Narrado por Ricardo

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Marília e Olívio moravam perto do meu apartamento, me deram carona até lá. Quando cheguei em casa, Susana estava me esperando pra almoçar, ao abrir a porta, ela me deu um selinho, sorri com frieza e se agarrou ao meu pescoço.
S: Amor!!! Nem te vi saindo hoje de manhã.
O: Saí cedo, o Marcelo passou aqui às 9, você ainda estava dormindo...
S: O almoço tá pronto, vai comer agora?
O: Não, agora não. Tenho que ver algumas coisas no notebook, bem rápido, mas já venho.
S: Tá.
Peguei meu notebook, fui para o escritório, abri uma janela com meu email para conferir se Olívio já havia me mandado o número do voo e outra com o site da companhia aérea. Olívio ainda não havia me enviado o email, mas mesmo assim fui olhar alguns voos. Quando conferi meu email, havia um da empresa, quando abri, era uma proposta de trabalho no estado do Paraná, teria que ir naquela mesma semana, caso aceitasse. No mesmo instante lembrei que os pais de Helena eram de lá, apesar de que seu pai já tivesse morrido há um tempo, dona Ivanir permaneceu lá morando com Virgínia, irmã de Helena, pelo que Laura me contou, ela se recusava a vir morar no Rio. Quando éramos casados, costumávamos ir duas vezes ao ano visita-los, e no natal, eles vinham pro Rio. Naquela mesma hora, recebi uma mensagem de Helena no facebook, já que ela insistia em esconder seu número de celular novo, mas que Olívio já havia me passado, porém, eu fingia não ter.
H: Ricardo, quando procurar as passagens, por favor, me envie o número do voo. Obrigada.
Decidi ligar pra ela. Tranquei a porta do escritório para não correr o risco de Susana me ouvir ou ver falando com Helena.
H: Alô? Ricardo? Como você conseguiu?
R: Contatos, contatos. Ou você esqueceu que estamos em pleno século 21?
H: Nem precisa me explicar, devia ter pensado nessa hipótese. Enfim, o que você quer?
R: Tava dando uma checada nos meus e-mails aqui e recebi uma proposta de trabalho pro Paraná, acho que é em Curitiba. Lembrei da dona Ivanir.
H: Mamãe! Saudade...
R: Ela nunca mais veio aqui, né? E você? Ainda vai lá?
H: Veio no Natal, como de costume. E eu fui no feriado da semana santa, mas, mesmo assim, saudade dela. É minha mãe, né, Ricardo!
R: Claro, claro. Então, e tenho que ir lá essa semana ainda, mas as passagens estão muito baratas. Pensei que você quisesse ir... De lá eu já vou pra Massachusetts, caso dê tudo certo em relação as passagens, etc.
H: Ih, Ricardo, não sei não. Não acho uma boa ideia, apesar de querer muito ir.
R: Eu realmente queria saber o porque, Helena.
H: O problema é que você tem uma mulher que com certeza não vai gostar nada de saber disso, Ricardo. Também tem meu trabalho, ainda não sou aposentada. – Helena riu do outro lado da linha
R: Se o problema for a Susana, é só você me dizer uma certeza que eu juro, daqui a 10 minutos ela já não é mais problema. E quanto ao seu trabalho, você é chefe da revista, Helena. Sei que consegue essa folga. Ah! Mas no seu trabalho tem o Walter né...
H: Ricardo, vai com calma. Não pode ser assim. Vou até fingir que nem ouvi isso do Walter. De quanto estão as passagens?
R: Tem umas muito baratas. A mais barata é 100,00.
H: Hum...
R: Vai? Fala logo que eu preciso comprar a passagem, se não, perco esse preço.
H: Compra a passagem, que, de qualquer forma, se eu não for, posso usar outra vez. Quando é?
R: Tô comprando a passagem pra quinta, e o Olívio e a Marília vão domingo pra Boston. Acho que o voo deles já está lotado. Dei uma olhada e não tem mais voos no domingo. Mas a gente tem que ir de Curitiba, caso você for mesmo.
H: E agora?
R: A gente tenta conseguir algum outro voo.
H: Tá. Mas e as passagens pra Boston, qual a média do preço?
R: Estão bem caras...
H: Caras... Quanto?
R: Caras em torno dos 4 mil.
H: Meu Deus! A vontade de desistir até apareceu. Caramba!!!
R: Pois é, também cogitei, mas se você for, eu vou.
H: Ricardo, você ia pra ver o Saulo ou me ver? Pelo amor de Deus...
R: Eu ia unir o útil ao agradável, Helena. Só isso. – risos
Escutei Susana me chamando
S: Ricardo! Vem! O almoço vai ficar frio de novo!
H: Então a Susana cozinha? – Helena soltou uma risada
R: Que nada! Nem encosta no fogão, isso ela já esquentou comida de ontem, com certeza.
H: Que maldade... Enfim, vá almoçar, se não, ela vai esquentar novamente. – risos – Depois planejamos melhor tudo isso. Obrigada.
R: Maldade mesmo. Detesto comida esquentada, ainda mais no micro-ondas, você sabe. Mas, fazer o que. Ok. Por nada. Obrigada digo eu por aceitar, você sabe.
H: Aceitei por causa da minha mãe, e não de você. E nem sei se vou mesmo. Tchau.
Helena desligou e eu saí do escritório deixando o notebook ligado, fui até a cozinha e Susana já estava na mesa me esperando, me servi.
S: Você estava falando com alguém no telefone? Escutei o tempo todo sua voz. Quem era?

Paralelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora