Já faz uns dois meses que não vejo Nina. E as vezes sinto falta dela, lembro-me de como era divertido estar com ela, até mesmo quando ela me irritava, e talvez nem fizesse isso de verdade. Era uma forma de me proteger, não gostar dela da forma que ela queria. Tínhamos sintonia, eu sabia o que ela queria — mesmo sem ela falar — e ela sabia o que eu negava.
Sentir saudades é uma coisa que me deixa péssimo, e até agora eu não consigo aceitar que tenho saudades dela. Por quê eu sentiria saudades de alguém tão frágil? E que se orgulhava de ser assim…
Há umas quatro semanas atrás, ela ainda me mandava mensagens dizendo que sentia saudades, e eu? Eu mudava de assunto. Achava bobagem. Se hoje eu contasse pra ela que eu estou com saudades, não saberia dizer à forma que ela reagiria. Ela se distanciou tanto, que às vezes se parece com uma estranha, e não alguém que esteve aqui.
Ainda trocamos mensagens, mas são conversas superficiais, que acabam sendo breves. Antigamente ela implicava com minhas brincadeiras sem graça, agora ela somente envia “kkkkjjj”. Eu deixei de ser importante pra ela, eu sei, e nunca vou culpá-la. Ela queria muito de mim, e quando percebeu que eu não daria quase nada à ela, ela perdeu a fé que havia depositado em mim. Mas hoje eu sei que nada pude dar à ela, porquê eu não tinha nada, e acredito que ela também saiba, ela sempre sabe.
Semana passada me questionei se ainda pudesse dizer algo à Nina sobre o que fomos, o que eu diria...
“Nina.
Eu não sou bom com textos, e você não lerá este. Mas eu queria desabafar, coisa que eu nunca senti necessidade de fazer, mas… Nina, você muda as coisas.
Você me mudou, quebrou todas as barreiras que eu criei para me proteger, de qualquer pessoa que viesse como você veio: com amor.
Você esteve dentro do meu coração, e eu não sabia o que fazer, então eu corri, eu te afastei. E te deixei sem entender nada.
Nina, você chegou perto demais.
E eu fui um covarde.”Eu fui um covarde… foi ali que travei, não consegui escrever mais nada, eu caí em mim, eu ainda poderia insistir, contar pra ela sobre meus sentimentos... mas, eu não devia. Por quê?
Nina era demais pra mim. E mesmo que ela pudesse me ver como alguém grandioso, eu me sentia pequeno. Pequeno demais pra qualquer pessoa. Principalmente para ela.
E o que acontece agora?
Eu vou dormir e talvez um dia eu volte. Mas, por favor, diga à Nina que foi um prazer passar esse tempo com ela, e que antes de adormecer está noite, eu vou olhar pro céu.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Nina
Literatura FemininaÁs vezes em uma única mente existem centenas de outros "eus", tendo cada um deles sua história, sentimentos e comportamentos específicos. Eu suspeitava que existiam outros "eus" dentro de mim. E um dia os conheci. Este livro fala sobre "Nina", e e...