela conseguiu lhe deixar desconfortável por alguma razão.
Deixou um suspiro escapar ao ir em direção a Laura, a qual parecia concentrada na xicara de café a sua frente.
— É melhor voltarmos – Rico começou a falar ao se sentar em frente a ela – Ninguém deve vir atrás de nós, mas é melhor estarmos em segurança.
Laura assentiu sem tirar os olhos do leite cremoso que se misturava lentamente com o café. Sua mente trabalhava com as poucas informações que possuía desde que havia sido levada para a Itália.
— Eles estavam atrás de mim? – Perguntou ao erguer o olhar, lhe encarando – Imagino que sim. Agora seria uma boa hora para me dizer o que está acontecendo.
— O conhecimento nem sempre traz alegria – Disse ao se levantar – Vamos – Laura o olhou por alguns segundos até se levantar e caminhar ao seu lado. – Será melhor manter esse aparelho sempre com você – Rico retirou do bolso um celular e entregou a ela – Ele irá indicar a sua localização, basta mante-lo com você.
— Imagino que deva ter suas razões para não me contar a verdade, mas me manter na escuridão é tão cruel quanto o que eles fazem – Laura disse ao segurar o celular e seguir em direção ao carro dele.
O percurso que deveria ser repleto de sorrisos se tornara uma viagem solitária e sombria. Rico permanecia com os olhos fixos na estrada, enquanto Laura se mantinha em silêncio. Ela desejava entender o que acontecia a sua volta, mas sabia que Rico jamais lhe contaria. Por mais que pensasse sobre tudo, não conseguia chegar a uma resposta que soasse real ao seus ouvidos e sua mente. Laura sentia que muitas mentiras ainda eram ditas por Rico, e seu temor era que ele mentisse sobre quem era e sobre ajuda-la.
Seu pesadelo era de ter o inimigo ao seu lado.
Um inimigo que ela desejava.
—Se não me contar, um dia poderei descobrir a verdade da pior forma – Laura falou assim que ele fez uma curva – Não desejo permanecer sendo uma tola e boba garota que é socorrida por um desconhecido. Preciso saber sobre a verdade para lutar as minhas batalhas.
Rico a ignorou ao ligar o rádio e aumentar o volume. Ele não desejava discutir um assunto como aquele enquanto dirigia, pois temia perder o controle do veiculo. Falar sobre o seu passado, sua família e sua relação com Laura não trazia o melhor de si. E por algum motivo não queria que ela visse a verdade sobre ele, e nem que descobrisse quem realmente era.
Esconder a verdade de Laura era a forma que ele encontrou de proteger a si mesmo do seu olhar de compaixão, de pena, de horror e de medo que ela sentiria. Ele prometeu a si mesmo não ser o culpado por tais sentimentos em ninguém mais.
Os anos no exército haviam lhe deixado mais forte e racional do que seu pai esperava dele.
Irei continuar mantendo a minha promessa.
***
Assim que retornaram para a casa de Rico, Laura se refugiou no quarto, e o italiano foi para o seu escritório. Abriu o seu laptop e começou a trabalhar sem perceber o tempo passar após horas espreguiçou-se, e se viu cansado. Desligou tudo antes de ir para o seu quarto, ao abrir a porta estancou. Laura encontrava-se sentada no chão com uma garrafa de vinho pela metade e uma taça cheia próxima a si. Ela havia bebido.O simples cheiro do álcool o fez recordar de antes.
— Como conseguiu o vinho? – Sua voz cansada fez a jovem sentada no chão sorrir antes de levar a taça aos lábios bebendo mais um gole do vinho tinto.
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A Herdeira [EM PAUSA]
RomanceO cruel e sanguinário Rico Domeni pagava todas as suas dívidas e no momento em que descobriu a morte dos Guimarães soube que deveria arcar com as consequências auxiliando a única herdeira, Laura Guimarães. Ele não se importava com o olhar entristeci...