Eu e Helena passamos inúmeros minutos ali, nos beijando, foi como se ambos se quisessem. Foi um beijo correspondido, inteiro e demorado. Isso me aliviava, pois eu, naquele momento, tive a certeza que ela queria, não sei se tanto quanto eu, mas que havia reciprocidade ali. De início, ela negou o beijo, fugiu com a cabeça; cabeça essa que eu sei muito bem que havia outra pessoa lá: Ricardo, seu ex-marido. Mas isso não me incomodava, ela sempre deixou claro que era livre e eu também. Eu estava disposto a conquista-la, eu ia lutar e sabia que não seria uma luta fácil, afinal, essa mulher não é apenas essa mulher: é A mulher. Ela não é qualquer uma, e eu sabia disso. Eu a pegava pela cintura e ela estava com as mãos em minha nuca, paramos o beijo para recuperar o fôlego. Ela olhou em meus olhos e sorriu.
H: Que loucura, Walter! Imagina se alguém nos pega aqui! Meu Deus!!! – ela disse desesperada e ao mesmo tempo rindo, como se gostasse daquilo.
W: Não viriam porque sabem que estamos em reunião, Helena. Não se preocupe. – eu a olhava e sorria
H: Tá. Tudo bem, tudo bem. Mas agora precisamos sair daqui, não é mesmo?
W: Como você quiser, chefe!
H: Walter, para! – rimos juntos, ela já ia dando as costas mas voltou atrás — Ah, mas antes disso, queria dizer que vou precisar me ausentar da quinta até o domingo do Rio. Vou visitar a minha mãe... Será que tem algum problema aqui na empresa?
W: Acho que não. Onde sua mãe mora?
H: Curitiba... Mas enfim, ainda não sei se vou mesmo. Comprei as passagens na promoção e posso usá-las em outro momento. – cruzei as mãos abaixo do meu peito
W: Acho que realmente não há problemas, Helena. É só você avaliar com a gerência, mas como você é a chefe, não é mesmo? – gargalhamos
H: Eu já vou indo, preciso ver isso. Hoje a tarde não tenho nada pra resolver por aqui e irei almoçar em casa, depois que eu resolver isso, vou embora.
W: Como é bom ser chefe! Viver de agrados dos funcionários, ir almoçar em casa, viajar...
H: Walter, por favor, né? – ela riu
W: Estou brincando, chefinha. – a puxei pela cintura e depositei um beijo em sua bochecha – Aliás, queria saber se você aceita sair comigo amanhã à noite...
H: Amanhã? Acho que sim. Te aviso até lá, ok?
W: Tudo bem. Só que vou escolher um lugar melhor que o bistrô...
H: Hum... Pare com isso, não era um encontro ontem... Amanhã vai ser?
W: Claro!
H: Preciso ir agora.
Helena saiu da sala e foi embora, me soltou um beijo de longe e eu fiz com a mão como se tivesse o pegado, depois, coloquei a mão sob o peito.*** Narrado por Helena ***
Saí da sala ainda pensando nas palavras de Walter, sorria pro vento. Era estranho, ele me fazia sentir algo muito bom. Em um momento, comecei a pensar em Ricardo, fiquei angustiada porque sabia que o que eu estava fazendo não era o certo. Passei na gerência da empresa, avisei de minha ausência, eles falaram que estava tudo bem, não haviam problemas. Segui até o estacionamento, entrei no carro e fui pra casa. Eram quase onze horas. Cheguei no prédio e vi o carro de Ricardo estacionado... Não! O que ele teria vindo fazer aqui? Subi no elevador até o meu andar, entrei em casa e Jô estava na cozinha, fui até lá.
H: Jô, o Ricardo tá aqui?
J: Ave Maria, Dona Helena! A senhora é muito antecipada, não dá nem pra fazer uma surpresinha...
H: Que surpresa, Jô? Cadê a Laura?
J: Ih, Laura falou que ia pra faculdade mais cedo e saiu na maior pressa daqui. Falou que ia almoçar pra lá. Aí o Ricardo me ligou, né... Mas finge que nem sabe que ele tá aqui, pelo amor de Deus! Se não ele vai achar que eu quem contei. Aja naturalmente!
H: Jôôô, eu não sei o que faço contigo não, viu?! Não duvido nada ele ter combinado isso com a Laura.
J: Anda, mulher! Vai lá em cima, ele tá lá! Juro que vou ficar bem caladinha, nem vou dizer nada. – sorri e dei de ombros, subindo as escadas.
Subi, quando abri a porta do meu quarto, Ricardo estava sentado na minha cama com uma cara de cachorro abandonado, tentei aparentar estar surpresa.
H: Ricardo??? Você? Aqui?? Você não trabalha não, é?
R: Trabalho, mas tenho horário de almoço também, sabia? – Ricardo levantou da cama, sorriu, me segurou na cintura, e beijou meu pescoço. O abracei pondo meus braços sob seus ombros.
H: Você não me deixa em paz, não é? – Falei com uma voz maliciosa sorrindo
R: Confessa, Helena: é a melhor guerra, então... – eu apenas sorri olhando nos seus olhos e ele me beijou.
R: Mas e a viagem? Já falou na empresa?
H: Ah, já...
R: E aí?
H: Está tendo alguns problemas na tesouraria, não sei se vai dar pra eu ir, Ricardo.
R: Ah, não, Helena... Eu sei que dá pra você ir. Não tem desculpa.
H: Enfim, daqui pra quinta eu resolvo isso, tá bom? Vamos com calma...
R: Ah, o Walter trabalha na tesouraria, né? Só podia ser isso mesmo...
H: Não tem nada a ver com o Walter, Ricardo. Mas ele trabalha lá mesmo. Vai começar mesmo?
R: Vou! – Ricardo virou de costas pra mim, encostei minha testa em suas costas e pus meus braços sob seus ombros – Eu tenho ciúme de você, posso?
H: Se tivesse razão, poderia. Mas você já notou que você tem a Susana e eu não reluto por isso? Tudo no seu tempo, Ricardo. Enfim, vamos almoçar, né? Jô já deve ter posto a mesa.
R: Vamos! Que saudade da comida da Jô, hummm... – peguei em sua mão, sorri e puxei para que fossemos em busca da cozinha, mas ele me voltou pra trás – Helena, não deixa que eu saia mais da sua vida, por favor. Por favor. – sorri e assenti com a cabeça, dei um curto beijo nele.
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Paralelas [CONCLUÍDA]
FanficDuas linhas paralelas que podem até se cruzar. Helena, uma mulher desimpedida há 17 anos. Walter, um colega de trabalho. Ricardo, o pai de Laura.