Me agradeça depois

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Naquela manhã de sábado Scorpius não encontrou Albus na cama ao lado e ficou mais aliviado por isso, ficar perto dele era uma tentação e a mágoa, mesmo depois do beijo na noite anterior, continuava se movendo no seu estômago. Se torturava lembrando de como gritou com Albus, de como chorou estupidamente e como o quis de volta tão depressa, não podia ser tão fácil assim. Era como ser traído e fingir que esqueceu no dia seguinte, Scorpius tinha que aguentar mais, talvez até pensar na ideia de desistir de vez daquele romance, como poderia continuar sem confiança? Entre pensamentos torturantes e o desejo de ter Albus o abraçando naquele momento, a porta se abriu e uma coruja lhe atirou um bilhete, logo voltando para fora do dormitório. Scorpius conhecia a coruja, era Kiki, uma das três da diretora. Sentando-se ele esticou os braços até alcançar o papel na ponta da cama, virando-o para si ele entendeu de imediato oque as palavras queriam dizer: "Venha a diretoria." A assinatura na diretora não secara direito, mas era a dela ainda.

Bem, agora tinha algum motivo para levantar da cama. Não pode seguir para o café da manhã, já era tarde demais para fazer a diretora esperar, então saiu correndo pelo corredor escuro do subterrâneo, subiu apressadamente os quatro degraus para o saguão e depois disparou pelas escadas de mármore.

Já estava suado e ofegante quando chegou ao hipogrifo de pedra, disse a senha e ela começou a subir para a sala da diretora, oque o deu tempo de respirar e acalmar o coração antes de ter que falar tudo que ela desejaria sobre o ataque de Rose, era óbvio que seria para isso que fora chamado. Ao parar de frente as portas duplas de entrada, ouviu mais do que a voz da diretora e não poderiam ser os quadros dos diretores, eles nunca falavam tanto. Respirando fundo, ele empurrou-as e deu de cara com os pais e tios de Albus sentados de frente a escrivaninha da diretora, e perto das estantes acarretadas de livros estava o seu pai, os olhos desinteressados e frios de sempre, o cabelo amarrado para trás como seu avô costumava usar, era assustadora sua semelhança com as fotos antigas do avô, temia ficar idêntico a eles, uma pessoa sozinha, fria, reservada demais e sem amor. Em pé ao lado dos pais estava o próprio Albus, pálido e nervoso, Scorpius sabia quando a sobrancelha esquerda de Potter tremia discretamente, algo que só quem passara muito tempo junto a ele que perceberia.

-Sr. Malfoy, finalmente. -a diretora disse vindo da varanda, Kiki estava pousada no espaldar da cadeira, olhando-o orgulhosamente pelo seu trabalho bem feito. -Viu Hugo quando estava vindo? -ela parou de frente para os quatro adultos sentados a sua frente como se fossem alunos ainda.

-Não, diretora. -Scorpius andou mais para o meio da sala enquanto as portas de fechavam sozinhas atrás de si. -Me desculpe o atraso, são muitas escadas.

Ela assentiu e as portas voltaram a se abrir, e de lá entraram duas cabeleiras ruivas, uma pertencia a Hugo Weasley, ainda no seu primeiro ano de Hogwarts, ele sempre estava animado por descobrir coisas novas, vivia estudando feitiços novos, porém simples. E agora ele parecia tão abalado que Scorpius não o reconheceu por poucos segundos, Hugo correu e se jogou nos braços da mãe, já soluçando e dizendo coisas aparentemente sem sentido, a única palavra que entendiam era 'Rosie'. A outra pertencia a Lily, que não correu para os pais, mas seguiu para o lado de Albus. Já Scorpius não viu outra opção a não ser se juntar ao pai junto as estantes, não houve nenhuma demonstração de carinho como ele já esperava, isso só aconteceria de novo quando sua vida estivesse em jogo, como quase aconteceu com o vira-tempo. Por alguns segundos ele conseguiu segurar o olhar de Albus quando encontrou-o durante aquele momento quieto demais, e sentiu o pedido silencioso dele para que ele ficasse ao seu lado, mas Scorpius fingiu não perceber.

-Bem, não quero que lidem com isso como um interrogatório. -disse Mcgonagall agitando a varinha e fazendo um bule servir xícaras de chá para os pais dos alunos. Scorpius sentia as mãos suando, não sabia oque responder se perguntassem se ele sabia o motivo de Rose tê-los atacado, só sabia a verdade e não assumiria aquilo ali. Enfiou-as nos bolsos e tentou parecer calmo demais como o pai estava. -Eu não vejo motivos claros para Rose causar tamanho problema num teste de quadribol, suponho que tenha sido ela, pois está desaparecida desde então.

Poisonous Love// Scorbus (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora