Temos amores que não nasceram para serem vividos, apenas sentidos.
Era tarde demais, sempre foi tarde demais para Nina, era assim que aconteciam as coisas em sua vida, Nina estava apaixonada.
— Eu não sei como aconteceu, sabe aquelas paixões que surgem do nada? E te deixam louca, pois é... E ele é tão diferente de mim, não temos nada em comum, e eu acredito que os opostos se atraem, mas depois de certo tempo eles também se repelem.
Nina, contava isso para sua amiga, como um grito de socorro, o amor estava a sufocando, porque era um amor ímpar, e quem nunca viveu um desses? Aqueles amores que estilhaçam o peito, porque só existem em um coração.
Quando ela decidiu que iria parar de falar sobre o que sentia, ela não imaginava que iria se apaixonar, e que isso seria um ácido em sua pele, que à faria ter de falar porque o sentimento já não cabia dentro do seu corpo, então ela falou e se arrependeu, se arrependeu novamente e se arrependeu três vezes mais por não ter cuidado o suficiente de sí, e ter se apaixonado por alguém que não iria se apaixonar por ela.
— Eu não entendo, por que você gosta de mim?
Ele perguntava todas as noites que se encontravam, e ela falava com o coração apertado.
— Eu não sei, bom…na verdade eu sei sim… sabe carinho gratuito? Acho que não sabe, mas foi assim no início, eu sentia algo me atraindo pra você e depois que começamos a ficar, eu gostei dos teus olhos, do teu sorriso, do jeito que fala e até sua respiração, eu gosto dela.
Ele ficava em silêncio, não sabia o que dizer, Nina amava-o e ele não merecia esse amor, mas também não recusava.
Na sua vida você vai conhecer pessoas que não vão te amar, mas que não vão recusar seu amor, porque seu amor é bom e faz com que essa pessoa não se sinta sozinha, contudo… quando essa pessoa achar outra, com um amor novo, ela vai te jogar pra fora da vida dela. Você já deve ter feito isso também, Nina também fez, mas era difícil aceitar que estavam fazendo isso com ela novamente.
Ele arranjou uma nova garota, mais divertida, menos problemática e gostou de ficar com ela, no início parecia só mais uma garota, Nina sabia que ele tinha outras, mas agora essa garota teria um filho dele, isso não fez com que ele amasse ela, ela se tornou só mais uma garota grávida e abandonada. Nina agradeceu por não ser ela, mas também sofreu, nenhuma mulher merecia o que aquela garota iria passar.
Porém, antes disso houveram discussões, Nina passou a odia-lo, o que você sentiria se descobrisse que o ser que você ama, tentou beijar sua melhor amiga? E negasse que fez isso? Nina, gritou. Odiou ele. E se desculpou, o amor faz com que a gente faça coisas que nunca saberemos explicar... Nina se desculpou, sem motivos, se desculpou por amor. Ela atravessava a linha do amor em direção ao ódio, mas voltava em direção ao amor na mesma velocidade.
Entretanto, após a notícia da gravidez eles não ficaram mais juntos, Nina escondeu-se em sua casa, abraçou a dor e lamentou infinitamente por ter se dado, pra quem nunca se doaria por ela. Apaixonar-se nunca é uma opção, mas amar sim… o amor é você basicamente aceitar os defeitos, as dores que a pessoa causa em você... mas amar não deve doer — não o tempo todo — então Nina deixou de ama-lo, não verdadeiramente, mas começou seu ritual para tirá-lo do seu sistema circulatório.
— Você ainda gosta dele?
— Não, ele não merece o que eu sou e eu nem sei se amei ele.Ela sabia, sim, ela sabia. Mas iria negar, até se tornar verdade.
Basta, que de ruim já basta a vida, se só de ti fui pertencida, chegou a hora da partida, pois só de mim eu quero ser.
Ana Muller.

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Nina
ChickLitÁs vezes em uma única mente existem centenas de outros "eus", tendo cada um deles sua história, sentimentos e comportamentos específicos. Eu suspeitava que existiam outros "eus" dentro de mim. E um dia os conheci. Este livro fala sobre "Nina", e e...