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Nina não podia falar com Dâmi sobre o quê sentia, então aprisionou seus sentimentos no papel…

“Eu sinto falta das coisas que nunca fizemos, sabe?

O chá de hortelã que gostaria de ter te preparado em um dia que você estaria com dor de cabeça, a massagem que faria na sua testa pra que ela não se demorasse em você.
O café que iríamos tomar à meia-noite, conversando sobre coisas intensas, porquê nós duas somos assim.
O último cigarro que iríamos dividir, antes que eu pegasse o ônibus e voltasse pra casa, cheia de saudades suas.

As noites que não iríamos dormir, porquê é tão bom ficar ao seu lado.
As tardes quentes que passaríamos deitadas distantes uma da outra... por quê é tão quente? risos.

Os dias nublados que não presenciamos juntas, eles seriam o fundo da obra, que é o nosso amor.
As noites chuvosas que ficaríamos abraçadas até adormecer, e seria tão bom estar com você, porquê você é você, e eu não quero mais nada.
As madrugadas que observaríamos as estrelas e eu te daria uma de presente, mesmo você sendo meu astro preferido.
As brigas que terminariam com risadas, porquê não teria como brigar verdadeiramente com você.
As mãos entrelaçadas, enquanto assistiríamos algum filme dramático, e sentiríamos nossa intensidade cada vez mais fazendo parte uma da outra.
Eu sinto saudades de tudo que não vivemos, Margarida.
Eu sinto muito por não ter concretizado tudo isso, mas também sinto que um dia isso vai acontecer e talvez por isso eu também sinta que ainda nos esperamos, mesmo indo por caminhos diferentes, me desculpe se eu estiver errada.
Amo você, pequena.”

Eram desejos reais, mas à instabilidade dos sentimentos de Nina, não deixavam que eles se concretizassem.
Às vezes desejava que Dâmi insistisse nela, que ela lutasse para que ficassem juntas novamente, mas também não sabia se isso era uma vontade real, ou apenas uma armadilha de outro “eu” que habitava no seu interior — no nosso interior.

NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora