Narrado por Helena

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Parecíamos dois adolescentes ali, naquela situação, e ele sabia que eu não gostava disso, mas a questão é que ele percebeu que eu só iria ceder naquelas situações, ele sabia. É como já disse: ele sabia não só das construções civis, mas do que meu corpo se sustenta também. Ele sabe realmente onde me afetar.
H: Ricardo, pelo amor de Deus! Olha o que a gente tá fazendo! – falei sorrindo e passando a mão no rosto para me enxugar. Nesse momento, ele me trancou apoiando suas mãos ao lado da minha cabeça na parede e sorriu pra mim.
R: O que é que a gente tá fazendo, Helena? Me diz... – Olhávamos nos olhos um do outro.
H: Ricardo, por favor, você sabe que eu não gosto das coisas assim...
R: Sei mesmo, sei que você gosta de uma conversa, de toda aquela coisa antes de tudo... Sei sim. Mas é que comigo você simplesmente não me deu abertura pra isso, percebeu? E tem de ser na marra mesmo, viu? Porque já tentei de todos os outros jeitos... – Eu tentava desviar do olhar dele, mas simplesmente não havia como.
H: ...
R: Tá vendo como as coisas são complicadas mesmo com você? Tá vendo... – Ele me roubou um beijo, novamente, daqueles de me tirar o fôlego. Eu queria muito Ricardo, muito. Mas ainda não esqueci tudo aquilo que eu vi e vivi.
Passou um filme na minha cabeça durante aquele beijo, mas eu não queria evitar. A emoção sempre fala mais alto que a razão. Parei o beijo por segundos, mas olhei novamente seus olhos, seus olhos azuis e não resisti. Continuamos a nos beijar, e quando dei por mim, já estávamos no chão do banheiro, eu sentia seu membro sob a toalha, que estava completamente molhada.
R: Vamos sair daqui, eu estou quase me afogando. – ele olhou pra mim e riu
H: Sim, e a conta da água tá cara! – rimos juntos, ele desligou o chuveiro, eu me ergui e fui em busca de uma toalha, entreguei outra a ele, já que a sua estava ensopada, me enxuguei rapidamente, ele me puxou pelo braço enquanto eu enxugava meus cabelos, me atirou na cama, e ficou por cima de mim, me encarou por alguns segundos e logo começou a me beijar rapidamente. Ele prensava minhas costas e tentava achar a abotoadura do meu sutiã, me ergui e desabotoei, ele me ajudou a retirar meu vestido, e logo eu já estava desnuda. Me beijava e logo atirou meu sutiã pra longe, beijou meu pescoço e meus seios, encravei minhas unhas em suas costas. Sorri de canto de boca pra ele, ele entendia. Em um movimento brusco, ele mordiscou minha virilha, me fazendo contorcer. A verdade é que ele me completava, em todos os sentidos... E sabia. Me invadiu em desespero, acelerava os movimentos no mesmo ritmo em que eu tirava as costas da cama me agarrando ao lençol. Quando ele percebeu que estávamos próximos ao ápice, voltou a me beijar. Nos deitamos novamente, ofegantes. Ele me olhava enquanto seu braço estava enlaçado ao meu pescoço, segurando minha mão. Olhei pra ele e sorri.
R: Que foi?
H: Nada... Eu não disse nada. Disse? – sorri e gargalhamos juntos.
Ficamos uns 5 minutos ali, parados, enrolados naqueles lençóis brancos que pareciam pedir a mesma coisa que nós: "bandeira branca, amor! Não posso mais... Pela saudade que me invade eu peço paz." Parecia que eu tinha esquecido de tudo, pelo menos naquele momento sim. Não havia mais nada, só nós dois ali.
H: Ricardo, está ficando tarde... A Susana não vai estranhar?
R: Sei lá, Helena... Sei lá da Susana. Sei lá. Sabe o que que eu estranho? Nós dois, aqui, nessa cama, nessa casa, sob o mesmo teto, novamente. Não é de se estranhar? – me ergui sobre ele, apoiando minha mão em seu peito.
H: É verdade... De se estranhar e muito. Mas enfim, vou agir como se eu realmente sempre estivesse sido como estou agora: em paz, sem remorsos, ou qualquer outra lembrança me atormentando...
R: Ah, é assim que eu gosto de te ver, Helena. Você nunca me deu uma oportunidade e sabe, por isso falei que as coisas com você são comp... – antes que ele terminasse, eu o beijei. Não queria que ele dissesse mais daquelas palavras que me fariam lembrar de tudo novamente.
R: Olha só! Então você sabe mesmo tomar iniciativa?
H: Ricardo, vamos tomar um vinho? Não vamos falar disso...
R: Como você quiser...
Me levantei, peguei meu hobby na cabeceira da cama e pus. Fui ao closet, porém o que eu queria estava fora de meu alcance, por eu ser baixa.
H: Vem cá! Pega uma coisa aqui pra mim...
R: O que? – ele veio enrolado nos lençóis
H: Aquilo! – apontei lá em cima
R: Mas isso é o que eu estou pensando mesmo?
H: Creio que sim... – ele pegou. Era seu hobby. Eu o havia guardado durante todo esse tempo.
R: Não acredito, Helena! Você guardou mesmo isso durante todo esse tempo?
H: É, guardei. Era de seda cara, tive tanta pena de jogá-lo fora... – ele o vestiu
R: Mas não foi só por isso, pode dizer... – ele me deu um selinho
H: Éééé...
Descemos as escadas e fomos até a cozinha, ele se dirigiu até a adega.
R: Todas as vezes que eu vinha buscar Laura pra sairmos, ficava olhando pra essa adega e pensando "ela nem toma mais vinho...", porque acho que desde que saí dessa casa, continuam os mesmos vinhos aqui. – Ricardo riu
H: Não costumo tomar mesmo, mas já tomei alguns... Escolha um pra tomarmos.
A verdade é que o viciado em vinhos ali sempre foi ele, aquela adega foi toda comprada e pensada por ele... Ele era especialista em vinhos. Os vinhos quase não tinham sido mexidos, mas alguns sim. Não fazia sentido tomar aqueles vinhos sem que ele me acompanhasse; aos fins de semana, era isso que fazíamos. Ele escolheu um de uma safra antiga, quase o mais caro que havia ali.
R: Este?!
H: Este??? É um dos mais antigos e caros que há aí, Ricardo.
R: A noite merece...
H: Talvez...
R: Com certeza!

Paralelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora