Mesmo sabendo que minha relação com Walter não devia estar indo pro lado que está, não senti vontade de impedir aquilo, eu estava aprendendo a gostar dele e, por mais incrível que seja, tampouco pensava mais em Ricardo quando estava com ele. Mas tenho consciência do que Ricardo é pra mim, principalmente depois da discussão que tivemos hoje cedo, mas decidi ir até essa viagem, não por ele, nem por minha mãe, mas por mim. Eu precisava de um tempo calmo, pra mim e sabia disso. Cheguei em casa quando já estava de noite, depois de passar no shopping para comprar alguns presentes pra mamãe, Virgínia, minha irmã, e claro, pra mim. Jô já tinha arrumado minha mala e posto a mesa do jantar, Laura estava em casa.
L: Quanto tempo, né, mãe? Jesus! Esses dias a senhora mal para em casa... – Laura disse enquanto me beijava e eu tirava os sapatos sentando na cadeira.
H: Ai, minha filha. É verdade. Amanhã eu vou viajar, viu? – retribui o beijo dela
L: Viajar? Como assim? Nem me falou nada!
H: Resolvi ir visitar sua avó, filha.
L: Assim, do nada? Porque não me avisou? Não quer me levar, é? Ihhh...
H: Não, minha filha! Que isso?! De forma alguma. Não avisei porque achei que você não pudesse ir por conta da faculdade.
L: É, de qualquer forma, não poderia ir. Mas que pelo menos avisasse, né?!
H: Tudo bem, me desculpe, da próxima eu aviso. Vamos jantar! – me levantei da cadeira e fui em direção a cozinha, onde Jô estava, fiz como que passasse um zíper na minha boca e aumentei os olhos pra ela, de modo pra pedir que ela não dissesse nada sobre a viagem. Ela entendeu o recado.Eu e Laura jantamos conversando sobre como estaria Virgínia depois da separação, depois, ficamos um tempo em meu quarto fazendo o que mais gostávamos: vendo o Instagram de algumas celebridades e comentando sobre as fotos e looks. Acabei dormindo antes mesmo da novela acabar, no dia seguinte, o voo seria pela manhã cedo. Coloquei o celular para despertar às 6.
Acordei e Laura havia dormido ao meu lado na cama, dei um beijo na testa dela e fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal e tomei um banho, coloquei uma calça jeans, uma blusa estampada em tons mais claros e uma sapatilha bege. Peguei meu óculos de sol, minha bolsa e as coisas que tinha comprado pra mamãe e Virgínia. Dei mais um beijo em Laura e desci as escadas. Deixei a sacola perto da porta, onde estava minha mala, e fui até a cozinha. Jô já estava de pé, para minha surpresa.H: Mas já, Jô?
J: Claro, dona Helena. Tinha que colocar o café da senhora.
H: Claro que não, Jô. Seu horário é às 7:30, você pode dormir até lá. Muito obrigada, mas eu sei colocar o meu café, viu?! – sorri sentando à mesa e me servindo
J: Pois deixe pelo menos eu desejar uma boa viagem pra senhora! – ela veio até a mim e me abraçou
H: Ô, Jô! Muito obrigada, minha amiga. Cuide da casa e de Laura.
J: Pode deixar! A senhora sabe que pode contar comigo.Jô voltou ao quarto e eu pedi ao porteiro que chamasse um táxi, quando terminei de comer, o táxi me esperava. Desci até o hall com a mala e entrei no táxi. Chegando ao aeroporto Santos Dumont, me dirigi até à bancada da empresa aérea da minha passagem. Fiz meu check-in e logo entrei na sala de embarque, sentei numa cadeira e chequei o celular, havia uma mensagem de Walter.
"Bom dia! Já estou com saudades. Avise quando chegar em Curitiba! Aproveite! Beijos"
Sorri ao ler e resolvi responder."Bom dia, querido! Também já. Pode deixar, avisarei. Ainda estou no aeroporto do Rio. Obrigada! ❤️"
Deixei de olhar o celular e olhei em volta, avistei Ricardo um pouco longe de onde eu estava, sentado em uma cadeira, mas ele não estava me vendo, estava lendo um jornal, como sempre faz ao acordar. Algumas coisas realmente nunca mudam.
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Paralelas [CONCLUÍDA]
FanfictionDuas linhas paralelas que podem até se cruzar. Helena, uma mulher desimpedida há 17 anos. Walter, um colega de trabalho. Ricardo, o pai de Laura.