Eu sabia muito bem com quem Ricardo falava, perguntei só para ter a certeza mas sabia que ele ia omitir. Eu sabia também que ele nunca me amou como amava Helena, ou melhor, como ama, pois nunca deixou de amá-la. Passei todos esses anos com essa certeza. Eu tinha consciência de que nunca ia chegar nem sequer perto dela para Ricardo. Primeiro, não cogitei que fosse com ela que ele estivesse falando, pois há muito tempo eles não se falavam, mas eu sabia que na primeira oportunidade Ricardo tentaria recuperar esse contato e desde o dia anterior, em que ele passou com Laura e provavelmente também com Helena, já senti sua mudança de comportamento. Ele não é de me tratar friamente, mas havia tratado ao chegar em casa naquele dia.
R: Era o Olívio. Ele me pediu para que eu olhasse algumas passagens para que ele e Marília fossem visitar o Saulo nos Estados Unidos...
S: Ah, sim...
R: Você não vai almoçar?
S: Não, já almocei. Você acabou demorando e eu almocei antes.
Ricardo se sentou e tirou o celular do bolso, eu fui logo saindo da cozinha e fui até o escritório, olhei o notebook. Havia 2 janelas abertas, uma delas, na página da companhia aérea na compra de duas passagens, uma das passagens era dele, e a outra não era de Olívio. Nem de Marília. Era ela: Helena Guimarães Mendonça. E o destino não era Boston ou qualquer outro lugar dos Estados Unidos, era Curitiba, Paraná. A viagem seria naquela mesma semana, na quinta feira. Apenas guardei pra mim e observei no que iria dar. Fui para o quarto, liguei a tv e com pouco tempo depois Ricardo chegou lá, passou pro banheiro pra escovar os dentes.
R: Amor, recebi uma proposta de trabalho e já vou viajar de novo.
S: Sério?
R: Unhum. – Respondeu ele com a boca cheia de espuma da pasta de dente e escovando os dentes
S: Pra onde você vai?
Demorou um tempo até que ele me respondesse, mas quando enxaguou a boca disse.
R: Curitiba. A empresa pediu que eu estivesse lá ainda essa semana, irei na quinta feira.
S: Ai, eu amo Curitiba! Sou louca pra conhecer aquele Jardim Botânico maravilhoso...
R: Lá é lindo mesmo!
S: Deixa eu ir contigo, Ricardo! Já pensou, nós dois lá? – sorri
R: Ah, Susana... Eu vou pra trabalhar, você sabe. Não gosto de te levar nessas viagens à trabalho e não ter tempo pra te dar atenção.
S: Eu juro que fico quieta no hotel, juro! É só você ter um tempinho de nada pra irmos conhecer algum lugar ou sairmos pra jantar, já fico satisfeita. Por favor, meu amor!
R: Não, Susana. Não vai dar certo. Tenho reunião na quinta, sexta e no sábado também. Volto no domingo. Te juro que da próxima te levo. – ele me deu um selinho e se deitou ao meu lado na cama, encostei minha cabeça em seu peito.
S: Nós nunca mais viajamos, por isso queria ir com você.
R: Da próxima, eu te levo, amor. Juro. – ele beijou minha testa e eu assenti com a cabeça
Passamos a tarde ali, assistindo tv e comentando sobre coisas que víamos no celular. Quando a noite vinha chegando, ele recebeu uma ligação e saiu do quarto para atendê-la.***Narrado por Ricardo***
Meu telefone tocou. Era Helena, ao ver, saí do quarto para que Susana não ouvisse. Fui novamente ao escritório e tranquei a porta.
R: Oi, pode falar agora.
H: Ai, Ricardo, tá vendo? É por isso que digo que não dá certo. Só agora que você tá trancado eu posso falar... Onde é que eu tô me metendo?
R: Helena, tenha calma. Já pedi. As coisas vão se ajeitar, prometo.
H: Então, queria saber se a gente pode falar pra planejarmos a viagem, e se ainda vamos pra Boston...
R: Vamos? É isso mesmo? Você pensou em mim e em você?
H: É, Ricardo. Pensei. Então, podemos?
R: Sim, mas pelo telefone não. Passo aí em uma hora pra irmos jantar, pode ser?
H: Ai, meu Deus! Pode, Ricardo. Pode. Me diz o que é que você me pede chorando que eu não faça sorrindo. – rimos juntos
R: Ok, então. Passo aí logo.
H: E a Susana? Não vai desconfiar e nem achar ruim?
R: Creio que não.. Passamos a tarde deitados.
H: E você vem dizer isso pra mim?
R: Foi deitados, Helena. Não teve nada além disso. De que adianta passarmos a tarde deitados fazendo nada se a noite, de manhã, de tarde é em você que eu penso? E de madrugada, você ainda aparece nos meus sonhos... Me diz.
H: Ai, Ricardo! – Helena gargalhou – Não sei o que é que eu faço com você. Agora tchau que vou me arrumar...
R: Nem adianta querer ficar mais bonita. Tchau. – Tu, tu, tu...
Saí do escritório, fui até o quarto novamente.
S: Quem era?
R: O Marcelo lá da empresa... Não aguento mais tantos imprevistos. Vou ter que sair correndo pra me encontrar com ele, amor.
S: Ai, não acredito, Ricardo. Em pleno domingo à noite?
R: Pois é, amor. Mas eu sou o diretor, tenho mais é que me acostumar mesmo.
S: Ai, meu bem, justo hoje que eu pensei em pedirmos uma pizza e ficarmos de bobeira por aqui? – Susana fez um biquinho, coisa típica de criança quando quer algo.
R: Se eu chegar cedo, ainda podemos pedir, tá? Mas não garanto.
S: Tá...
Entrei no banheiro, tomei um banho e logo após me vesti, passei perfume, penteei meus cabelos.
R: Amor, tô indo! Até mais tarde. – dei um selinho em Susana.
S: Tá. Vai lá.
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Paralelas [CONCLUÍDA]
FanfictionDuas linhas paralelas que podem até se cruzar. Helena, uma mulher desimpedida há 17 anos. Walter, um colega de trabalho. Ricardo, o pai de Laura.