Fui pra empresa, trabalhei a tarde toda com a imagem de Helena e Walter em minha mente. Segui pra casa depois do trabalho, em um certo momento da ida, tocou nossa canção, "Paralelas", cantada por Elba Ramalho. Abri um sorriso e no mesmo momento peguei meu celular, gravei um áudio e a enviei. Depois, enviei uma mensagem.
R: Lembra?
Bloqueei o celular e segui caminho. Cheguei em casa e estacionei o carro. O carro de Susana não estava na garagem; no mínimo estranho, pois aquela altura, ela já teria chegado do trabalho. Entrei em casa, todas as luzes estavam apagadas, acendi as da sala.
R: Susana? ... Susana?
Sem respostas. Subi para o meu quarto, vi de lá as portas do closet de Susana abertas e tudo estava vazio lá. Fui até lá, havia uma folha com um bilhete, quer dizer, uma carta. Era extensa demais para ser bilhete.
*** carta ***
Não precisa ficar se perguntando porque eu fui. Você sabe o porque e eu também sabia que isso podia acontecer a qualquer momento. Fui muito feliz nesses 5 anos com você, Ricardo. Mas eu sempre soube que não era a mim que você amava, e confesso, nem eu te amo tanto para merecer estar com você. Mas você é um homem maravilhoso que me fez muito feliz, acredite. Todas as viagens, jantares e dias foram inesquecíveis, mas eu passei todos esses anos esperando por isso: o momento em que você iria ter uma brecha pra entrar novamente na vida dela. Eu nem sei se ela te ama como eu, ou se pelo menos ama, mas eu espero que sim, você merece. Eu vi os seus sinais, eu vi seus olhos, eu vi sua frieza e também vi no computador, as passagens compradas para Curitiba. Eu sei a hora de dar o fora. Obrigada por tudo! Não precisa me procurar, estou bem.
***carta***
Apenas coloquei minha mão na boca, estava absurdamente impressionado. Não estava acreditando naquilo. Havia ficado mesmo tão claro assim? Na mesma hora, recebi a notificação de uma mensagem. Era Helena. Deixei o celular de lado por um momento para certificar que aquilo era mesmo aquilo. Parei uns segundos na frente do closet e fiquei observando, balancei a cabeça e fui até o banheiro, lavei o rosto, apoiei as duas mãos sob a pia e me olhei no espelho.
R: É, Ricardo, você conseguiu o que queria. Só não como queria...
Tirei os sapatos, a roupa e entrei no chuveiro, tomei um banho frio, depois, vesti meu pijama, peguei o celular e deitei na cama. Fui olhar as mensagens de Helena.
H: Como esquecer? 😉
Ainda pestanejei em não responder, mas respondi.
R: Preciso falar com você. Urgente!
Posso te ligar?
Liguei a tv, Helena logo me respondeu.
H: O que aconteceu?
R: Posso te ligar?
H: A Susana vai desconfiar, Ricardo...
R: Ela não está aqui.
H: Ok.
Disquei e liguei.
R: Helena?
H: Oi, fala.
R: Helena, a Susana saiu de casa.
H: Que??? Como assim?
R: Sim. Cheguei, não tinha ninguém em casa, quando cheguei no quarto, o closet dela estava vazio.
H: Tenho certeza que foi por causa de nós, Ricardo!
R: Eu também tenho. Ela deixou uma carta.
H: O que dizia na carta???
R: Vou pegar e leio pra você. – me levantei e fui até o closet pegar a carta, li inteira pra Helena.
H: Ricardo, eu... Eu não sei o que dizer. De verdade. E agora?
R: E agora eu tô aqui em casa, sem janta, com fome e sozinho!
H: Ricardo! Isso não é hora pra brincar...
R: Eu sei... Eu sei... Não estou brincando, só... Só estou com fome. – eu ri.
H: Mas não tem nada aí?
R: Ainda nem fui na cozinha, logo eu desço pra procurar alguma coisa.
H: Ricardo, mas... E agora? De verdade, e agora? Ela viu até as passagens...
R: Pois é. Não sei, Helena. Não sei. Eu pensava que eu quem iria terminar com ela, mas foi ao contrário. E você só precisava disso pra me dar uma certeza, não era?
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Paralelas [CONCLUÍDA]
FanfikceDuas linhas paralelas que podem até se cruzar. Helena, uma mulher desimpedida há 17 anos. Walter, um colega de trabalho. Ricardo, o pai de Laura.