Paris

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— Ah, fala sério. Com tantos momentos para você aparecer, você me aparece em Paris, cara? Que dia é hoje, pelo amor de Deus? Uma semana adiantada?

Fiquei possessa de ter ficado menstruada na França. Eu tinha planos tão bons para botar em prática... Balancei a cabeça e resolvi que não faria a louca pirada-tarada, para variar. Estava em Paris, pelo amor de Deus! Há muitas coisas a serem feitas na cidade além de sexo. Não seja um clichê ambulante, Lena.

Tomei um banho, coloquei uma calça de malha estampada, uma blusa preta de minha autoria, fiz uma escova no cabelo e saí do quarto pronta para convidar Gabriel para um passeio pela cidade incrível que brilhava lá fora! Transar não rolava, mas dar uma volta, por que não?

Bati na porta do quarto do segurança e sorri quando ele abriu vestindo seu pijama xadrez e camisa branca de sempre.

— Segurança, tô com o dia de folga! — eu exclamei.

— Eu sei, Costureira — ele respondeu com um sorriso no rosto.

— Eu quero conhecer Paris, quer ir comigo? — perguntei, animada, apesar de meu útero ter estragado as possibilidades sexuais do dia de folga.

Gabriel pareceu hesitar por um momento, e eu imediatamente me arrependi de ter feito o convite. Será que me precipitei e forcei uma intimidade que ainda não existia?

Ai, droga, o que eu faço agora? Odeio esses climões!

Por sorte, meu celular tocou, me tirando do leve embaraço causado pela hesitação do segurança. Olhei a tela e vi que era Betty, então atendi com minha saudação profissional de sempre.

— Lena.

— Ei, garota, tá ocupada? Quer dar uma volta comigo e Erika? Tony não acordou ainda, mas nós duas bastamos, não bastamos?

Olhei para Gabriel e contive um suspiro de alívio. Salva pelo gongo!

— Claro que sim! Que horas?

— Agora! Se arruma, já estamos no saguão do hotel te esperando!

— Ok! Já estou arrumada, vou descer já!

— Venha!

Desliguei o telefone e disse para Gabriel, que tinha no rosto uma expressão confusa:

— Precisa mais não, Gabriel, vou sair com Betterika!

— Hein? Vai sair com quem?

— Betterika! Betty e Erika! Te vejo amanhã, tchau! — disse e soprei um beijo antes de correr pelo corredor do andar até chegar no elevador.

Suspirei quando Gab saiu do meu campo de visão e me recriminei em pensamento.

É, Lena, pega leve na animação. Vocês são colegas de trabalho, não namorados, não dá para achar que ele sempre vai querer tua companhia, assim como você nem sempre vai querer a dele. Burra.

Cheguei no saguão e fui recebida pela vocalista e sua segurança, que sorriram ao me ver. Pegamos um táxi na porta do hotel e fomos desbravar as belíssimas ruas de Paris, começando pelo Louvre. Clássico passeio de turista, claro.

Tirei um monte de fotos e fui guardando todas as revelações em um caderno que comprei exatamente para essa função: não me deixar perdê-las. Selecionei uma delas e postei no Instagram, como prometido, já imaginando a reação de Sophia ao me ver de calça saruel. Era provável que minha sócia me deserdasse.

De lá, fomos para a Torre Eiffel, o que, por incrível que pareça, não foi exatamente emocionante para mim. Convenhamos, depois de anos morando no Rio de Janeiro, a gente passa a não achar tanta graça de certas vistas. Paris era belíssima, claro, mas nada se compara à vista do Corcovado. Que os franceses me perdoem, mas um fato é um fato.

Amor nas AlturasOnde histórias criam vida. Descubra agora