Zurique

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Os shows no estádio em Zurique foram ótimos. O público estava exultante, a banda, animada e tudo correu perfeitamente bem com os figurinos. Pierre arrasou nos penteados e maquiagens, então não houve um único membro da banda que não estivesse deslumbrante.

Quando os shows terminaram, Ricky Tiozão da Sukita nos deu um dia e meio de folga antes da viagem para a próxima cidade, Bruxelas, na Bélgica. Feliz da vida, subi até meu quarto, tomei um banho rápido, organizei minhas pesquisas de tendência e peguei meu notebook, já montada no desejo de arrastar Gabriel para um shooting range e provar que também sabia manejar uma Glockinha.

Fiz umas pesquisas rápidas sobre clubes de tiro e descobri que a quantidade de locais ao redor de nosso hotel onde eu poderia alugar uma arma e fuzilar um modelinho de papel era enorme. Era quase um para cada vilarejo, cada um com suas regras e preços. Que país curioso é a Suíça...

Escolhi um indoor que trabalhava apenas com pistolas e que tinha regras mais suaves para estrangeiros. Agendei tudo por telefone, toda empolgada. Iria mostrar a Gabriel que não eram só seguranças de coração gelado que tinham boa pontaria. Costureiras de coração alinhavado também tinham, e como tinham.

Minha segurança murchou quando me lembrei que não pegava em uma arma para atirar havia uns bons anos, enquanto Gabriel pegava em uma diariamente e fora treinado para isso. Esqueci desse detalhe. Imediatamente saquei meu celular e iniciei uma chamada de vídeo.

— Olá, Maria, minha pequena. Como estão as coisas aí? Onde você está? — meu tio exclamou, parecendo genuinamente contente ao falar comigo.

Em geral, ele era tão sombrio e esquisito ao telefone, que não resisti e soltei uma risada ao ver o velho rabugento feliz.

— Oi, tio! Estão ótimas, e aí? Eu estou na Suíça!

Meu tio arregalou os olhos e abriu um sorriso imenso.

— Suíça? Eles têm clubes de tiro incríveis aí!

— Eu sei, tio, eu vou em um em breve.

— Essa é a minha Mariazinha! Sabe que a Suíça é o segundo melhor país para se ter porte e...?

Sorri e quase rolei os olhos enquanto ele disparava a falar sobre pistolas, calibres, fuzis... Mais armamentista impossível! Ô homem louco!

— Tio, não querendo te interromper, mas já interrompendo, é exatamente sobre isso que eu queria falar. Você tá ocupado?

— Não, pode falar, pequena!

Sorri satisfeita e perguntei:

— Tem como você bater um papinho comigo, só para eu lembrar um pouco de algumas coisas sobre Glockinhas e suas amiguinhas?

***

Horas depois, estávamos indo, Gab e eu, para o clube: eu, exultante, ele, não tão animado assim.

— Gab, o moço no telefone me disse que eles só trabalham com pistolas, mas caso você queira outro tipo de arma, você pode levar, contanto que assine um formulário imenso e...

— Você gosta tanto de armas assim, Costureira? — ele me perguntou com a voz séria.

— Não, gosto da ideia de sair com você e mostrar que eu sei mais do que apenas segurar sua arma — respondi, risonha. — Ó, acho que é ali, vamos entrar?

Gab torceu os lábios, mas entrou atrás de mim no shooting range.

Meia hora mais tarde, depois de assinar uma papelada sem fim, escolher as pistolas e pegar os protetores de ouvido, fomos levados até uma espécie de sala reservada, com apenas algumas divisórias e bancadas. O instrutor que nos acompanhava nos perguntou se aquele ambiente estava bom, e eu respondi por nós dois que estava ótimo. Olhei ao redor e vi que era tudo no estilo industrial, com paredes de tijolos, canos aparentes e suportes de luminárias feitos de metal. Muito bonito e aconchegante.

Amor nas AlturasOnde histórias criam vida. Descubra agora