Oslo

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— Ei, Costureira!

Parei de conferir uma planilha de peças e me virei para ver quem me chamava pelo apelido que Gab me dera. Não era exatamente comum alguém me chamar assim, então estranhei. Diego, em todo seu esplendor carismático, vinha em minha direção, me cegando com seu sorriso brilhante.

— Oi, Diego... Prefiro quando você me chama de General ... — disse com um sorriso tímido enquanto desligava meu iPad, o guardava na bolsa e me preparava para ir embora da casa de shows em Oslo.

— Jura? Mas o Gabriel te chama de Costureira...

Abri a boca para responder, mas fui interrompida antes de soltar a primeira palavra.

— É, mas é o Gab, querido! Tem uma diferença enorme entre ele chamar de Costureira e você chamar de Costureira... — Aline apareceu ao lado de Diego e comentou, toda risonha.

Devo ter corado bastante, pois os dois se entreolharam e começaram a rir. Revirei os olhos e ajeitei as alças de minhas bolsas nos ombros, pegando minhas pesquisas de tendência em cima da mesa e voltando para perto de Diego.

— O que você queria falar, Diego?

— Ah, sim! Nós vamos pedir pizza e beber umas no quarto de Jim, quer vir?

— Pizza? Claro que quero! Que horas?

Comer algo que não exigisse o uso de garfo e faca era sensacional para quem tinha uma mão imobilizada. Já tinha sido constrangedor demais pedir a Gabriel que cortasse meu bife em um jantar com a banda toda.

— Ah, assim que chegarmos no hotel! Tony encontrou uma pizzaria que funciona até as quatro da manhã, então ela já fez os pedidos. Faltam... — ele disse e olhou as horas no celular — dez para as três, então vai dar certinho tempo de chegar no hotel e comer tudo quentinho.

— Perfeito! — exclamei, animada.

Adorava os momentos em que todos se reuniam por motivos alheios ao trabalho. No início, eu recusava educadamente, mas Tony passou a me puxar quase pelo cabelo e mandou que eu parasse de me isolar da banda. Sua atitude foi maravilhosa, porque eu passei a me divertir como nunca com todos, mesmo com os que eu não tinha tanta proximidade, como Jim e Aline.

O efeito do café tomado no início do show começou a passar, e eu coloquei a mão na boca para esconder um bocejo assim que Diego e Aline rumaram para a saída. Esfreguei os olhos, borrando meu delineador todo sem perceber, e tirei meus saltos, sentindo o chão frio relaxar meus pés cansados.

— Não sei por que você vem trabalhar de salto, Costureira. Toma — Gab apareceu do meu lado e me entregou um copo de café. Gemi de prazer ao sentir o cheiro maravilhoso da bebida e larguei as bolsas e os sapatos no chão para pegar o copo com as duas mãos.

Bebi o café quase todo de uma vez, ainda que soubesse que esse tipo de impulso não era muito bom. Na verdade, eu não me importava muito, estava delicioso, sem açúcar e muito forte. Provavelmente era café de torra escura, pelo amargor que senti. Não que fosse um amargo ruim, apesar de ser torra escura, era... Bom, levanta-defunto, exatamente o que eu precisava.

— Obrigada, Segurança. Acabou de cumprir suas tarefas?

— Sim. Erika já está com Betty e Tony na van, vim buscar você — ele disse com a expressão neutra de quem estava com o Modo Segurança ativado no nível hard.

— Ah, sim! Ok, vamos! — disse e peguei meus sapatos e minha bolsa no chão.

— Não vai calçar os sapatos? — Gab pegou a bolsa da minha mão, e como de costume desde meu acidente, não retruquei, já que carregar qualquer coisa com a mão imobilizada estava sendo chatinho, para meu desgosto.

Amor nas AlturasOnde histórias criam vida. Descubra agora