Floresta Proibida

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Sob o céu de nuvens cinzentas e os trovões que ribombavam no teto encantado do Salão Principal. Albus olhava o time conversar com Simon, fazendo a entrevista que tanto esperavam fazer, todos debruçado sobre a mesa, era quase possível ver as engrenagens dos seus cérebros girando e tremendo ao chegar em suas teorias absurdas ou óbvias. Era uma conversa intensa e decisiva para a finalidade de achar Tessa. Albus não se incluía a ela, estava mais afastado deles, olhava o salão e tentava não suspirar sua frustração, ainda acreditava que poderia haver uma desculpa para que Rose não fosse considerada insana, mas tudo que ela estava fazendo até ali era sem dúvida inaceitável e louco, o suficiente para bons anos numa cadeia mágica. Albus criava na sua cabeça as imagens de quando eram todos mais jovens e unidos, não que fossem velhos, mas a saudade de voltar a ser criança com os amigos era incontestável. Um estalo o chamou a atenção, a porta de entrada rangeu e algo passou como um vulto. Agora Albus tinha uma decisão, seguir sozinho até lá, mesmo que não fosse nada, ou arriscar seus amigos a algo que poderia ser tudo ou nada. Ele se levantou sem chamar atenção e caminhou em silêncio até a porta, deixando os outros que estavam absortos em suas conversas na mesa. Ele deixou o único cômodo iluminado do castelo e saiu para o Hall de Entrada escuro e levemente gelado, os quadros estavam quietos, as armaduras antes enfeitiçadas no Natal, agora encontravam-se em seu estado normal. Ele andou até o centro do Hall, respirou fundo e sussurrou:
-Se está aqui diga de uma vez. Rose, não somos crianças para ficar brincando. -por mais que em sua mente, falar sozinho estivesse lhe entregando um atestado de quase loucura, sabia que aquilo daria em alguma coisa.
-Sabe que drama sempre foi o meu forte. -respondeu uma voz vindo da escuridão da entrada para as masmorras. Rose saiu de lá, com um vestido longo e flores brancas nos cabelos ruivos, que agora estavam negros pela escuridão. -Cheguei tarde para o baile. -ela riu.
-Por que levou Tessa?
-Você não viria atrás de mim, viria? -ela andou até ele e parou a menos de um metro. -Temos coisas a resolver, Albus.
-Não, não temos.
-Você fez Scorpius partir meu coração. Minha própria família me traindo, me substituindo por ele em um jantar de Natal. -os olhos dela marejaram e Albus deu um passo para trás.
-Ninguém te substituiu, você que sumiu, Rose. -ele parou e uma onda de raiva lhe encheu o peito. -Você atacou o Scorpius. Você tentou machucar gente que gosta de você, Rose.
-Porque eu fui machucada primeiro! -seu grito ecoou pelo hall. -O amor dói muito, Albus. Com isso não se brinca.
-Então entenda que eu, ele, Lily, James, todos nós te amamos. E você tentar me machucar e machucar Scorpius, está saindo do limite a ponto de machucar até seus pais!
Ela sacou a varinha e a pôs no queixo dele, Albus levantou as mãos em rendição. Grossas lágrimas escorriam pelo rosto e Rose.
-Você não tem o direito de dizer isso.
-E você não tem o direito de machucar alguém por não querer retribuir os seus sentimentos.
-...Estupefaça!

-x-
  Scorpius ouviu um estampido, e ao olhar para trás, viu que Albus não estava mais lá. Ele saiu correndo para o Hall derrubando a cadeira ao se apressar para a porta. As portas estavam abertas para o lado de fora, uma corrente de vento frio passava por ela e lá fora o céu se encontrava repleto de nuvens pesadas de chuva. Ele correu para o lado de fora ouvindo os passos dos colegas vindo atrás, parou no primeiro degrau e tropeçou em alguma coisa. Seu coração saltou e ele entendeu na hora oque estava acontecendo, a varinha de Albus aos seus pés indicava tudo. Ele se abaixou e pegou-a, as mãos já tremiam ao tocar a madeira cheia de formatos da varinha. Os amigos chegaram um momento depois e não entenderam a cena, ficaram parados o observando.
   -Rose levou Albus. -Scorpius suspirou, seu olhar correu a Floresta Proibida, escura ao longe e aparentemente muito perigosa desde a Guerra de Voldemort. -Se quiserem vir, me acompanhem, caso não queiram, eu vou sozinho.
  -Nem venha com essa de ir sozinho. -disse Susan. -Vamos todos.
  Scorpius assentiu e agitou a varinha que tinha em mãos, a vassoura que o levara até ali veio voando por cima dos seus amigos e parou ao seu lado.
  -Até lá. -antes que eles pudessem reclamar, Scorpius se virou e impulsionou a vassoura para o voo.
Vento cortante e não sentir o chão eram coisas comuns para Scorpius e isso o deu uma onda de energia para continuar, não que achar Albus não fosse suficiente, mas o medo o fazia querer chorar, voar o dava coragem. Ele planou sobre as copas das altas árvores da floresta e seguiu procurando uma clareira ou algo assim. Seus instintos o levaram a várias clareiras vazias, seus olhos já marejavam quando chegou a última e não conseguia achar rastro de Rose. Foi quando sua fúria surgiu entre o desespero, ele usou o feitiço de amplificador de voz na garganta e gritou entre as árvores.
-Rose! Eu sei que quer vingança! Não machuque ele, é sua família! Por favor. -o feitiço parecia aumentar sua dor no tom em que falava.
  Seu chamado foi respondido por uma sombra enorme saindo do meio das árvores, passando sob o Sol, os feixes de luz passavam por entre suas sombras misturadas que formavam um enorme tigre. O Saoen parou o observando então foi até o meio da clareira e cavou com a pata fumacenta, fazendo aparecer atras dele uma casinha antiga. Scorpius respirou fundo e se adiantou para entrar, o Saoen não o interrompeu nem se moveu, apenas o assitiu ir. Scorpius girou a maçaneta e abriu a porta, ela desembocava numa salinha toda rosa, que não combinava nada com o aspecto do lado de fora da casa. Lá fora o Saoen rosnou e a porta voltou a fechar violentamente. Scorpius seguiu por entre a mobília rosa, até uma porta atrás de uma cortina de contas transparentes. Seu coração batia mais forte que o normal, o medo o abatia, ele correu para a segunda porta e a abriu, essa dava entrada um quarto vermelho.
  -Feche a porta, Scorpius. -disse uma voz a sua direita, ele a olhou e viu Rose ao lado de uma maca, ela e todo o resto seguiam a ideia da sala, vários tons da mesma cor. Scorpius continuou a correr os olhos e o viu sob um cobertor vermelho sangue, Albus parecia mais pálido que o normal, fosse pelas cores ou pelo soro branco que ela aplicava em seu braço. -Eu não fiz nada com ele. Esta vivo e mais saudável que o normal.
  -Qual o seu problema? -sua voz tremeu e ele fechou as mãos para evitar que tremessem. Queria correr até Albus, mas a varinha na mão de Rose o ameaçava. -Rose...
  -Scorpius. Eu já disse que ele está bem. -ela parecia diferente, talvez pelos cabelos ruivos estarem mais compridos e mal cuidados, ou pelos seus olhos que estavam levemente diferentes.
  -Se ele está bem porque está fazendo tudo isso?!
  -Porque você merece sofrer um pouco Scorpius. -ela se levantou e agitou a varinha rapidamente. Scorpius não teria percebido se uma cadeira não tivesse batido atras dos seus joelhos o fazendo sentar e se correntes vermelhas não tivessem se enrolado em seus braços como cobras vivas. -Albus me roubou você, mas você que me iludiu primeiro. Ele não teve culpa, eu sei. Por isso que eu não vou machucar ele, porque não foi ele que me machucou, foi você. -ela se aproximou e segurou seus cabelos violentamente fazendo-o olhar o teto. -Quando eu estava sozinha, com o coração partido por ter sido trocada, chorando no meu quarto. Ela apareceu para me ajudar. -ela o soltou e voltou para o lado de Albus sentando-se na cadeira. -Delphi me ajudou, me abriu os olhos quando eu corri para me esconder aqui, ela me mostrou essa casa, me deu o Rargan. Ela me ensinou a me defender e a fazer coisas maravilhosas que Hogwarts ou não me ensinaria ou me faria demorar muito a aprender. -Ela se levantou e puxou os cabelos mostrando na nuca a tatuagem de um Agoureiro. -Viramos irmãs.
  -Rose, isso é loucura.
  -Não, Scorpius. É futuro. -ela se voltou para ele sorrindo. -Te deixamos ir até o orfanato, quase tudo que ela disse é verdade, mas ela não sabia de tudo, era só assistente de Eufemia Rowle.
  -As crianças morreram?
  -Sim, mas não foi o Rargan. -ela disse acariciando os cabelos de Albus como se fosse algo natural. -Foi uma experiência que deu errado.
  -Que experiência?
  -Delphi tentou da as crianças doses de poção do amor para ver oque acontecia com elas. - Scorpius engoliu em seco e olhou o líquido perolado que entrava nas veias de Albus, seus olhos marejaram. -Então elas morreram. Ela descobriu depois que poção do amor comum atacava o cérebro de várias maneiras, temos muitos tipos de amor. Mas apenas um pode ser obsessivo.
-Amortecia? -Scorpius gritou tentando se soltar das correntes. -Você é louca?
-Não, mas Albus poderia ficar. -ela riu vendo-o desesperado.
-Disse que não ia machucar ele!
Lá fora o rugido de Rargan e de mais algumas pessoas o avisaram que seus amigos estavam ali.
-Chamou ajuda? -ela revirou os olhos e pegou uma chave no bolso do vestido que usava. -Desnecessário. -ela trancou a porta e a tocou com a varinha, a porta sumiu instantaneamente.
-Por favor, pare com isso.
Ela bufou e seguiu batendo os pés até estar ao lado de Albus. Ela trocou a bolsa com poção que já estava ficando vazia.
  -Isso vai matar ele, Rose!
  -Não, não vai! -ela gritou voltando a sacar a varinha e a apontando no meio da testa dele. -Ennervate.
Albus abriu os olhos devagar, como alguém que estivesse dormindo e arfou segurando o braço com a agulha.
-Albus? -chamou Scorpius e ele o olhou, mas estava tão diferente. -O que está acontecendo?
-Está fazendo efeito. -Rose sorriu. Albus bateu os olhos assustado, o verde dos seus olhos que gradualmente ficava vermelho. -Albus... você pode me dizer com quem você veio para Hogwarts?
-Com ele. -disse indicando Scorpius com a mão livre, mas seus olhos marejavam. Era assustador para Scorpius, o vermelho era vivo e o fazia não parecer mais o seu Albus. -Desculpa... -uma lágrima escorreu seu rosto e Scorpius sentiu o coração apertar. -Eu não consigo lembrar o seu nome.
-Eu disse que nunca machucaria ele, Scorpius. -Rose disse tirando a lágrima do rosto de Albus. -Machucaria você. Isso é só o primeiro estágio. -ela tocou o braço de Albus e ele voltou a apagar. -Aqui ele ainda sente alguma coisa por você. Vai sentir na pele oque é não ser correspondido.

Poisonous Love// Scorbus (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora