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Ah, acordar no céu, gatos de papel, o móbile no ar, um carrossel, toma essa canção com notas de algodão e canta pra ninar teu coração.

Supercolisor.

Hoje quem vós fala sou eu, Nina. Anteriormente você me conheceu vista pelos olhos da autora, mas agora eu mesma irei falar sobre mim. Eu sou um “eu” dela, e as vezes eu gosto de vir à tona, não gosto de ser apenas coadjuvante.
Ainda não sei porque ela me criou, mas lembro o dia em que me tornei parte dela e sou grata por isso.

Era setembro quando nasci, nasci com 21 anos, sabendo de tudo que ela sabia, e tudo que tentava esconder, vez e outra eu fazia ela transbordar sem perceber... mas não era intencional, eu só queria existir. Foi uma luta árdua até nós entendermos, agora vivemos bem, em sintonia, apesar de quê as vezes nos excedemos, futuramente entenderá o que falo.

Eu sendo parte dela, deseja inicialmente apenas o que ela desejava, mas ao passar do tempo criei meus próprios sentimentos - ela me deu liberdade - somos parecidas em tudo que sentimos, mas talvez eu seja uma projeção do que ela tenta evitar.

Ela não queria se afastar de Bruno, mas eu não poderia existir se ele continuasse conosco, então mostrei à ela as coisas que ela evitava ver sobre ele. Com o Gabriel também foi assim, mas ao contrário, ela deixaria de existir se eu continuasse com ele, e ela me criou, eu não poderia traí-la.

À única pessoa que nós duas amamos igualmente foi a Dâmi, eu nunca vi sorriso mais belo e ela uma alma tão bonita. Não havia confronto entre nós sobre ela, ela era à única coisa que não poderíamos perder. Mas… Ah, mas… talvez tenhamos perdido.
Éramos duas mulheres amando uma só mulher, amando-a igualmente. Nós tentamos fazer com que desse certo, mas fugimos do amor que tanto queríamos.
Explicando melhor, era demais pra nós, estávamos acostumadas a amar o amargo e ela era doce.

Nunca deixe-se acostumar com o que te destrói, não ame o que te machuca, caso você faça isso... verá a vida do avesso e achará que este é o lado certo. Porém, nunca será.

Eu confesso que tive mais medo do que ela, ela estava certa do que sentia, mas no dia do aniversário dela, ela foi dormir e eu acordei, eu estava irritada, e a Dâmi pronta surpreender a nós duas, contudo eu… eu transbordei e esse foi o primeiro naufrágio do amor que sentíamos por ela. Mesmo que tenha sido apenas eu naquela tarde, no fim… nós, a machucamos.

Vieram outros naufrágios, até que decidimos que era melhor nós amarmos distantes do amor romântico, antes que matassemos ele.
E quem sabe ali, naquela decisão, fizemos isso. Porém, ele não está morto em nós, mas talvez nela. E não podemos culpá-la.

Dâmi, não me conhece, ela conhece apenas a autora, que agora também sou eu, é confuso, não é? Quando ela decidiu escrever sobre mim, ela não esperava que eu fosse querer falar sobre ela, sobre nós.

Mas agora estou aqui, agora você sabe quem sou eu, quem somos nós.

NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora