Natal Part 2

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    A sombra respirava perto ao rosto de Scorpius,  parecia viva, feita de fumaça,  de um tamanho colossal, mas viva. Malfoy não conseguia se mover, apenas a encarava prendendo a respiração. Pensou que fosse um dementador no inicio,  mas eles não eram tão grandes. Ouviu um burburinho e caiu na real, que estava encarando alguma coisa que poderia o matar de algum jeito.
  - Sem feitiços. - disse Harry em algum lugar atrás do monstro. - Ele é um Saoen, descobrimos ele algumas semanas atrás, estava preso.
  - O que fazemos então?! -perguntou Albus irritado. - É perigoso?
  - Eu acho qur não. -disse uma voz que Scorpius ainda não conhecia,  mas era feminina e aparentemente de uma idosa. - Não é tão esquisito.
  - Scorpius. - chamou Harry. - Sem movimentos bruscos, certo? Ele quer lhe contar alguma coisa, eles são mensageiros.
Scorpius assentiu devagar e respirou fundo tentando controlar seus instintos que o mandavam correr.
  - O que eu faço?
  - Estique a mão para ele.
  Com cautela ele foi levantando o braço procurando toca-lo, mas sem perceber sua mão já atravessava oque devia ser sólido. Sua vista ficou turva, tudo escureceu,  sentiu um frio invadir seu corpo, não ouvia, sentia, nem conseguia pensar direito. E novamente tudo aos poucos foi voltando, o calor, os seus sentidos já estavam ativando,  ouvia algumas coisas, sentia o carpete sobre ele, oque devia significar que estava no chão. Ele abriu os olhos e viu o teto, mas já não era o da sala,  era o do quarto de Albus que era decorado com estrelinhas minúsculas. Sua cabeça latejava, suas mãos tremiam e ele queria chorar por nenhum motivo.  Scorpius suspirou e fez esforço para se sentar. Contemplou o quarto vazio, ainda continuava claro lá fora, então nao estivera apagado por tanto tempo.  Não demorou que a porta abrisse e Albus entrou se surpreendendo com o outro acordado.
  - Ainda bem que você está acordado. - Albus subiu na cama e o abraçou, aliviando a vontade de chorar de Scorpius. - Aquela coisa possuiu você.
  Scorpius o afastou e olhou-o espantado.
  - Eu desmaiei. - disse mantendo-o perto segurando o sweatter dele.
  -Depois.  - explicou Albus jogando uma perna para o outro lado dele. -Primeiro ele te puxou para dentro dele, então ele desapareceu e você começou a falar com uma voz estranha.
  Scorpius estava mais calmo,  então notou quando viu as mãos do namorado tremerem. Ele as segurou junto a si e Albus tentou parecer bem,  mas seus olhos lacrimejaram. 
  - Foi horrível, você ficou pálido. - a voz dele tremulou. - Seus olhos estavam brancos, não era você falando. Você caiu como se estivesse morto. - uma lágrima escorreu pela bochecha dele,  ele parecia realmente nervoso e Scorpius se sentia culpado. - Te trouxemos para cá e você nem reagia. Eu pensei que ela tinha te tirado de mim de uma vez. -ele fungou e desabou no ombro de Scorpius, o abraçava apertado e quase soluçava de tanto medo. Scorpius lhe segurou firme e tentou lhe acalmar dizendo que estava ali e estava vivo. Não queria ter causado tanto medo em Albus, quase nunca o vira chorar daquele jeito.
  Por um longo tempo eles ficaram abraçados, até que Albus se sentisse bem o suficiente para se afastar. Quando se afastaram,  Scorpius tirou os resquícios de lágrimas na bochecha dele e o beijou.
  - Desculpa pelo susto. - disse com as mãos ainda na cintura dele. -Ela não vai me tirar de você,  certo?
  -Certo. - Albus suspirou e riu. - Agora que eu já tive meu ataque,  posso terminar de te contar. Aquilo era um "arquivo" especial do Ministério, estavam estudando ele ainda e aparentemente ele estava sumido a dois dias, só que não avisaram a ninguém para não assustar. Conversei com a tia Mione e ela não suspeitava que a Rose soubesse.
  Scorpius assentiu e encostou a testa no peito dele.
  -Ela está a cada dia mais louca. - Malfoy suspirou.  - Afinal, oque o Saoen quis dizer?
  - Ele repetiu a carta e disse que um de nós estávamos em perigo.
  - Nós dois?
  - Não, "vocês e seus amigos". Depois sumiu. -Albus acariciava os cabelos de Scorpius enquanto esse se sentia mal por estar pondo os amigos em risco. - Vovó quer falar com você depois, ela não sabia quem você era mesmo e perguntou a Lily, minha irmãzinha sem querer nos assumiu para a casa inteira. - ele riu vendo a expressão espantada de Scorpius. - Relaxa, eles não disseram nada demais.
  -Isso não ajuda, Al. Vamos descer, eu já estou bem. - pediu derrubando-o de cima dele e sendo preso pelas pernas de Albus. - Temos que descer, não quer que nos encontrem numa situação constrangedora,  quer?
  - Não. - Albus suspirou e cruzou os braços.  - Quero completar dezesseis logo, ai eu vou poder usar magia fora de Hogwarts. 
  - Então só vai faltar um ano para acabarmos, teremos que criar um portal para nos vermos.
  - Pare de ser chato. - Albus o soltou e se apoiou nos cotovelos para o beijar. - Vamos.
  Scorpius engatinhou para trás saindo da cama e então Albus se levantou. Os dois saíram do quarto de mãos dadas, se todos já sabiam então, era mais fácil ainda. Ao chegarem na escada, viram que a sala estava vazia,  e o leão voltara a dormir calmamente. O fogo na lareira ainda crepitava e a sala estava quente, mas sem ninguém ocupando-a. Eles desceram, e ouviram o murmúrio da porta mais no canto direito da sala, onde ficava a sala de jantar. Albus que guiou Scorpius até lá, ele abriu a porta devagar e as conversas pararam subitamente. Lá dentro estavam praticamente todos, até alguns que Scorpius nem vira, envolta de uma longa mesa de madeira, nas paredes haviam mais quadros como o do Hall, que se mexiam e brigavam.  A atenção estava nele, e ele não sabia como agir, então apenas ficou quieto e fechou a porta atrás de si, depois indo com Albus para as cadeiras ao lado de Clary e na ponta, perto de Harry.
  - Como está se sentindo? - perguntou uma mulher encostada na parede, parecia inquieta, ela segurava uma xícara da qual saía vapor e usava um sweater parecido com o de Albus, só que vermelho e com um grande H na frente. Scorpius supôs que fosse Hermione, a tia de Albus, já havia a visto na escola.
  - Estou bem, não me lembro de nada, mas fora isso me sinto normal. -respondeu tentando não parecer incomodado com tanta atenção.  - Conseguiram pegar ele?
  - Fugiu pela lareira. - disse Harry que estava sentado à mesa. - Estávamos nos perguntando como ele saiu. Ainda nem sabemos o que ele é exatamente.
  - Eu e Albus já entramos escondidos lá no ministério, por que Rose não faria o mesmo? -Scorpius percebeu depois que aquilo não era algo bom para ter dito alto, alguns pareceram espantados. -Não estou dizendo que é a coisa mais fácil do mundo.
  -Mas ela incendiou o campo de quadribol. - argumentou Clary, que brincava com uma farpa da mesa. - Ela seria capaz disso.
  -Eu não entendo como ela ficou assim. -disse Hermione se encaminhando para a outra ponta da mesa que estava vazia. - Rose nunca mostrou sinal de ser vingativa.
  - Mas ela é. -disse Rony com raiva. - Não conhecemos nossa própria filha, Mione.
  - A conhecemos,  sim! Por isso que acho que ela não está fazendo apenas por vontade própria.
  A sala caiu num silêncio e por baixo da mesa, Scorpius entrelaçou os dedos ainda mais firmemente aos de Albus. Muita coisa sobre Rose o engasgava, mas ele não poderia dizer ali, tinha muitos laços familiares envolvidos a uma só pessoa.
  -Ela ameaçou os amigos de vocês,  não foi? - perguntou Roxane, ela estava entre Molly e Lucy que ainda pareciam um pouco perturbadas, sem ao menos olhar os outros na mesa. - Deveriam estar mandando cartas para eles, os avisando. 
  - Verdade. - concordou George. - Apesar de que uma sombra é mais rápida que uma coruja.
  - Não complique George. - disse a senhora em frente a Albus. -Faremos o que pudermos. Agora licença, -ela se levantou e passou as mãos nos cabelos brancos. - Vou acordar Arthur, ele perdeu tudo que aconteceu. 
  Seus passos arrastados foram ouvidos por um  bom tempo,  até sumirem depois do som de uma porta. O burburinho voltou aos poucos, cada um dando sua opinião e discutindo sobre o quê deveria ser feito. Scorpius olhou Albus e esse parecia distraido, fora de órbita,  enquanto olhava para a mesa fixamente. Não ouvira sua voz uma vez desde que entraram naquela sala, Scorpius sentia-se incomodado com Albus sempre ser tão calado na presença dos pais, e isso o preocupava bastante, parecia que sua voz ali fosse insignificante.  Ele se aproximou mais dele tocando seus ombros e acariciando seus dedos.
  - Não fique tão quieto. - pediu. - Me faz achar que está mal.
  -Só não tenho nada oque dizer. -Albus sorriu e respirou fundo. - Aprendi que sempre vou estar certo se eu ouvir apenas, porque no final todos vão estar errados e eu vou dizer o certo e vou ser ignorado primeiramente.  Depois vão ter que engolir que estavam errados. Foi o quê aprendi nesses anos. -sua voz estava baixa, e ele falava aquilo com um sorriso de quem já havia aceitado essa realidade a muito tempo atrás.
  Scorpius o olhava quase com raiva, não gostava de Albus aceitando isso como algo normal. Agora ele tinha ele,  mas e antes? O natal de Albus foi sozinho por anos?
  - Não diga isso de novo. -pediu sério demais, fazendo o sorriso de Albus sumir. - Não gosto disso.
  -Você não precisa gostar.
  - Ah, e eu vou deixar você brincar de fantasma? Não é assim que funciona. - Scorpius sabia que não devia avançar mais, ou brigariam ali na frente de todo mundo. 
  Albus não pareceu magoado, nem chateado,  ele apenas suspirou e apertou a mão dele.
  -Scorpius. - ele se virou procurando a fonte da voz,  mas ninguém parecia te-lo chamado. - Scorpius. - ele afastou a cadeira para atrás tentando ver melhor toda a sala, foi então que a viu no espaço mais aberto atrás da cadeira de Harry e gelou.
  Ela acenou e sorriu, desaparecendo logo depois. Scorpius se virou rápido para Albus e esse o olhava curioso. As palavras pareciam ter congelado na sua garganta,  ele respirava apressado, começava a suar frio.
  - Está tudo bem? - perguntou Gina notando que Scorpius não parecia nada calmo. - Scorpius?
  - Ela fugiu.  - foi oque conseguiu dizer. 
  As conversas foram cessando aos poucos, procurando prestar atenção no que estava acontecendo. 
  - Quem fugiu? - perguntou Albus. - Scorpius nao tinha ninguém ali.
  - Mas eu vi ela!
  -Ela quem? - disse impaciente. 
  - Delfi!

Poisonous Love// Scorbus (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora