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Ninguém vai chorar se você morrer... porque você já está morta.

Garota Interrompida.

Gabriel surgiu na vida de Nina, da mesma forma encantadora que os outros apareceram, mas dessa vez parecia ser diferente — quando não parece ser diferente? — ele era totalmente o oposto dela, isso não era novidade, mas ele entendia a necessidade de não sermos todos iguais.

Filmes, músicas, sentimentos, nada combinava. Apenas uma coisa... os dois estavam mortos interiormente, contudo Nina sabia disfarçar, Nina ainda acreditava que poderia sentir o amor, Gabriel não.

Ela fazia parte de um grupo de pessoas que acredita que toda pessoa pode ser mais do que é, mais do que demonstra ser. Pra ela Gabriel não era apenas uma pessoa fechada, que desprezava sentimentos românticos, era uma pessoa que tinha medo de sentir e ela queria acabar com esse medo. Sentia-se capaz de mostrar o que havia além das sombras onde Gabriel, tinha armazenado seu coração.

Gabriel era direto, e ela sabia, mas sobretudo gostava de interpretar o que ele dizia, procurava palavras escondidas em frases diretas, que diziam o que diziam e somente isso. Ah, pobre Nina… de tanto tentar encontrar palavras de afeto nas frases frias e diretas de Gabriel, encontrou... mas não eram reais, era apenas sua imaginação e Nina se apaixonou por alguém que não existia.

De início Nina, que ainda sofria com a rejeição de Bruno, não nutria sentimentos por Gabriel, seriam bons amigos e apenas isso… mas com o passar dos dias, ela decidiu que seria melhor transferir os sentimentos que tinha por Bruno para o gélido Gabriel, que mesmo não sendo o que desejava verdadeiramente, nutria interesses por ela. Nina, achava que tudo era possível.

Os interesses de Gabriel por Nina, eram reais, não eram interpretações exageradas dela. Isso foi provado no dia em que beijaram-se, e ele foi estranhamente carinhoso com ela.

Nina, aprendeu a gostar das coisas que não gostava em Gabriel, mas não era amor. Era apenas um porto seguro e agitado.

— Você gostou do dia que fiz cafuné em você de manhã?

— Gostei sim, por quê?

— Então vou fazer todas as vezes, Nina.

Estranho escrever esse diálogo, porque o interesse enorme que Gabriel apresentava por ela no início, agora deixava-a lentamente, o interesse dele durou um mês e algumas semanas. Já o dela começava a aumentar a cada conversa morna que tinham. Ele estava começando a doer no coração de Nina.

Antes de se conhecerem, Nina digitou para Gabriel uma mensagem que dizia muito sobre o que iria acontecer com eles, foi a seguinte:

" Não é estranho a forma que as pessoas surgem na nossa vida? Elas aparecem do nada, contam sobre elas, perguntam sobre nós, criam sentimentos por nós e nós por elas, e então elas vão embora e outra pessoa surge… o ciclo recomeça. É tão desnecessário. "

Além de um desabafo era uma recusa, ela não queria conhecer Gabriel, não queria sentir o cheiro dele, observar os olhos dele e a forma como ele olhava as coisas, à olhava. Ela sabia o que iria acontecer.
Mas aceitou, e isso foi o início do fim deles.
Conheceram-se para depois se tornarem estranhos.
Beijaram-se pra nunca mais conversar.
Transaram pra em seguida nunca mais se tocar.

Em uma madrugada melancólica de novembro, Nina pegou sua sinceridade e perguntou a Gabriel.

— Ei, a gente não conversa mais como antes e você mal responde minhas mensagens, acabamos?

— Ei, é que a gente não tem muito em comum e daí vamos acabar discutindo por nada, e também estou jogando muito nos últimos dias…

— Hm, certo, bom jogo.

Foi assim que Nina se despediu de Gabriel, ela poderia dizer que ele havia dito que era bom não serem iguais e tantos outros fatos que quebrariam as desculpas de Gabriel, mas preferiu não complicar o que já estava decidido por ele.

Apesar de terem continuado a conversar, não eram mais os mesmos.

E ela não saiu ilesa da breve relação que teve com Gabriel, saiu modificada como tinha sido com os outros. Mas dessa vez, ela pegou a frieza de Gabriel, pegou seus sentimentos e congelou em pleno verão.
Não tinha mais sentimentos pra transferir, estava acabada e seu último sopro de vida interior… havia desaparecido.

NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora