Presentinhos

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Erika, Betty e eu retornamos ao hotel quase no fim do dia, cheias de sacolas de compras de um monte de lugares além do brechó. A segurança, apesar de dizer que não gostava de passeios de moda, acabou comprando um monte de roupas. Betty também se empolgou e voltou cheia de peças novas.

Eu, entretanto, não comprei muita coisa além do que havia escolhido no brechó de garagem. Precisei comprar os infames chaveirinhos de Torre Eiffel, pois, segundo Anastácia, advogada da Wings, "se eu não levasse os chaveiros, não poderia nunca dizer que fui uma turista completa". Mas, fora eles, comprei apenas uma linda prensa francesa e copos térmicos.

Assim que cheguei no quarto, arrumei tudo e fui tomar um banho. Uma hora depois, alguém bateu na minha porta. Era Gabriel, que abriu um sorriso ao me ver usando a roupa que sempre fazia par com a dele: camisa branca e calça de pijama xadrez.

— Ocupada, Costureira?

— Não, mas menstruada — disse e dei um sorriso desanimado.

Gab fez uma careta de tristeza, mas entrou no quatro assim mesmo.

— Tira o sapato na entrada — eu mandei e fui para a cama terminar de arrumar as peças compradas no brechó.

— Fizeram compras? — ele disse, olhando o monte de roupas dobradas e empilhadas na mesa de cabeceira do quarto.

— Sim! Tinha um brechó de rua cheio de coisas lindas, pertinho de onde estávamos. Olha, essa blusa não é a cara da Erika?

— Não entendo nada de roupas, mas... Não tá meio grande não?

Revirei os olhos e dobrei a blusa de volta, indo guardar a pilha de compras.

— Erika disse a mesma coisa, vocês esquecem que eu sou costureira, é? Enfim, quer café? Comprei um copo térmico e pedi para um garçom do restaurante encher até a boca. Acabei não tomando tudo...

— Sem açúcar? — ele perguntou, sorrindo.

Fui pegar o copo com dupla vedação e todas as frescuras que me custaram bem caro, mas que estavam valendo cada centavo.

— Claro. Toma — estendi o café para ele, que pegou e avaliou o copo, sentando-se na minha cama, na beiradinha, quase de modo respeitoso.

— Bonito copo. É térmico mesmo?

— Sim! Não é incrível? A tampa é de rosquear, não pinga nenhuma gota, olha — disse e virei o copo de cabeça para baixo em cima dele, rindo ao ver sua expressão chocada. — Teste de confiança, hein, Segurança? Toma, é só apertar aqui e ele abre.

Voltei a guardar as roupas enquanto olhava Gabriel beber o café e voltar a analisar o copo.

— Gostou, Gab?

Ele me olhou e deu um pequeno sorriso antes de responder:

— Sim, bastante. Achei prático. Onde você comprou? Acho que vou comprar um para mim...

Soltei o ar pelo nariz rapidamente, numa risada contida, peguei minha bolsa do chão, tirando uma caixa de papelão colorido com o desenho do copo estampado.

— Imaginei que você ia querer, comprei dois. Quer preto ou azul?

Gab ergueu as sobrancelhas e me olhou com uma certa surpresa no rosto.

— Bom, não vai escolher, então eu fico com o preto. Já usei mesmo — disse e joguei a caixa para ele, que pegou no ar e me olhou de novo.

— Ah... Obrigado.

— Nah, não precisa agradecer. Foi ideia da Erika, eu pensei que você poderia gostar, mas não quis trazer porque não queria que você pensasse que... Enfim, ela disse que você não ia pensar besteiras sobre meu presente. Como ela é sua ex, confiei nela.

Amor nas AlturasOnde histórias criam vida. Descubra agora