Nina

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Em silêncio hoje eu vou falar.

Vanguart.

Existem coisas que se descobrem tarde demais.
Nina, por exemplo, descobriu ao auge dos seus vinte e um anos, que seus problemas e crises emocionais não interessavam há outras pessoas - nem mesmo à aquelas que diziam ama-lá - que teria de controlar seu caos sozinha. E isso foi mais doloroso do que você pode imaginar, eu explico, Nina  sempre teve ao seu lado uma amiga - sua única e melhor amiga - mas devido alguns novos acontecimentos, essa amiga partiu, não totalmente, mas Nina já não tinha mais o apoio dela e aquele lugar ficou parcialmente vazio. Sentia-se uma criança abandonada em um país estranho.

Quem diz que me entende nunca quis saber.

Legião Urbana.

Ela que sempre falava muito sobre tudo o que sentia, decidiu que deveria silenciar-se, e silenciou-se.

Contudo, suas crises aumentavam, seu caos tomava proporções gigantescas, mas nada saia do coração e boca de Nina. Implodia constantemente, perdia partes de si, mas não incomodava mais ninguém com suas agruras.

Nina e o silêncio, agora eram um casal, uma relação tóxica, já que o silêncio à sugava, maltratava, mas ela continuava achando que essa era a única opção, e talvez realmente fosse, ora, quem poderia ouvi-lá?

Foi assim, que ela - tão mais corajosa do que se poderia imaginar - começou a cuidar de sí mesma. O silêncio ainda existia, ela não contava sobre sí para ninguém, mas agora o silêncio era parte dela, ela aprendeu com ele e ele não machucava-a.
Nina não domou o silêncio, ele ainda ecoava pelo seu corpo - muitas vezes com fúria - mas vez e outra… ela conseguia abraça-lo e garantir a ele que ele era bem-vindo ali.

Nina, só lamentava as palavras que foram jogadas fora anteriormente, tantos desabafos e nenhum alívio. Agora o alívio também não víria, mas não haviam arrependimentos, pessoas torturadas com seu descontentamento, e menos ainda julgamentos.
O silêncio não julgava-a, ele muitas vezes aumentava a potência da dor, mas se é pra doer, que doa, não é?