Passeio a Hogsmeade

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Uma semana antes do mês de outubro, apareceu um comunicado no quadro de avisos da Sonserina.

  Falava sobre a visita anual a Hogsmeade no dia das bruxas. Era um grande evento. Um dos mais esperados do ano, perdendo apenas para a decoração de Natal. Apenas naquele dia do ano Hogsmeade ficava em festa, decorada e colorida, com enfeites fantasmagóricos falsos e a Dedos de Mel vendia doces especiais de Halloween. Os outros fins de semana em Hogsmeade também eram fantásticos, ter um gostinho de liberdade era único para os alunos que passavam praticamente o ano inteiro trancados no castelo, mas o feriado sempre era delicioso de se aproveitar.

  Todos estavam em festa com a notícia.

Bem, nem todos.

  Em outro ano, Albus estaria saltitante pensando nas diversas coisas que compraria e que traria de volta para se divertir no dormitório, mas naquele ano... Já tinha se passado quase um mês, e Albus e Scorpius ainda se falavam o mínimo possível. Albus poderia se juntar aos irmãos e a Clary (que já tinha se recuperado e estava perfeitamente bem) para o feriado, mas a ideia de deixar Scorpius sozinho, ou pior, com Rose, era como uma apunhalada. Eles tinham compartilhado todos os dias das bruxas de Hogwarts desde o ano em que entraram. Ir para Hogsmeade sozinho o fazia sentir vazio e até um traidor.

  A expectativa fazia esse pensamento rondar pela sua cabeça o dia inteiro. Ele queria muito ir para Hogsmeade, mas queria mais ainda ir com a consciência limpa e sem pensar o tempo todo em Scorpius.

  Só podia resolver isso de um jeito. Então, na noite dois dias antes do passeio, Albus esperou Scorpius chegar da biblioteca. Albus nunca ia atrás dele, era uma regra que ele mesmo tinha imposto sobre si. Se Scorpius não o queria por perto, ele não ficaria por perto. Se Scorpius quisesse ficar com Rose e ignora-lo para o resto da vida... bem, Albus teria que lidar com isso. Mas aquela noite era diferente.

  Já passava do horário, como sempre, quando Scorpius chegou. Albus esperou que ele o visse primeiro, então ficou parado perto da porta do dormitório. Não demorou muito para que Scorpius o encontrasse com os olhos. Albus notou que ele ficou ligeiramente mais pálido quando percebeu que eles dois eram as únicas pessoas na sala comunal.

  Algo se apertou no estômago de Albus.

  Scorpius ficou parado. Os olhos cinza brilhavam em alerta, expectativa.

  -Eu... queria falar com você. -disse Albus, dando um passo hesitante. -Posso?

  Scorpius assentiu, mas os olhos dele piscavam de um jeito estranho. Como se ele quisesse mantê-los abertos o tempo todo, mas só o esforço de pensar isso secasse seus olhos.

  Albus permaneceu onde estava. Scorpius não parecia confortável.

  -Você muito calado me assusta. -disse Scorpius, com um tom de riso que na verdade parecia mais nervosismo.

  Na lareira, o fogo ao crepitava, e seus cabelos quase brancos ficavam alaranjados com o reflexo das chamas.

  -Nós realmente não podemos ser os mesmos? -Albus deixou escapar, um pensamento que guardava no fundo da mente e tentava o encobrir com outros e outros. -Sabe que está sendo óbvio para todo mundo que não estamos bem.

  Scorpius riu.

-Eu não devo nada para ninguém. Eles podem especular, imaginar, fazer o que quiserem com isso. Deve está sendo incrível para eles tentar descobrir o que aconteceu entre nós. -ele respirou fundo. -Sempre fomos um motivo de entretenimento, você não acha? Eu não tenho andado muito nos corredores ultimamente, mas tenho certeza que coisas boas não são o que estão dizendo de mim. Me diga você, eles ainda me odeiam?

Poisonous Love// Scorbus (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora