Narrado por Ricardo

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Helena sempre foi uma dessas mulheres atraentes, aliás, ela não era "uma dessas mulheres", não. Ela não se encaixa nessas mulheres, ela se encaixa em "a" mulher. Seus cabelos cacheados, olhos verdes e um sorriso estonteante. Sim, de deixar qualquer homem verdadeiramente atraído. Nos separamos por motivos bobos, ela me viu conversando com Lívia, uma velha amiga no qual ela não conhecia, numa lanchonete. Mas nada demais. Mesmo. Ela se precipitou, e sabe disso. Eu sei que sabe. Eu sei, eu sinto. Depois de uns 3 anos sem vê-la, é incrível, ela continua maravilhosa e cada dia mais... igual vinho mesmo. Susana é daquelas mulheres que você encontra em cada esquina, Helena não. Helena é essa que você busca muito, muito, e quando descuida, ela aparece. No meio da noite, num lugar qualquer, esbarrando em você, tropeçando, e quando você a vê, você sabe que foi forte. Você sabe que ela é destemida, orgulhosa, ousada. Helena é assim. Helena me ganhou desde o primeiro dia que a vi. Susana eu precisei conhecê-la, explorá-la, e mesmo assim ela ainda não me ganhou por inteiro. Mas é uma boa companhia, não dessas que você pode conversar sobre qualquer assunto aleatório e ela saberá levar um bom papo, mas não me deixa falar sozinho. Helena é inteligente, qualquer coisa pra ela é fácil de falar. Cheguei da Bahia e me deparei com Laura e Susana, estava ótimo assim pra mim, não pensei que pudesse ficar melhor... Depois de tanto tempo, eu vi novamente os olhos verdes que me prendem. Não tenho pudor em falar, talvez ela tenha... Talvez não. Eu tenho certeza que tem. Ao vê-la com aquele cara sorrindo, confesso, me segurei. O que não podia ficar melhor, ficou.
R: Olá! Boa tarde! – estendi a mão pra Wagner e sorri
W: Olá! – ele sorriu e apertou minha mão – Então você é o... Ricardo?
R: Isso mesmo. Esperei "o famoso Ricardo", mas tudo bem. – sorri novamente e percebi a cara de Helena, que não havia gostado nada daquilo. Já sabia. – E você? É o...?
H: Por favor, Ricardo...
W: Walter, sou o tesoureiro da empresa que Helena trabalha.
L: Bom, pai, vamos pra nossa mesa?
W: Foi um prazer conhece-lo, Ricardo.
R: Igualmente. – andei em busca de uma mesa com Laura, conseguimos uma próxima a eles e me sentei de frente, Laura de costas pra mesa dos dois.
R: Filha, então sua mãe está tendo algo com esse aí?
L: Não, pai. Que eu saiba, não. Bom, ela me falou que era um almoço de negócios... Mas você sabe, é a mamãe, né.
R: Ah, sim. Sei muito bem que almoço de negócios é esse. Conheço muito bem sua mãe, minha filha. E como!
L: Ué, pai? Tá com ciúmes, por acaso?
R: Ciumes? Talvez... – sorri de canto de boca
L: Sei, sei, senhor Ricardo. – Laura gargalhou, pedimos nosso almoço enquanto Helena e Walter tomavam drinks.
R: Pensei que eles iam almoçar... – ergui a cabeça apontando pros dois, Laura virou a cabeça e viu os dois, Helena estava de frente pra nós e percebeu quando Laura olhou.
L: É verdade. Eles estão tomando drinks... Mas já devem ter pedido o almoço, pai, relaxa.
R: Ok, ok. Mas e você, minha filha, como está? E os estudos? A faculdade...
L: Tá tudo ótimo, pai. E com o senhor, suas viagens... Seu trabalho?
R: Está tudo indo bem, filha. E sua mãe, como está? Parece que está muito bem...
L: Bom, ela parece estar feliz na nova empresa...
R: E muito, né? E esse cara aí, qual é a dele mesmo?
L: Não vou mentir pro senhor, pai. Mamãe sempre me fala nele com muito entusiasmo, sabe? Mas sempre são assuntos da empresa... Ela também está muito empolgada lá, então não sei.
R: Talvez eu tenha entendido... Só talvez. – gargalhei e tirei a atenção de Helena, na mesa da frente, pra mim. Ela observava arqueando a sobrancelha e eu fingia que não via.

O almoço deles chega enquanto eu observo discretamente e converso com Laura. Havíamos terminado o nosso almoço, mas tínhamos de esperar os dois.
R: Será que eles estão perto?
L: Devem estar, pai.
R: Ou não, com tanta conversa, tantos negócios, e tantos drinks... Não sei. – arqueio a sobrancelha.
L: Vamos pedir nossa conta pra ela ver que já acabamos.
R: Boa ideia! Essa é minha filha! – sorrio e chamo o garçom para pedirmos a conta, quando olho buscando o garçom, vejo um rosto bem familiar, que certamente deixaria Laura desconsertada.

Paralelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora